segunda-feira, 20 de julho de 2015

Para leitura use a mente.

Aluno 55
Reescrita


     Lembro que aos seis ou sete anos de idade quando fui viajar de carro para a praia minha mãe pegou a direção e meu pai sentou no banco de trás ao meu lado, perguntou se eu estava pronta e eu animada respondi que estava. Então, em seguida ele abriu um livro, Harry Potter e a Pedra Filosofal, e leu em voz alta para que eu escutasse.
    Para mim, essa foi a primeira experiência com leitura que tive. Lembro que a cada palavra que meu pai lia era como se ele estivesse criando um novo mundo em minha mente. Senti, ao escuta-lo ler, que o poder das palavras era infinito pois em meu cérebro ia se armazenando cada vez mais palavras, mais ideias, mais imaginação.  Foi exatamente por esse sentimento de aprendizado com a leitura que comecei a criar um gosto enorme por ler.
    Mais ou menos aos doze anos eu li Coração de Tinta da Cornelia Funke, um livro de 455 páginas, que era ao meu ver o maior livro do mundo, mas que foi bom o suficiente para prender minha atenção por todas as páginas. O que me marcou nele foi que ele se trata de uma jovem que quando lia livros em voz alta dava vida às palavras, coisas e seres. Eu achava o fato da menina fazer aquilo simplesmente maravilhoso, mas eu me contentava em ler e dar vida à tudo que lia na minha imaginação que cada dia aumentava.
    O simples ato do meu pai ter lido para mim quando eu ainda era criança serviu de um enorme começo na relação entre eu e os livros. Ele poderia simplesmente ter sentado ao lado da minha mãe no banco da frente, como muitas vezes ele fez, mas com o objetivo de proporcionar a mim o gosto pela leitura, sentou ao meu lado e leu. Imagino que se não fosse por essa minha primeira experiência marcante com a leitura, talvez, minha paixão por ler nunca tivesse sido despertada. E apesar de já ter tido contato com livros na creche e no início da escola foi esta ação de um familiar, de alguém mais próximo de mim, que me fez querer ler. Então, de acordo com Rottava (2000) em que ela diz que “ ..., a família também não deve deixar somente para a escola o papel de despertar, incentivar e motivar a leitura. ” (ROTTAVA, 2000, p. 13), o papel do familiar é essencial para que uma criança tenha o incentivo, o gosto, a vontade de ler.
    A segunda experiência de leitura que me marcou bastante foi um passo para eu compreender o que é leitura. Eu acreditava que ler era perda de tempo, que no lugar de estar sentada com um livro podia estar fazendo outras coisas, como saindo com amigos, estudando, praticando esportes, etc. Entretanto, ao ler Coração de Tinta compreendi que as palavras possuem poder, que não estamos meramente perdendo tempo, mas sim acumulando conhecimento, aprendendo palavras e conceitos. Assim, como está no texto de Rottava (2000) “...ler é utilizar-se da linguagem para determinado objetivo...” (ROTTAVA, 2000, p. 14) e o meu objetivo era aprender ao mesmo tempo em que me divertia num mundo diferente proporcionado pela autora. É, portanto, “Segundo Wallace (1993, p. 6-7), o propósito da leitura pode ser: ... (2) a aprendizagem (leitura do contexto direcionada a um objetivo); (3) o prazer (leitura negligenciada pela prática escolar).” (ROTTAVA, 2000, p. 14).
   Além dessas duas leituras marcantes, tentei ler aos 14 anos o livro 1984 do George Orwell, um livro de leitura não muito complicada, mas nem muito fácil. Contudo, para mim com poucos anos de vida ler esse livro foi muito complicado, faltava aprender conceitos que eram relatados no livro. Faltava o conhecimento prévio, pois é por esse conhecimento que se pode ter perfeito entendimento do texto, livro lido, como relata Britto: “A compreensão de um texto é um processo que se caracteriza pela utilização de conhecimento prévio: o leitor utiliza o que ele já sabe, o conhecimento adquirido ao longo de sua vida. ” (BRITTO, 2012, p. 13). Então, para a compreensão completa desse livro para mim só foi realizada aos 15 anos, após a ajuda de um professor de filosofia. Ressaltando, assim, também o papel do professor para a ajuda da compreensão da leitura.

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