segunda-feira, 20 de julho de 2015

Novo orgão

Aluno 52
Reescrita


Passeio pela história
Em 1973 foi realizada a primeira ligação de um telefone móvel para um fixo, dando início assim a uma nova era. Aproximadamente dez anos depois, chegava ao mercado o primeiro telefone celular, o Motorola DynaTAC 8000x. Com a possibilidade de fazer ligações a partir de qualquer lugar, as pessoas ganharam uma liberdade nunca antes vista,  pois agora não precisavam mais estar em casa para receber ou fazer ligações. Os primeiros telefones produzidos, apesar de serem portáteis, não eram nada práticos de carregar, possuíam aproximadamente 1Kg e mediam em média, 30 centímetros.
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No início da década de noventa foi introduzida a segunda geração de aparelhos, com ela, veio uma tecnologia que mais tarde causaria outra revolução na indústria telefônica, a capacidade de mandar mensagens de texto. Essas eram bem limitadas, já que não podiam fazer uso de pontuação ou acentuação. Também na segunda geração, foi introduzida a possibilidade de acessar a internet e iniciado o processo de miniaturização dos aparelhos.
Geração 2.5
                                Internet
De início ela era bem modesta e não tinha grande utilidade, já que as páginas não eram feitas para celulares e não existia regulagem de zoom, servia basicamente para fazer o download de toques para o celular.

Mensagens
Com os telefones cada vez mais adaptados aos usuários, o serviço de mensagens começa a tomar força, depois de sofrer várias reformas, agora ele possibilitava até a inclusão de mídia nas mensagens.

Fusão de aparelhos
O público estava amando o telefone móvel e para alimentar essa fome por novidades, as empresas não paravam de agregar funções aos celulares. O MP3 e a câmera digital integram-se aos aparelhos de telefonia, agora você precisa carregar apenas o celular para poder tirar fotos e ouvir músicas.
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Nova evolução

Apesar de terem agregado inúmeras funções aos celulares, ainda faltava algo para fazer com que as pessoas preferissem se desfazer de um rim a se desfazer de seus celulares, algo que o tornasse indispensável em nossas vidas. Foi então que nasceu o “irmão” do celular, o smartphone. Seu mais famoso representante, o Iphone, trazia consigo tudo que seu irmão mais velho adquirira ao longo dos anos e ainda muito mais, esse novo órgão possuia: uma tela de toque, que possibilitava a interação facilitada, memória interna relativamente grande, câmera de qualidade razoável, bluetooth, wi-fi, que permitia que permitia acesso a uma internet de alta velocidade e um sistema operacional pensado para funcionar à favor do usuário.
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Com a introdução de tantos recursos, foi hora da internet se modificar, páginas passaram a ser criadas com esse público em mente, sites passaram a se dedicar exclusivamente aos smatphones, abrindo lojas de aplicativos e vendendo conteúdo ao qual somente eles tinham acesso.

A fronteira final

Por último, chegou-se a conclusão de que ter internet rápida apenas em casa não era suficiente, o serviço de 3G foi implementado para a alegria dos usuários, agora era possível utilizar o seu telefone ao máximo tanto dentro, quanto fora de casa.
Cecília, 17 anos, estudante: Meu telefone é minha vida, o único defeito dele é a bateria que por mais que carregue, está sempre acabando. Tenho tudo nele, lista de compromissos, fotos de viagens, músicas, e-mails, TUDO!
Com esse novo perfil de usuário estabelecido, as operadoras foram forçadas a se adequar para não perder dinheiro. Sua principal fonte de renda que primeiro foi as ligações e depois as mensagens, agora passava a ser a internet, com uma variedade gigantesca de planos, elas exploram esse mercado que não dá sinais de que parará de crescer tão cedo já que as pessoas se mostram cada vez mais viciadas e dependentes desses aparelhos.

CONCRETUDE, UNIDADE TEMÁTICA E PROBLEMAS DECORRENTES DE SUA FALTA EXEMPLIFICADAS EM TEXTOS UNIVERSITÁRIOS

Aluno 52

CONCRETUDE, UNIDADE TEMÁTICA E PROBLEMAS DECORRENTES DE SUA FALTA EXEMPLIFICADAS EM TEXTOS UNIVERSITÁRIOS

RESUMO: Este trabalho apresenta uma análise de duas das qualidades discursivas propostas por Paulo Guedes, sendo elas a unidade temática e a concretude. O objetivo foi averiguar a presença destes elementos nos textos elaborados no primeiro semestre de dois mil e quinze e as implicações para a compreensão do leitor do texto quando um ou ambos desses aspectos se mostram ausentes. As análises demonstraram que a inserção desses elementos nos textos se dá de forma processual ao longo do tempo, isso se demonstra a medida que as tarefas sob análise se mostraram influenciadas pelas que as precederam e os estudos desenvolvidos em cima destas.
Palavras-chave: concretude, unidade temática, análise de textos.

Introdução

Este trabalho está situado na disciplina de Leitura e Produção Textual. Essa disciplina constitui-se de um conjunto de conhecimentos teóricos e aplicados à leitura e à produção textual, tratando-as como processo, em que o contexto situacional e histórico, assim como os interlocutores são levados em conta.
O presente artigo é uma tentativa de discutir questões sobre unidade temática e concretude, suas presenças ou ausências nos textos desenvolvidos ao longo do semestre. Também são analisados os meios utilizados para corrigir os problemas que foram gerados quando estas não foram atingidas.
Este estudo organiza-se de modo a tentar facilitar a análise dos dados apresentados. Ao inserir no escopo do trabalho exemplos retirados dos textos analisados, busca diminuir a necessidade da consulta direta ao material anexo com a função de produzir uma leitura mais uniforme e fluida.

Revisão teórica
Segundo Guedes (2009) a unidade temática refere-se a contar apenas uma história, ter apenas um fato norteando o texto, independentemente do seu grau de complexidade. É impossível que um texto aborde algo em sua totalidade, então, devemos determinar uma ideia central para o texto e desenvolvê-lo a partir dela, caso contrário, o texto se torna nada mais que uma lista de fatos mais ou menos ordenada.
Ainda de acordo com Guedes (2009) a concretude é o elemento que torna possível a criação de significados de maneira fácil para a pessoa que está lendo o texto. Através de exemplificações, analogias e comparações, por exemplo, ele estabelece uma imagem do que está sendo descrito pelo autor do texto.
Tomando como base essas definições de concretude e unidade temática estabelecidas por Guedes (2009), esse trabalho se desenvolve. As análises feitas aqui, prosseguem de forma análoga as do livro onde usa como forma de exemplificar sua teoria textos universitários.

Metodologia

Esta é uma pesquisa qualitativa e foi desenvolvida ao longo do primeiro semestre do ano de dois mil e quinze. Os dados que serviram de base para a elaboração desse trabalho foram os textos desenvolvidos ao longo das cinco tarefas apresentadas na disciplina de Leitura e Produção Textual do curso de Letras da UFRGS. Essas tarefas foram desenvolvidas seguindo um método cíclico, onde uma primeira versão do texto era desenvolvida e entregue. Em seguida era feito um estudo mais aprofundado sobre as possíveis formas de desenvolver a tarefa proposta , esse estudo era feito após a entrega do texto com o objetivo de que produzíssemos textos não “engessados” dentro de um modelo estudado e que pudéssemos estabelecer uma relação concreta entre o material estudado e o por nós desenvolvido.
Feito isso, as produções textuais eram retornadas, acompanhadas de um parecer. Então, eram reescritas e entregues mais uma vez juntamente com um bilhete dialogado (espaço onde o aluno pode justificar as opções que fez para seu texto e fazer reflexões sobre a tarefa e disciplina). Esta ultima etapa (reescrita), deve ser repetida quantas vezes forem necessárias, até que o objetivo seja atingido.


Tarefas
Primeira entrega
Última entrega
Nº de reescritas
Nº de palavras v1/v2
Conceito
Tarefa 1
13/03
02/04
1
315 / 666
C+
Tarefa 2
23/04
07/05
1
717 / 699
A
Tarefa 3
07/05
11/06
1
409 / 534
A-
Tarefa 4
12/06
25/06
1
674 / 620
B
Tarefa 5
19/06
03/07
1
874 / 613
?
Tabela 1

Análise de dados

A primeira tarefa desenvolvida no semestre tinha como proposta realizar uma apresentação pessoal. Quando você para pra pensar nesse tema, a princípio essa tarefa pode parecer fácil, afinal de contas, o que você conhece melhor que você mesmo? No entanto, essa se mostrou a tarefa mais difícil, justamente pela quantidade enorme de informações que você tem a disposição para escrever. Por se conhecer tão bem e saber tantos detalhes a respeito de sua vida, acaba se tornando muito fácil para o escritor mudar o foco do texto. Além disso, deixa de explicar de satisfatoriamente elementos que aparecem no mesmo, pois esquece que o leitor não partilha do mesmo conhecimento sobre os fatos que ele possui.
Trecho do texto 1 de 13/03/2015.
Meu nome é Christopher, tenho dezessete anos, 1,85m, cabelo e olhos castanhos escuros. Moro em Charqueadas, onde cursei o ensino fundamental e médio, também lá, fiz um curso técnico em informática e um curso de inglês, ambos concluídos no último semestre.
Neste trecho é possível observar muitos problemas, porém o mais evidente é a falta de relação entre os elementos apresentados. Não existe algo que conduz esse texto, as características não possuem uma razão para se fazerem presentes, apesar de todos os elementos serem características do autor, não são parte de um enredo maior. Para atingir a unidade temática o texto deveria destacar uma dessas características como por exemplo a altura e se desenvolvesse a partir dela, como no exemplo que segue: tenho 1,85m e ser alto sempre foi um problema pois vivia batendo a cabeça...
Outro exemplo de problema está no seguinte trecho, também da primeira versão da tarefa 1.
Sou uma pessoa muito indecisa, perco muito tempo em tarefas simples do dia a dia [...] Na hora de escolher qual curso gostaria de fazer na faculdade, não foi diferente. Para mim as opções eram letras ou gastronomia, [...] No final das contas optei pelo curso de letras e deixei gastronomia como hobbie.
Neste trecho, o leitor não tem alternativa a não ser se perguntar o motivo dessa escolha. Nenhuma informação é fornecida a ele, de modo que ele não tem argumentos para elaborar uma teoria a respeito das razões que levaram a isso. Esses erros aconteceram, pois como mencionado antes, o autor esqueceu que o leitor não tem o seu conhecimento do assunto e também porque tenta encaixar muitos aspectos de si em um único texto.
Na reescrita da primeira tarefa o autor opta por mudar o foco do texto para o motivo de ter optado pelo curso de letras e tenta se apresentar através dessa história. Ainda assim, se perde em alguns momentos e, por vezes, foge do tema central, mas faz isso em poucos momentos se compararmos com a primeira versão do texto. Também ocorre de faltar com concretude na segunda versão em momentos que o autor faz uso de metáforas que não ficam claras para o leitor, como quando fala “tive professores tão maravilhosos que hoje posso dizer que falo grego quase fluentemente”, por exemplo.
A segunda tarefa desenvolvida tinha como objetivo a narrativa de uma situação importante. Nesse texto o autor opta por contar o dia de sua formatura e tudo que nele aconteceu. Mais uma vez ele peca, por criar um texto sem unidade temática e sem concretude. A falta de unidade nesse texto se dá pela efemeridade das descrições. O autor muda o foco do texto muitas vezes, narra diversas situações e não se aprofunda em nenhuma. Isso faz com que perca credibilidade com o leitor pois não transmite a real importância do que está acontecendo e a relevância do que está sendo apresentado para a situação como todo.
De certa forma, esse não aprofundamento nas situações é também a causa da falta de concretude do texto. Como é dito no parecer da tarefa, ao apenas mencionar ônibus, festa, terno, etc. O leitor acaba não conseguindo criar um plano de fundo para a história ou então, cria um plano de fundo baseado em suas experiências e não aquele que o autor do texto buscava transmitir. É preciso mostrar para o leitor o que se está querendo dizer, descrever com a maior quantidade de detalhes possível os conceitos apresentados no texto “Se isso não é feito, o leitor a eles atribui o sentido que que e acaba por ler não o texto, mas só o que já sabia a respeito do assunto” (Guedes, 2009, p.288).
Na reescrita dessa tarefa o autor opta por reduzir a quantidade de momentos abordados no texto e fala apenas do momento em que a formatura está de fato acontecendo. Essa decisão acaba fazendo com que o texto possua uma unidade muito maior que a primeira versão pois não fica dúvida que todos os momentos apresentados estão a serviço da narração da formatura. A concretude também é atingida, o autor faz a descrição das situações de modo a transmitir ao leitor a sua visão do ocorrido ao contrário da primeira versão onde em diversas situações o leitor fica livre para fazer a interpretação que quiser do texto. Veja os trechos a seguir:

Primeira versão da tarefa 2 “Saio correndo da UFRGS, mais feliz e desesperado do que nunca. Ao que tudo indica, agora sou um estudante universitário que nunca irá se formar no ensino médio”.
Reescrita da tarefa 2 “Meu coração está pulsando muito forte, mais que isso, ele está batendo. Batendo como se fosse fugir, como se quisesse abrir um buraco em meu peito e por ele sair. Não tenho para onde correr, há pessoas por todos os lados”.
No primeiro trecho, ao falar de desespero, o autor não descreve esse desespero o que faz com que o leitor não seja capaz de definir sua magnitude. Em oposição a isso, no segundo fragmento é possível saber exatamente o quão ansioso o autor estava pois ele descreve uma série de argumentos que criam uma imagem na cabeça do leitor.
Na tarefa 3 que tinha como objetivo realizar a descrição de um grupo social o autor, já influenciado pelas tarefas anteriores, faz o texto mais atento a concretude, podemos observar isso, nesse trecho retirado da primeira versão da terceira tarefa “Mesquinhos, feios, frequentemente associados com presidiários e em grande parte funcionários da Gerdau, esses são os Charqueadenses”. Nele o autor tenta começar o texto criando uma imagem dos Charqueadenses, mas acaba não sendo bem sucedido, pois faz uso de adjetivos muito amplos como feio e mesquinho. Afinal de contas, o que é ser feio ou mesquinho? Seria ser muito alto? Muito baixo? Muito gordo? Esses adjetivos abertos causam tanto problema quanto a falta de adjetivos, pois possibilitam diversas interpretações e prejudicam a comunicação do escritor e leitor. Apesar disso, é possível observar a evolução do modo de escrever através de situações como o final do texto onde o autor diz ser um Charqueadense o que, teoricamente, lhe daria credibilidade para falar desse tema. A inserção desses elementos no texto faz com que o texto de início já seja mais concreto que os dois primeiros, demonstrando uma possível evolução do modo de escrever. Outro ponto que demonstra isso é que nessa tarefa, não foram percebidos problemas relacionados a unidade temática e após mudanças pequenas, como a substituição dos termos abstratos e amplos, o texto conseguiu atingir a nota A-.
A tarefa 4, memorial literário, como esperado, apresenta menos problemas em relação a concretude e unidade temática que as anteriores apresentaram em suas primeiras versões. Os problemas apresentados em relação a concretude ocorreram em situações como essa retirada da primeira versão “Quando estava na sexta série, vivi uma situação que me mostrou que o modo de fazer algo, muitas vezes é mais importante do que a própria coisa que está sendo feita”. Nela o autor acaba fazendo uso da palavra “coisa” de modo a prejudicar o sentido da frase por ser uma palavra que possibilita atribuição de sentidos muito variados. Os problemas com relação a unidade temática se deram pela inabilidade de deixar completamente clara a relação entre a historia contada na primeira parte e a teoria. Após um rearranjo de uma porção do texto e substituição dos termos que causavam interpretações amplas, o texto não apresentou maiores problemas.
A tarefa 5, que tinha como proposta a elaboração de uma reportagem, em sua primeira versão voltou a apresentar o mesmo defeito da primeira tarefa em relação a unidade temática, pois os elementos não apresentam uma conexão entre si de maneira a contribuir para um todo. Com base nisso, é possível pensar que a teoria de que os problemas foram diminuindo com o passar do tempo é equivocada, mas a verdade é que a justificativa para o erro foi a não compreensão da tarefa em primeiro momento, gerada pelo não comparecimento a aula. Na segunda versão da tarefa é possível observar que esse problema foi corrigido e que o depoimento apresentado trabalha de maneira a compor o que está sendo dito.



Considerações finais
Os textos analisados mostraram uma tendência de melhora com relação a unidade temática e concretude. Os erros a desses dois pontos não desaparecem, mas diminuem a ocorrência e significância. Um fato que corrobora essa teoria é o de que os textos deixam de ser completamente reescritos e passam a sofrer ajustes pontuais.
Ao analisar os textos é possível perceber que o processo de produção onde estes estão inseridos, tem grande influencia no resultado final. Este método cíclico utilizado torna possível a aplicação dos conhecimentos adquiridos nas tarefas anteriores nas tarefas seguintes.
Apesar das tarefas possuírem modelos diferentes, em todas é possível fazer as análises propostas no início deste trabalho. Essa variedade de materiais analisados, ajuda a validar os resultados obtidos.







Dois caminhos

Aluno 52
Reescrita


Quando estava na sexta série, vivi uma situação que me mostrou que o modo de fazer algo, muitas vezes é mais importante que o que está sendo feito. Começava o ano e a professora havia nos informado que teríamos que ler um livro chamado O Alienista. Até aí, tudo bem. Pedi para que minha mãe comprasse o livro e em poucos dias, estava com ele em mãos.
Comecei a leitura, com muita dificuldade, pois o livro era repleto de palavras que não conhecia. Percebi que precisaria de um dicionário se quisesse prosseguir com aquela leitura, então, arranjei um. Aos trancos e barrancos, já que tinha que parar a todo instante para consultar o dicionário, fui progredindo lentamente texto adentro, sem dele muito entender. Eu conhecia a língua, conseguia ler as palavras, mas mesmo assim, não conseguia entender o que se passava. Então, uma coisa aconteceu, a professora foi substituída por motivos de saúde. Quando a nova professora começou a dar aula, uma das primeiras perguntas que fez para a turma foi “o que vocês estão achando do livro?” o que ela ouviu em seguida foi uma grande lista de adjetivos contendo chato e muitos de seus sinônimos. Na próxima aula, a nova professora surgiu com um livro em suas mãos e perguntou o que nós acharíamos de substituir nosso livro “chato” por um divertido, com o consentimento da grande maioria, foi o que fizemos, paramos de ler O Alienista e começamos a ler um livro chamado O Mistério da Casa Verde.
A professora nos explicou que este livro fazia parte de uma coleção escrita por Moacyr Scliar com o objetivo de apresentar alguns clássicos da literatura para nós, crianças/pré-adolescentes. Adorei o livro, em comparação com o anterior, esse tinha uma leitura muito mais fluída e simples e, além disso, um enredo com o qual podíamos nos identificar. Em pouco tempo todos tinha finalizado a leituras e teve início a fase de trabalhos sobre o livro que ao contrário do planejado, se estendeu por múltiplas semanas, pelo simples motivo de que a turma havia amado o livro.
A compreensão de um texto é um processo que se caracteriza pela utilização de conhecimento prévio: o leitor utiliza na leitura o que ele já sabe, o conhecimento adquirido ao longo de sua vida. É mediante a interação de diversos níveis de conhecimento, como o conhecimento linguístico, o textual, o conhecimento de mundo, que o leitor consegue construir o sentido do texto (KLEIMAN, 1995, p. 13)
O que me impediu de ser bem sucedido na leitura do primeiro livro foi o fato de que eu ainda não possuía as ferramentas, o conhecimento prévio para tal tarefa. Eu era capaz de ler no sentido de decodificar os símbolos escritos nas folhas, mas eu não conseguia extrair um sentido do texto, por que eu não conhecia o vocabulário. Isso me forçava a fazer constantes paradas e eventualmente, perder o interesse pela leitura.
Quando houve a troca de professoras e de livros, o que aconteceu foi que nos foi dada uma obra que era adequada para o nosso nível intelectual. Com o livro “correto” em mãos, nós conseguimos fazer a compreensão adequada. No fim das contas, ao adotar um novo caminho, a professora conseguiu atingir o objetivo de nos colocar em contato, mesmo que indireto, com a obra de Machado de Assis.

Referências:
KLEIMAN, Angela. Texto e Leitor: Aspectos Cognitivos da Leitura. 4ª. Ed. Campinas, SP: Pontes, 1995, p. 13.

Dois caminhos

Aluno 52
1 Versão


Quando estava na sexta série, vivi uma situação que me mostrou que o modo de fazer algo, muitas vezes é mais importante do que a própria coisa que está sendo feita. Começava o ano e a professora havia nos informado que teríamos que ler um livro chamado O Alienista. Até aí, tudo bem. Pedi para que minha mãe comprasse o livro e dentro de poucos dias, estava com ele em mãos.
Comecei a leitura, com muita dificuldade, pois o livro era repleto de palavras que não conhecia. Percebi que precisaria de um dicionário se quisesse prosseguir com aquela leitura, então, arranjei um. Aos trancos e barrancos, fui progredindo lentamente texto adentro, sem dele muito entender, até que uma coisa aconteceu, a professora foi substituída por motivos de saúde. Quando a nova professora começou a dar aula, uma das primeiras perguntas que fez para a turma foi “o que vocês estão achando do livro?” o que ela ouviu em seguida foi uma grande lista de adjetivos contendo chato e muitos de seus sinônimos. Na próxima aula, a nova professora surgiu com um livro em suas mãos e perguntou o que nós acharíamos de substituir nosso livro “chato” por um divertido, com o consentimento da grande maioria, foi o que fizemos, paramos de ler O Alienista e começamos a ler um livro chamado O Mistério da Casa Verde.
A professora nos explicou que este livro fazia parte de uma coleção escrita por Moacyr Scliar com o objetivo de apresentar alguns clássicos da literatura para nós, crianças/pré-adolescentes. Nós adoramos o livro, em comparação com o anterior, esse tinha uma leitura muito mais fluída e simples e, além disso, um enredo com o qual podíamos nos identificar. Em pouco tempo todos tínhamos finalizado nossas leituras e começou a fase de trabalhos sobre o livro que ao contrário do planejado, se estendeu por múltiplas semanas, pelo simples motivo de que a turma havia amado o livro.
A compreensão de um texto é um processo que se caracteriza pela utilização de conhecimento prévio: o leitor utiliza na leitura o que ele já sabe, o conhecimento adquirido ao longo de sua vida. É mediante a interação de diversos níveis de conhecimento, como o conhecimento linguístico, o textual, o conhecimento de mundo, que o leitor consegue construir o sentido do texto (KLEIMAN, 1995, p. 13)
O que me impediu de ser bem sucedido na leitura do primeiro livro foi o fato de que eu ainda não possuía as ferramentas, o conhecimento prévio para tal tarefa. Eu era capaz de ler no sentido de decodificar os símbolos escritos nas folhas, mas eu não conseguia extrair um sentido do texto, por que eu não conhecia o vocabulário. Isso me forçava a fazer constantes paradas e ,eventualmente, perder o interesse pela leitura.
Quando houve a troca de professoras e de livros, o que aconteceu foi que nos foi dada uma obra que era adequada para o nosso nível intelectual e, por consequência, uma da qual nós conseguimos tirar muito mais proveito, no final das contas, ao adotar um novo caminho, a professora conseguiu atingir o objetivo de nos colocar em contato, mesmo que indireto, com a obra de Machado de Assis.










[Dúvida] Devo citar tudo que foi lido ou apenas o que foi citado no texto? [Dúvida]
Referências:
KLEIMAN, Angela. Texto e Leitor: Aspectos Cognitivos da Leitura. 4ª. Ed. Campinas, SP: Pontes, 1995, p. 13.
BRITTO, Luiz Percival Leme. Leitura: Acepções, sentidos e valor. In: Nuances: estudos sobre educação, v.21, nº 22, jan./abr. 2012.
ROTTAVA, Lucia. A Leitura e a Escrita na Pesquisa e no Ensino. In: Espaços da Escola, Ijuí, Editora UNIJUÍ, nº 27, jan/mar. 1998.
ROTTAVA, Lucia. A Importância da Leitura na Construção do Conhecimento. In: Espaços da Escola, Ijuí, Editora UNIJUÍ, nº 35, jan/mar. 2000.

Memorial de Leitura

Reescrita
Aluno 64


Eu nunca teria imaginado o quão difícil é discorrer sobre minhas memórias relacionadas à leitura. Sempre a considerei uma parte importante da minha vida, e talvez por isso seja complicado escolher uma experiência entre tantas. Incentivada pela família, meu contato com as letras deu-se ainda cedo, por meio de histórias em quadrinho e livros infantis da biblioteca, daqueles com letra bastão em tamanho exagerado e mais ilustrações que frases. Lembro de tentar decifrar aquele código, juntando letra com letra para formar sílaba e sílaba com sílaba para formar palavra. Pouco entendia naquela época, mais interessada na lógica do processo de leitura do que em seu conteúdo.
Enquanto crescia, descobri um novo mundo, onde não era necessário criar situações e personagens, adivinhar o enredo com base nas figuras impressas. Aprendera a ler, e com isso identificar a mensagem, atribuir-lhe sentido. Cumpria os pré-requisitos básicos para imergir nas histórias e em tudo mais. Rottava (2000) explicita a relação entre o compreender e o conhecimento prévio do leitor, citando Kleiman (1995), que elucida:
A compreensão de um texto é um processo que se caracteriza pela utilização de conhecimento prévio: o leitor utiliza na leitura o que ele já sabe, o conhecimento adquirido ao longo de sua vida. É mediante a interação de diversos níveis de conhecimento, como o conhecimento linguístico, o textual, o conhecimento de mundo, que o leitor consegue construir o sentido do texto; […] Pode-se dizer com segurança que sem o engajamento do conhecimento prévio do leitor não haverá compreensão. (KLEIMAN, 1995, p. 13)
Eu, jovem leitora, preocupada em explorar a ficção e decidida a ler tudo que podia ser lido (livros, revistas, legendas na televisão, bulas de remédio, outdoors, nada escapava), começava a construir a base sobre a qual todas as leituras posteriores apoiar-se-iam. O conceito conjura a imagem de uma estrutura complicada de blocos sobrepostos, alguns substituídos, de diferentes cores, posicionados em locais estratégicos. A cada nova leitura, uma experiência singular: um novo bloco. É simples, então, imaginar que esse arranjo é único para cada pessoa - cada leitor terá uma interpretação diferente de um texto, com base em seu conhecimento prévio. E é perfeitamente possível que um mesmo leitor construa novos sentidos a cada leitura; a passagem do tempo e novas experiências farão com que a mensagem se modifique. Isso acontece também comigo: ao passo que a vida moldou minha maneira de ver o mundo e minha personalidade, retornar aos livros favoritos causou reações adversas. Ainda que buscasse relembrar, encontrar novamente o encantamento da primeira vez, não raro acabei desapontada.
A lembrança que melhor ilustra essa situação está relacionada ao livro Crepúsculo, da autora Stephenie Meyer. O volume chegou em minhas mãos quando eu tinha apenas treze anos, na forma de presente de formatura do Ensino Fundamental. Apesar de nunca ter ouvido falar a respeito da obra, minha madrinha garantiu que era uma ótima história de amor e aventura, recomendada por outras meninas da minha idade. Aos treze anos, julguei a história envolvente e interessante. Aos dezessete, quando quis rememorar as sensações da primeira leitura, o livro me pareceu infantil e abandonei-o antes de chegar à metade. Hoje, aos dezenove, ele serve como peso para papel na estante. O que me coloca em uma posição desagradável: há muitos livros que gostaria de revisitar, por reconhecer sua importância em meu desenvolvimento como leitora e como pessoa. David Martín, personagem de Carlos Ruíz Zafón em O Jogo do Anjo, foi quem me serviu de inspiração para começar a escrever. Apesar da desorganização e mau humor característicos do personagem, eu estava apaixonada pela trama, por Barcelona, e sonhei ganhar a vida escrevendo histórias, tal como ele. Talvez hoje, ao folhear as mesmas páginas, encontre apenas um escritor amargo e doente, e não tenho coragem de retornar, temendo profanar as memórias com minha nova percepção de mundo. A boa notícia é que nunca esgotarei as possibilidades; para achar um texto que complemente a vida cotidiana, aqueça o coração ou amplie meus horizontes, basta perceber que é hora de abandonar os títulos que me são tão queridos e encontrar um novo amor.

REFERÊNCIAS
ROTTAVA, Lucia. A importância da leitura na construção do conhecimento.  In Espaços da Escola, ano 9, n 35, p. 11-16, 2000.
KLEIMAN, Angela. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. 4ª ed. Campinas: Pontes, 1995.