segunda-feira, 20 de julho de 2015

Dois caminhos

Aluno 52
1 Versão


Quando estava na sexta série, vivi uma situação que me mostrou que o modo de fazer algo, muitas vezes é mais importante do que a própria coisa que está sendo feita. Começava o ano e a professora havia nos informado que teríamos que ler um livro chamado O Alienista. Até aí, tudo bem. Pedi para que minha mãe comprasse o livro e dentro de poucos dias, estava com ele em mãos.
Comecei a leitura, com muita dificuldade, pois o livro era repleto de palavras que não conhecia. Percebi que precisaria de um dicionário se quisesse prosseguir com aquela leitura, então, arranjei um. Aos trancos e barrancos, fui progredindo lentamente texto adentro, sem dele muito entender, até que uma coisa aconteceu, a professora foi substituída por motivos de saúde. Quando a nova professora começou a dar aula, uma das primeiras perguntas que fez para a turma foi “o que vocês estão achando do livro?” o que ela ouviu em seguida foi uma grande lista de adjetivos contendo chato e muitos de seus sinônimos. Na próxima aula, a nova professora surgiu com um livro em suas mãos e perguntou o que nós acharíamos de substituir nosso livro “chato” por um divertido, com o consentimento da grande maioria, foi o que fizemos, paramos de ler O Alienista e começamos a ler um livro chamado O Mistério da Casa Verde.
A professora nos explicou que este livro fazia parte de uma coleção escrita por Moacyr Scliar com o objetivo de apresentar alguns clássicos da literatura para nós, crianças/pré-adolescentes. Nós adoramos o livro, em comparação com o anterior, esse tinha uma leitura muito mais fluída e simples e, além disso, um enredo com o qual podíamos nos identificar. Em pouco tempo todos tínhamos finalizado nossas leituras e começou a fase de trabalhos sobre o livro que ao contrário do planejado, se estendeu por múltiplas semanas, pelo simples motivo de que a turma havia amado o livro.
A compreensão de um texto é um processo que se caracteriza pela utilização de conhecimento prévio: o leitor utiliza na leitura o que ele já sabe, o conhecimento adquirido ao longo de sua vida. É mediante a interação de diversos níveis de conhecimento, como o conhecimento linguístico, o textual, o conhecimento de mundo, que o leitor consegue construir o sentido do texto (KLEIMAN, 1995, p. 13)
O que me impediu de ser bem sucedido na leitura do primeiro livro foi o fato de que eu ainda não possuía as ferramentas, o conhecimento prévio para tal tarefa. Eu era capaz de ler no sentido de decodificar os símbolos escritos nas folhas, mas eu não conseguia extrair um sentido do texto, por que eu não conhecia o vocabulário. Isso me forçava a fazer constantes paradas e ,eventualmente, perder o interesse pela leitura.
Quando houve a troca de professoras e de livros, o que aconteceu foi que nos foi dada uma obra que era adequada para o nosso nível intelectual e, por consequência, uma da qual nós conseguimos tirar muito mais proveito, no final das contas, ao adotar um novo caminho, a professora conseguiu atingir o objetivo de nos colocar em contato, mesmo que indireto, com a obra de Machado de Assis.










[Dúvida] Devo citar tudo que foi lido ou apenas o que foi citado no texto? [Dúvida]
Referências:
KLEIMAN, Angela. Texto e Leitor: Aspectos Cognitivos da Leitura. 4ª. Ed. Campinas, SP: Pontes, 1995, p. 13.
BRITTO, Luiz Percival Leme. Leitura: Acepções, sentidos e valor. In: Nuances: estudos sobre educação, v.21, nº 22, jan./abr. 2012.
ROTTAVA, Lucia. A Leitura e a Escrita na Pesquisa e no Ensino. In: Espaços da Escola, Ijuí, Editora UNIJUÍ, nº 27, jan/mar. 1998.
ROTTAVA, Lucia. A Importância da Leitura na Construção do Conhecimento. In: Espaços da Escola, Ijuí, Editora UNIJUÍ, nº 35, jan/mar. 2000.

Nenhum comentário:

Postar um comentário