Aluno 85 e Aluno 82
RESUMO
O
processo de leitura e escrita em contexto acadêmico é uma ferramenta de extrema
importância no que concerne a linguagem acadêmica e o processo envolto na
construção de sentidos. Este artigo objetiva analisar de forma qualitativa o
processo de desenvolvimento em produções textuais de diferentes gêneros
elaborados por estudantes da graduação do curso de Letras. Essa análise possui
como aporte teórico, a definição de textos e qualidades discursivas,
principalmente a concretude. Os dados que compõem o corpus da pesquisa resultam de um apanhado de produções textuais
realizadas por alunos do primeiro ano do curso de Letras. Os resultados a
seguir, sugerem que processo de desenvolvimento dos alunos-autores, depende do
gênero textual abordado, qualidades discursivas e experiências anteriores.
Palavras-chave: Produção
textual; Processo de escrita; Leitura; Concretude.
INTRODUÇÃO
No presente trabalho será apresentado o processo de escrita e reescrita
que envolve a produção textual de diferentes gêneros, elaborados por estudantes
do curso de Letras da UFRGS ao longo do primeiro semestre de 2016 na disciplina
de Leitura e Produção textual. O artigo preocupa-se com o processo de
aprendizagem cujos textos, autores e
interlocutores estão interligados. Para tal análise, é necessário elucidar
posteriormente, a diferença entre tipologia textual e gênero textual.
Sob esse ângulo, este trabalho irá descrever e discutir as qualidades
textuais que devem ser observadas durante a leitura de um texto. Essas
qualidades discursivas são unidade temática, objetividade, concretude e
questionamento. Nessa perspectiva, o escopo do trabalho será a observação e
análise da concretude contida nos textos, pois é por meio dessa que é possível
visualizar de forma imagética os cenários e situações descritas nos textos.
Nesse
sentido, o artigo está organizado em seis seções. Sendo essas após a presente
introdução, a segunda seção, que esclarece os conceitos e teorias utilizados
para dar embasamento à pesquisa. A terceira parte se refere à metodologia
utilizada para elaborar a quarta seção que trata da análise dos dados obtidos
ao longo das propostas. A quinta parte, trata das referências utilizadas ao
longo do trabalho e por fim, encontram-se as considerações finais acerca desta
pesquisa e da disciplina em contexto geral.
REVISÃO
TEÓRICA
O processo de escrita e reescrita das produções textuais possui como
escopo tornar os autores (alunos) cientes de seu próprio processo e
desenvolvimento, no que tange à produção textual de diferentes gêneros, além de
levantar discussões acerca das habilidades e qualidades nos textos lidos e
criticados (de forma construtiva), as produções dos colegas, tendo em vista a
busca da textualidade ou seja, fazer com que a sequência de frases constitua um
todo significativo. Durante as aulas de produção textual, foram abordados,
diferentes gêneros textuais, todos eles, com relevância para o meio acadêmico,
são esses: apresentação pessoal, narrativa, descrição, memorial e artigo de
opinião.
Nesse cenário, é
fundamental que se observe o texto como um processo, pois ao produzir um texto,
estamos sempre reorganizando nosso conhecimento de mundo. Koch (2009) afirma
que, ao produzir um discurso, o homem se apropria da língua, não só com o fim
de transmitir mensagens, mas principalmente com o objetivo de agir no mundo, de
interagir socialmente, de se constituir como ‘eu’ (e como interlocutor ao mesmo
tempo) de um outro que é, por sua vez, constituído do próprio ‘eu’. Essa ação
ocorre por meio do jogo de representações e de imagens recíprocas que os
agentes estabelecem. Dessa forma, o interlocutor também faz a diferença, e o
processo de construção do texto acontece como um ato de interação que pressupõe
fatores pragmáticos e cognitivos. Com isso, os interlocutores processam o mundo
e o organizam linguisticamente, de acordo com as intenções dessa construção
chamada texto.
Na primeira tarefa, os
alunos deveriam elaborar uma apresentação pessoal. O cerne dessa tarefa, era
que os estudantes aprendessem a se descrever, de forma clara, concisa e com
pouca subjetividade, além disso, o texto também deveria despertar o interesse
do leitor. De forma geral, poucos alunos atingiram completude solicitada pelo
gênero logo na escrita, isso ocorreu talvez por falta de conhecimento prévio
sobre o gênero textual. Essa proposta, serviu para que os estudantes tivessem um
primeiro contato com a escrita acadêmica e também fazer com que a professora
tomasse ciência do nível em que os mesmos se encontravam.
A apresentação pessoal
é um tema com relevância no que se refere ao processo de aprendizagem, pois o
autor (aluno) torna-se o centro de sua produção, fazendo assim, com que a
tarefa seja algo difícil, visto que esse, é o primeiro contato com a produção
textual acadêmica. Sob esse ângulo, nessa primeira tarefa, os alunos percebem a
necessidade de uma unidade temática nos textos, a fim de que sua leitura possa
ser seguida de forma linear. Guedes (2009, p. 94) ressalta que se um texto não
possui unidade temática, ele pode conter de tudo um pouco, mas certamente
contém de tudo muito pouco.
Nesse sentido, surge a
concretude que é um dos aspectos mais importantes dentro de um texto, uma vez
que eleva um texto totalmente abstrato a algo que todos possam compreender o
sentimento do autor, fazendo uso de exemplos concretos, o leitor cria a imagem
acerca do que o autor que retratar. A concretude é o que torna um texto peculiar,
isso porque cada pessoa tem sua forma de imaginar e sentir.
Nessa
ótica, a questão imagética do texto está atrelada a concretude, pois o mesmo
texto pode ter infinitas interpretações para cada leitor levando em
consideração suas experiências e conhecimento prévio de mundo. O texto que
possui imagem, permite ao cérebro do leitor a experimentação dos sentidos e
imagens descritas. Nas ocorrências em que a concretude não é bem desenvolvida,
a leitura torna-se algo muito abstrato e maçante, afastando o interesse do
leitor sobre aquele texto. Além disso, é preciso que a produção textual levante
um questionamento que gire em torno da unidade temática do texto, pois caso
contrário, autor e leitor não terão interesse na problemática. De acordo com
Guedes,
“A construção de
um texto gira em torno de chamar a atenção do leitor e, por consequência,
provocar o que há de mais profundo nele, o que termina em interesse mútuo. Não
faz sentido construir algo para não ser visto, para não ser lembrado.”.
A segunda tarefa consistia
na construção da narração de um fato que, posteriormente, gerara algum
aprendizado para o autor (aluno). Além das qualidades discursivas supracitadas,
a narrativa necessita de um fato que permeie o
texto, pois esse fato está entre o comportamento existente antes de sua
ocorrência e o comportamento diferente após essa ocorrência durante o texto,
isso é o que torna a narração um gênero textual intrínseco.
Na terceira tarefa, a
proposta discutida em aula era sobre a elaboração da descrição de um processo
do cotidiano. Essa proposta, requer dos autores de forma direta e concisa, a
concretude, fazendo com que o leitor criasse a imagem do que está ocorrendo e a
vontade de continuar a leitura. Nesse âmbito, situar o leitor no espaço e no
tempo da descrição é algo crucial para manter o interesse e a unidade textual.
Durante a penúltima
tarefa, o memorial, o objetivo era fazer com que o autor conseguisse retratar
uma trajetória sua dentro de um momento de leitura. Essa trajetória, teria como
escopo relembrar o primeiro contato, ou o mais marcante com a leitura de alguma
obra. A didática por trás dessa tarefa era passar aos estudantes o relato de
experiências vividas, que estruturam o estilo do autor na atualidade.
A última tarefa, tem
como propósito, o processo de formação da argumentação. O tema abordado era
para que o aluno treinasse o seu ponto de vista sobre o tema decidido em aula
"O tempo na vida dos estudantes universitários". Com isso, o texto
deveria trazer em seu corpo, argumentos a favor e contra a teoria do autor.
Nesse sentido, o aluno deveria buscar seus argumentos por meio de citações,
pesquisas e teorias para que assim, pudesse formular um problema e respondê-lo
embasado na defesa de seu ponto de vista. Além desses pontos, há outro elemento
fundamental que deve ser analisado ao construir um texto
dissertativo-argumentativo, a coesão. Segundo Fávero “ ... há certos itens na
língua que têm a função de estabelecer referência, isto é, não são
interpretados semanticamente por seu sentido próprio, mas fazem referência a
alguma coisa necessária à sua interpretação” (FÁVERO, 2009:18).
METODOLOGIA DE PESQUISA
A presente pesquisa possui o corpus
composto pelas produções textuais realizadas ao longo do primeiro semestre de
2016 na disciplina de Leitura e Produção Textual e como embasamento o material
disponibilizado pela professora. A disciplina tem como objetivo a elaboração e
leitura de textos pelos alunos para que, munidos de autonomia e criticidade, os
estudantes possam elaborar críticas construtivas no que se refere aos textos
lidos e ouvidos em aula. Esses comentários, possuem o intuito de nortear o
autor rumo à melhor adequação de seu texto dentro dos gêneros abordados. Além
disso, também há a criação de um parecer por parte da professora juntamente com
as bolsistas da disciplina. Ao término da disciplina, foi proposto aos alunos a
realização de um artigo de análise comparativa dos textos, dando razão a
pesquisa envolta neste trabalho.
Durante a realização das aulas foram produzidos os gêneros apresentação
pessoal, narração, descrição, memorial e dissertação (artigo de opinião), cada
um desses, sendo corroborados com leituras em sala que continham os conceitos
teóricos com relação aos gêneros. A sistemática das aulas funcionava da
seguinte maneira, em primeiro momento, era entregue a primeira versão do texto,
que em seguida era corrigida. Após isso, era enviado aos alunos um parecer
sobre seu texto, que explicava como o mesmo poderia se adequar melhor ao gênero
textual discutido. Em seguida, os alunos entregavam uma reescrita do texto e um
“diário dialogado”, que servia como um resumo dos aspectos teóricos vistos em
aula. A seguir, para melhor entendimento, um esquema ilustrativo dessa didática.
Figura 1 - Fluxograma da didática das aulas
Nessas perspectivas, a pesquisa apresentada é de natureza qualitativa
interpretativa em linguística. Segundo Minayo (1995, p.21-22):
“a pesquisa qualitativa
responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais,
com um nível de realidade que não pode ser quantificado, ou seja, ela trabalha
com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e
atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações dos
processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de
variáveis.”.
Nesse sentido, percebe-se que a pesquisa qualitativa desse estudo
envolveu a obtenção de dados por meio dos textos realizados. Assim, é
enfatizado mais o processo de que o produto e, portanto, a preocupação está em
retratar a evolução dos participantes em cada etapa do proposto na disciplina.
O corpus a ser analisado compreende
no total de 20 (vinte) produções textuais elaboradas pelos alunos do primeiro
semestre do curso de Letras no ano de 2016 da UFRGS.
Sob essa ótica, o principal tema do presente trabalho
é analisar por meio de exemplos, o contraste entre a primeira e a segunda
versão dos textos, destacando suas evoluções (ou involuções) no que compete aos
gêneros discursivos e qualidades textuais, principalmente, concretude. Na
tabela abaixo, se encontram os gêneros trabalhados e seus respectivos títulos,
de dois autores (estudantes), A e B, respectivamente.
Proposta nº
|
Gênero Textual
|
Título do Autor A
|
Título do Autor B
|
I
|
Apresentação pessoal
|
Escrita: Prazer, eu!
Reescrita: Prazer, eu!
|
Escrita: Um misto de paixão, explosão, insegurança e o elemento X.
Reescrita: Duas paixões, meu elemento X.
|
II
|
Narração
|
Escrita: A vida vive.
Reescrita: A vida é bela.
|
Escrita: Tarefa 2.
Reescrita: REESCRITA PROPOSTA 2.
|
III
|
Descrição
|
Escrita: O dia do nascimento.
Reescrita: O dia do nascimento.
|
Escrita: A missão de almoçar no Restaurante Universitário (RU)
Reescrita: A missão de almoçar
no Restaurante Universitário (RU) para carnívoros.
|
IV
|
Memorial
|
Escrita: Memorial de leituras.
Reescrita: Memorial de leituras.
|
Escrita: Primeiro contato literário com Alice.
Reescrita: Primeiro contato literário com Alice.
|
V
|
Dissertação (Artigo)
|
Escrita e Reescrita: Falta de tempo na vida
universitária.
|
ANÁLISE DOS DADOS
Para perpassar todas as unidades discursivas em um texto, esse deve ter
um fio condutor que deve percorrer todo o texto; deve ser um texto claro, o
autor deve expressar suas ideias de forma objetiva, para que seu interlocutor
possa entender aonde se quer chegar com este texto; deve ter se um
questionamento e uma resposta para este e envolvendo tudo isto, o texto deve
apresentar exemplos para que não fique abstrato. Essa unidade discursiva é
denominada concretude.
Nesse item será analisada a unidade discursiva
referente à concretude, com exemplos dos autores (alunos) A e B na disciplina
de Leitura e Produção Textual, em cinco propostas, a apresentação pessoal,
narrativa, descrição de um processo e um artigo de opinião envolvendo o tempo
dos estudantes universitários.
Exemplo I- Autor
A.
Escrita da
proposta I - Autor A
|
Reescrita da
Proposta I - Autor A
|
"A única forma que encontrei de fazer
uma autoanalise é lendo meus textos, não são feitos com o intuito de me
descrever a cada linha, mas minha escrita é o espelho da minha personalidade,
o espelho da minha alma. Em meu blog, sem ao menos notar exponho meus
sentimentos e uma parte de mim maior do que eu queria, nas palavras que
escrevo está expresso meu amadurecimento, minha teimosia, insegurança e meu
desejo constante de abraçar o mundo".
|
“Existem duas personagens que me descrevem
muito bem. Uma é intitulada como ‘Principesca’, uma moça romântica, corajosa,
dona de um mundo no qual ela é a princesa e ajuda a todos.
A outra personagem é intitulada
como ‘Morta-viva’, de ‘Confissões de uma morta-viva’. Esta escreve suas
experiências, está ciente de sua realidade, sabe que a morte lhe é próxima.”
|
Esse exemplo é o texto da proposta I que trata de uma apresentação
pessoal. Nota-se que o autor A, no primeiro trecho, relata ter um blog e diz
que a única forma de fazer uma autoanalise é lendo seus textos, mas não se
encontra um exemplo concreto que afirme isso, o autor não consegue expressar
suas características em algo palpável. Assim, o interlocutor não pode identificar
que aquelas características são especificas dessa pessoa, pois não existem
exemplos suficientes para fortalecê-las.
Já em sua reescrita encontram-se exemplos de por que ele podia se
autoanalisar, nesse trecho, o autor consegue comparar suas personagens com suas
próprias características pessoais, fornecendo peculiaridade para o texto.
Exemplo II -
Autor B
Escrita
Proposta II - Autor B
|
Reescrita
proposta II - Autor B
|
“Eu
estava com muita pressa (como sempre) e não queria ter todo o trabalho de
trocar as bolachas de pote.”.
|
“Eu
estava com muita pressa (como sempre), pois logo iria escurecer e carros
começariam a circular com mais constância pela rua além disso, não queria ter
todo o trabalho de trocar as bolachas de pote...”.
|
Este texto relata a proposta II, que consiste em uma narrativa sobre uma experiência
que se tornou um aprendizado. No primeiro trecho, o autor diz que está com
pressa, mas não desenvolve argumentos para fortalecer essa ideia. No segundo, o
autor consegue criar uma imagem e dizer o motivo de sua pressa, a criação de
imagem que faz parte da concretude já pode ser encontrada.
Escrita da proposta III - Autor A
|
Reescrita da
proposta III - Autor A
|
“Estou sentada, olho algumas revistas, vejo
bebes nas fotos, me pergunto quando chegará o meu.”.
|
“Estou sentada em meu sofá, olho em volta,
a casa já está toda adaptada para a chegada do bebê. Na mesa de centro, pego
uma das várias revistas feitas para mães de primeira viagem. Vejo bebês nas
fotos, me pergunto quando chegará o meu”.
|
Esse exemplo relata a proposta III, que consiste em uma descrição de um
processo, no qual o autor A descreve o processo antes do nascimento de um bebê.
O primeiro trecho possui pouca concretude, descreve sua casa de forma rápida,
sem que o interlocutor possa imaginar como é a casa, ou seja, o aluno não
consegue criar imagens suficientes que possam dar consistência para seu texto. No segundo trecho, o autor consegue apresentar
imagens suficientes para que seu interlocutor consiga criar em seu imaginário o
cenário de uma casa adaptada para a chegada de um bebê.
Escrita
Proposta IV - Autor B
|
Reescrita
Proposta IV - Autor B
|
“Sob essa perspectiva, ao longo da leitura
percebi semelhanças entre o livro e o filme da Disney. Meu conhecimento prévio sobre a
história por trás do filme foi de grande valia para o entendimento de alguns
acontecimentos ao longo da obra”.
|
“Sob essa perspectiva, ao longo da leitura
percebi semelhanças entre o livro e o filme da Disney. Tais semelhanças são
mais evidentes no que se permeia às características físicas e psicológicas
dos personagens como, por exemplo, o chapeleiro maluco que em ambas as obras
é retratado como um homem
baixo, com uma cartola grande, além de ser um personagem cortês e carinhoso,
estando sempre acompanhado da Lebre Maluca.”
|
Esse texto retrata a quarta proposta que consiste em um memorial de
leitura. No primeiro trecho, o aluno diz que depois de ter lido o livro “Alice
no país das maravilhas”, notou características semelhantes entre livro e uma
versão em filme da Disney, mas não diz quais são elas.
No segundo trecho o aluno consegue descrever
as semelhanças por ele encontradas entre as duas obras, dos exemplos de
características físicas e psicológicas que permeiam tanto o livro quanto o filme,
de modo que nesse segundo trecho já existe uma concretude antes inexistente.
Escrita da
proposta V - Autor A
|
Reescrita da
Proposta V - Autor A
|
“Deste modo, um estudante de
renda baixa vê se obrigado a estagiar, porém a universidade federal
disponibiliza muitas cadeiras obrigatórias com horários difíceis de se manejar.
|
“Em uma entrevista realizada pela
Gazeta do Povo, uma aluna entrevistada diz quase ter desistido do curso
diversas vezes para poder trabalhar, “Pensei várias vezes em largar, por causa do trabalho” –
Neli Gomes da Rocha.
|
Este exemplo mostra a proposta V, que consiste
em um artigo de opinião delimitado pelo tema: “Tempo em relação aos estudantes universitários”. Neste primeiro trecho, o autor mostra
a dificuldade de permanência de um estudante de uma universidade federal que
possui renda baixa, porém não se baseia em nenhum dado concreto que possa
exemplificar e fortalecer essa ideia.
Em sua reescrita, o autor tenta elucidar essa
dificuldade de permanência, com um exemplo de uma estudante cotista em uma
entrevista, porém não foi um exemplo consistente o suficiente para esclarecer a
ideia que queria expressar. Abaixo, dois gráficos que exibem de forma
quantitativa a evolução (ou involução) dos casos vistos ao longo dessa
pesquisa.
Figura
2- Gráfico de desempenho do Autores A e B
RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante o semestre da cadeira de
Leitura e Produção textual, os alunos familiarizaram-se com as unidades
discursivas que um texto deve conter, os alunos também aprenderam como adequar a
linguagem textual para cada produção, considerando para cada uma delas o interlocutor.
A tarefa de escrever para um interlocutor não era conhecida até então, e,
portanto, os estudantes tiveram grandes dificuldades, pois tal tarefa requer a
construção imagens, dados que possam fortalecer as ideias dos textos,
peculiaridades, características essenciais para situar o leitor, a fim de que o
mesmo possa identificar o objetivo do texto, identificar que tais características
eram peculiares deste autor e não de outro.
O aprendizado de tais conceitos não
foi feito apenas com a leitura de textos de apoio disponibilizados pela
professora, mas também com o método por ela usado. A leitura em voz alta das
escritas e a recepção de críticas construtivas dadas pelos colegas foram de
extrema importância para que o aluno pudesse visualizar de outra forma o que
estava ausente em seu texto e enxergando o que estava ausente no texto do outro
poderia beneficiar em sua reescrita. O parecer dado posteriormente pela
professora junto das monitoras reforçava as ideias dadas pelos colegas, fazendo
com que o aluno recebesse uma boa base de como construir sua segunda versão.
Tal método ajudou muitos alunos a constituir e aprimorar as unidades
discursivas em suas produções textuais, principalmente a concretude, que foi a
maior dificuldade dos alunos A e B deste presente artigo. Por fim, é factível
ressaltar que uma aula interativa juntamente com a leitura de textos de apoio e
livros relacionados a cadeira de Leitura e Produção Textual, faz com que os
alunos possam criticar seus colegas de forma relevante, fortalecendo o
entendimento desses em relação ao conteúdo da escrita.
REFERÊNCIAS
KOCH, Ingedore. Ler
e Escrever: estratégias de produção textual. São Paulo: Editora Contexto,
2009.
FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. 11. ed. São Paulo: Ática, 2009. v. 1.
GERALDI, João Wanderley. O texto na sala de aula: leitura e produção. 5. ed. São Paulo:
Ática, 2011.
GUEDES, Paulo Coimbra. Da redação à Produção Textual: o ensino da escrita. São Paulo:
Parábola, 2009.
MINAYO, M. C. S. (Org.). Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade. Petrópolis: Vozes,
1995.
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