sábado, 5 de agosto de 2017

A importância da Unidade Temática nos textos de Leitura e Produção Textual da turma C

Aluno 160
Aluno 177


Resumo::
OEste  Este artigo a seguir tem como tema uma reflexão sobre a Unidade Temática dentro da atividade de leitura e escrita, ambos assuntos trabalhados na disciplina de Leitura e Produção Textual  ministrada pela Profª Dra Lucia Rottava aos alunos doo para o 1º semestre do Curso de Letras da UFRGS. OSeu  O objetivo é descrever a atividade de leitura e escrita, a partir do conceito de diversos autores sobre o tema, trazendo perspectivas diferentes sobre a atividade de leitura e escrita.  Cabe ainda ressaltar a metodologia apresentada pela professora para auxiliar na atividade de escrita dos alunos. Através da escrita e reescritarescrita de texto analisados por: pareceres descritivos, critérios de reescritarescrita e diários dialogados, que tem função de orientar o aluno durante o processo. Ao analisar a importância da unidade temática descobrimos que ela é uma das qualidades discursivas mais importantes para um texto bem escrito e organizado, pois sem ela ou com mais de uma é quase impossível para o interlocutor entender o assunto do texto.Sendo assim ao término da disciplina os alunos possuem as qualidades necessárias para produzir um texto inteligível e organizado para os seus leitores.
Palavras-chaves: leitura e produção textual, unidade temática, importância.
Introdução
O presente trabalho descreve as atividades desenvolvidas durante o 1º semestre de 2017 aos alunos do Curso de Letras da UFRGS, na disciplina de Leitura e Produção Textual. Os alunos são apresentados a teorias e estratégias e técnicas estratégias  de produção textual, sendo incentivados  a partir dessa fundamentação teórica a produção de textos. A evolução do aluno durante o processo de escrita é baseada em sua autocrítica e através de outras metodologias trabalhadas no decorrer do semestre. Este artigo irá tratar especificamente da importância da Unidade Temática dentro dos textos escritos pelos alunoss da disciplina.
É necessário um completo entendimento sobre como a unidade temática funciona para que possamos utiliza-la corretamente. Este trabalho serviu para que nós, como estudantes, compreendêssemos essa função e aperfeiçoássemo-la como escritores, ao analisar os textos desenvolvidos pelos alunos pudemos ser críticos e observar as mudanças dos textos durante o semestre.
Seguem a fundamentação teórica, isto é, o que vimos durante o semestre e a nossa metodologia para desenvolver a analise. Em sequencia vem a analise – como a unidade temática se mostra e se desenvolve nos textos da turma C de leitura e produção textual – dos textos e quais foram as conclusões que este estudo nos levou a tomar.
Como está organizado o artigo? Lembre-se das orientações a esse respeito
Fundamentação Teórica
A leitura e a escrita podem ser vista de diferentes formas perante os teóricos,. Para como diz Britto (2012, p.19) a palavra leitura é um vocábulo polissêmico que etimologicamente teria a mesma origem de escolha e eleição (leg-; lec-; leit;). Já Ppara Rottava (2000, p.12) leitura não deve ser tratada como uma forma de decodificação de um material, mas sim estar ligada ao letramento (Rottava, 2000, p.12) que é a condição de não apenas ler e escrever, mas também cultivar o hábito e exercê-lo, o que nos remete ao significado exposto no dicionário Luft (2001) “Leitura: [...] 3. Hábito ou arte de ler” .
Para Britto (2012) aA leitura deve ser vista como algo para enriquecer a alma e propalar conhecimento, deve nos tornar mais humanos (Britto, 2012 p.30) . Em outras palavras, a leitura deve nos torna seres mais e empáticos, ela não pode ser vista como algo simples e banal que fazemos todo o dia:
“aquelas que se impõem à pessoa no espaço social para fazer as coisas da vida contemporânea numa sociedade normatizada, tais como deslocar-se, cuidar de si, controlar contas, realizar pequenas tarefas, manter relacionamento pessoal (bilhetes, cartas e e-mails e inserções em sites de relacionamento); de outro lado, aparecem as leituras, por assim dizer, obrigatórias, como as relativas às atividades profissionais e as de estudo. Enfim, supõe que o gesto de ler seja voluntário, desobrigado, ainda que “comprometido”, no sentido de que representa um investimento pessoal em algo importante.” (Britto, 2012 p.29)
(falta continuidade com  o que vinha sendo abordado)A leitura, então é vista como um processo emocional para as pessoas, enquanto a escrita é vista como um produto lógico do pensamento do escrito, o que gera o entendimento de que ela é uma atividade onde quem escreve expressa seu pensamento, suas intenções, sem levar em conta as experiências e os conhecimentos do leitor ou a interação que envolve esse processo. A escrita é uma forma de registrar o que precisamos, por exemplo, a certidão de nascimento que diz que nós existimos como parte da nossa sociedade (Koch e Elias, 2009 p.33).
A escrita como um processo, segundo Koch e Elias (2009) depende do contexto e do propósito do texto dados pelo escritor, o leitor só ira se interessar por aquele texto se ele fizer parte da sua vivencia ou necessidade de leitura. Por exemplo, um texto humorístico que se utiliza de um gênero textual, como mostrado no texto de Koch e Elias (2009, p.43) em que a personagem pergunta se o currículo pode conter informações sobre a autoestima, o que provoca o efeito de humor, pois o modelo atual de currículo diz quais informações devem ser colocadas nesse gênero textual. Se o leitor não tiver conhecimento sobre os gêneros textuais e sobre a elaboração de um currículo, consequentemente, não entenderá o efeito humorístico contido na tirinha.
Sem o contexto correto e um propósito que atinja o leitor a interação não ocorre, e não há a formação de um dialogo. Então, antes de começar a escrever um texto o escritor deve pensar quem ele procura atingir e como irá fazer o mesmo para que haja um dialogo: isso é o processo de escrita.
e a escrita como processo????
BARRE DE MINLAC (2006: 38) diz que "hoje, a escrita não é mais do domínio exclusivo dos escrivães e dos eruditos. A prática da escrita de fato se generalizou: além dos trabalhos escolares ou eruditos, é utilizada para o trabalho, a comunicação, a da vida pessoal e doméstica". ??????o que é isso!!!!! Comentei que era para citar apenas autores abordados em aula.
Existem varias formas de texto, eles podem ser oral, onde você fala, como na televisão, postcasts, rádio, etc; escritos, que podem ser livros, bilhetes, etc; e multimodais. Esse último O texto multimodal trata de várias coisas inseridas em um contexto, como um texto com imagens, animações, ou textos orais, ou todos juntos.
Outro fator importante no texto é o interlocutor que pode ser o nosso chefe, professora, etc; isso pode gerar uma interação onde quem lê e escreve podem ser vistos como atores/construtores sociais. O escritor deve pensar antes de escrever seu texto para outra pessoa, selecionando e organizando seu pensamento, pondo as informações relevantes apenas, utilizando uma escrita adequada (formal ou informal).
Na cadeira de Leitura e Produção Textual, do primeiro semestre do curso de Letras ministrado pela professora Lucia Rottava, tem o intuito de ensinar de forma pratica e teórica aos alunos a escrever um texto com todas as qualidades necessárias para ser inteligível e organizado para os seus leitores. Para isso foram dadas tarefas de escrita listadas abaixo onde havia a 1º versão, o parecer da professora, a 2º versão e os critérios de avaliação.
A primeira tarefa tratava de uma apresentação pessoal da nossa escrita, foi dada na segunda semana de aula. A segunda nós deveríamos relatar uma experiência de alguém que nos ensinou uma lição, começamos a escrevê-la por volta do final de abril. A terceira tarefa seria a descrição de um processo que poderia ser: como curar ressaca, como trocar um pneu e como rir/chorar/ser irônico (a). A conseguinte foi um memorial de leitura, onde mostramos como nossa trajetória esta enredada com as teorias de leitura.
Para a escrita sãotodas essas tarefas foram utilizados critérios de escrita, ou qualidades discursivas, como: Unidade temática, concretude, objetividade, questionamento, gramática. Todos foram discutidos em sala de aula com base nos textos teóricos lidos. A gramática não necessita de explicações, pois ela deve ser usada adequadamente para haver o completo entendimento do texto.
A unidade temática define que nosso texto não pode ser uma lista, contento diversas informações desconexas e irrelevantes, nos devemos manter um acontecimento ao longo do texto em torno do qual iremos relacionar os fatos secundários. Ela também estabelece que se se devemos pensar no nosso interlocutor, quem queremos que leia, que tipo de linguagem utilizar; para manter o interesse desse interlocutor devemos ter uma peculiaridade, algo que nos difere das outras pessoas e nos faz sair do comum.
Na unidade temática também deve haver uma questão que orienta o leitor durante o texto, que o faz entender o propósito do que esta sendo escrito. Para isso também é utilizado um depoimento exemplificado, onde damos parâmetros para o leitor comparar os acontecimentos do texto com a sua vida, ou de algum conhecido e conseguir entender as relações entre o acontecimento principal e os os secundários.
O questionamento trata do que irá fazer com que o leitor queira ler aquele texto, é uma espécie de energia que movimento o texto e faz o leitor querer saber o que acontece em seguida, o deixa curioso, podendo ser feita em forma de uma pergunta ou não no texto. É o questionamento que também convoca o leitor a participar da solução do problema ou do desfecho final da historia, fazendo com que ele imagine o que vem a seguir.
A concretude é responsável por criar uma imagem da sena para o leitor, ele conseguira imaginar o que esta acontecendo sem precisar de informações adicionais, deve ter descrições definidas e concretas, e informações objetivas. Para o texto ser concreto não se se pode-se usar palavras com duplo sentido para não haver confusão no entendimento do leitor.
Por ultimo, a objetividade é definir o tema de forma clara, saber o que se quer mostrar com o texto para o leitor e por informações que irá ajudar isso acontecer. O texto precisa ser autônomo, sem necessitar de explicações adicionais, os dados devem ajudar o assunto a ficar claro e conseguir demonstrar o que realmente aconteceu, sem causar desentendimento ou diversas interpretações.
Essa metodologiaEssa metodologia e método de ensino onde primeiro se da aà tarefa e depois se explica o que o aluno deveria ter feito é eficaz pois, pois faz o próprio aluno se avaliar antes de receber o parecer da professora. Ele nos faz aprender com os nossos próprios erros e procurar uma solução para os mesmo, usando o que é discutido em aula e também o que lemos por indicação da professora.

Metodologia
A metodologia utilizada neste trabalho será a pesquisa qualitativa de natureza interpretativa, desenvolvida pelos alunos Filipi da Luz e Raíssa Cardoso do curso de Letras-Licenciatura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Serão utilizados os textos dos alunos da cadeira de Leitura e Produção textual para a analise.
A escolha desta abordagem vem do interesse de demonstrar a importância de uma unidade temática bem determinada nos textos de Leitura e Produção Textual, pois essa qualidade discursiva gera as partes mais importantes do texto e esclarecedoras. É por meio dela que o assunto do texto será escolhido, apresentando ao leitor uma história completa e também é ela que define que o escritor só deve contar aquilo que interessa e converge na direção do esclarecimento do questionamento do texto (Guedes, 2009 p.169).
Os textos escolhidos para analise são os 4 primeiros escritos e rescritos da cadeira e são dos alunos Filipi da Luz e Raíssa Cardoso. Eles serão analisados de forma individual e comparados posteriormente para a resolução da questão central deste trabalho.Na cadeira de Leitura e Produção Textual, do primeiro semestre do curso de Letras ministrado pela professora Lucia Rottava, tem o intuito de ensinar de forma pratica e teórica aos alunos a escrever um texto com todas as qualidades necessárias para ser inteligível e organizado para os seus leitores. Para isso foram dadas tarefas de escrita listadas abaixo onde havia a 1º versão, o parecer da professora, a 2º versão e os critérios de avaliação.
Os textos escolhidos para analise são os 4 primeiros escritos e rescritos da cadeira e são dos alunos Filipi da Luz e Raíssa Cardoso. Eles serão analisados de forma individual e comparados posteriormente para a resolução da questão central deste trabalho.
A primeira tarefa tratava de uma apresentação pessoal da nossa escrita, foi dada na segunda semana de aula. A segunda nós deveríamos relatar uma experiência de alguém que nos ensinou uma lição, começamos a escrevê-la por volta do final de abril. A terceira tarefa seria a descrição de um processo que poderia ser: como curar ressaca, como trocar um pneu e como rir/chorar/ser irônico (a). A conseguinte foi um memorial de leitura, onde mostramos como nossa trajetória esta enredada com as teorias de leitura.
Proposta
Conteúdo
Data da Entrega
Parecer
Data da entrega da rescrita
1
Como aprendi/comecei a escrever
06/04/2017
Aluno 1 – Sem tema central, concretude, falta informações, sem questionamento.
Aluno 2 – É uma lista, sem unidade temática, sem questionamento, com concretude
04/05/2017
2
Fato/experiência de alguém que me fez aprender uma lição
04/05/2017
Aluno 1 – Não cumpre com a tarefa, pois não apresenta um fato; sem unidade temática, necessita de uma conclusão sobre “o que aprendi?”.
Aluno 2 – Faltam dados concretos sobre os personagens, sem fato principal, falta unidade temática, necessita de uma conclusão sobre “o que aprendi?”.
25/05/2017
3
Descrição de um processo: como trocar um pneu/curar uma ressaca/rir/ser irônico/chorar
25/05/2017
Aluno 1 – Problemas de pontuação, texto concreto, informações desnecessárias.
Aluno 2 – Necessita de informações concretas e objetivas.
15/06/2017
4
Memorial de leitura
13/07/2017
Aluno 1 – Sem unidade temática, problemas de pontuação, utilizar apenas o que é relevante para o texto.
Aluno 2 – Problemas com a unidade temática, utilizar informações importantes para que o leitor possa compreender o texto, utilizar as normas da ABNT.
20/07/2017

(faltou uma tabela para resumir o corpus da pesquisa)
Analise de dados
A unidade temática é importante para nós, alunos de leitura e produção textual e escritores, pois informa ao nosso interlocutor sobre o que o nosso texto fala e nos possibilita manter esse raciocínio. Nos textos analisados, a falta da unidade temática faz com que os textos se tornem meras listas de acontecimentos e os deixa confusos, sem saber o que todos aqueles eventos citados realmente significam para os escritos e o que ele quer mostrar ao interlocutor.
Por exemplo, , a primeira atividade desenvolvida para a cadeira, de apresentação pessoal por meio da leitura: os textos eram cheios de informações e fatos desconexos sobre a leitura na vida dos alunos; vide o texto “Como comecei a escrever”, ele não possui um tema central claro:
(01)Ex. 1:“[...]passei a ter interesse em escrever algo no estilo (coleção vagalume), escrevi algumas coisas, mas não continuei. Infelizmente por pouco incentivo dos professores e também por ter uma certa resistência em submeter os meus textos a avaliação de pessoas desconhecidas acabei deixando de lado esse interesse.
[...] uma excelente professora foi responsável pela volta da minha vontade de escrever, [...] devido à didática das aulas que através de uma abordagem crítica que nos fazia analisar os textos de maneira menos passiva”.(Aluno(Aluno 1) A ou B????? como identificar???)

O aluno 1 1 ou 2???? não optou por falar apenas de um momento de sua vida, deixando o texto com duas partes distintas, é mais importante durante a aprendizagem dele a coleção Vagalume ou a professora com sua didática critica? A falta da unidade temática deixa questões como essa pendentes no texto, afetando assim as outras unidades temáticas.
Na rescrita,, ele tenta resolver o problema da unidade temática contrapondo os dois momentos, optando por manter esses dois momentos distintos na vida dele:
Ex. 2:(02)“Ou seja, a escrita no início para mim foi algo adquirido naturalmente pelo simples interesse em reproduzir histórias da coleção que havia lido e depois com a experiência do Ensino Médio passou a ser algo mais interessante e desafiador. Porém acredito ser apenas um começo de uma grande estrada  a qual terei muitas leituras, escritas e reescritarescritas até dominar a arte da escrita.” (Aluno 1)

O Aaluno 1 consegue persiste com duas unidades temáticas na sua rescrita resolver o problema da Unidade Temática com essa junção dos dois temas: como ele começou e como ele desenvolveu seu modo de pensar em relação a escrita. Mesmo com o texto seguindo uma lógica, a falta da Unidade Temática ainda atrapalha a compreensão do assunto que o Aluno 1 queria abordar.Assim, o texto segue um fluxo e não mais atrapalha as demais qualidades discursivas.
O texto do Aluno 2 apresenta duas unidades temáticas o que pode deixar o leitor confuso. As seguintes passagens servem para identificarmos a dualidade de tema:
Ex. 3:(03)“Logo o bê-a-bá foi se juntando e formando palavras, b-o-l-a, c-a-s-a, v-i-d-a, e agora tem que relacionar as palavras às imagens, e pintar, deixar tudo colorido. Depois disso veio o ditado, e aí tinha que se lembrar dos acentos.”

[...]“Com o tempo resolvi mudar de enfoque, tentei criar histórias longas sobre romance, suspense, ficção, mas nunca consegui me encontrar em um desses gêneros. Então minha professora de português pediu a minha turma que cada um fizesse uma crônica, onde acabei escrevendo a melhor daquela turma, todavia esse também não foi o gênero ao qual me apeguei.” (Aluno 2)

A dualidade do tema, o que prejudicou no desenvolvimento do primeiro texto, foi bem resolvida pelo Aluno 2 em sua reescrita, é nítido a escolha de um tema que se mantém durante o texto com todos assuntos ligados a ele. O Aluno 2 se aprofunda no principal tema que a sua relação direta com a escrita deixando asos histórias que não contribuindo ao texto de lado, todavia ele ainda encontrou problemas para distinguir seu texto de uma lista de acontecimentos, principalmente por citar diversos momentos de sua vida durante o texto. Apesar se o Aluno 2 ter tentado limpar seu texto, ele não obteve um sucesso completo, pois continuou utilizando muitos exemplos o que gera para o leitor uma dificuldade para entender do que se trata o texto.
Ex. 4: “Quando me ensinaram o alfabeto...
[...] no ano anterior, 7ª serie...
[...] Então a oitava serie...”
A segunda proposta pedia solicitava solicitava que os alunos narrassem uma história de uma segunda pessoa que tivesse proporcionado ao aluno uma aprendizagem. A dificuldade de manter uma unidade temática neste texto é devido aàà necessidade da narração, pois a unidade temática é um fato nesta história que gera um aprendizado, e deveria ser feito sem que o aluno se perder no caminho.
Há exemplo o Aluno 1: ele não mantém um fato especifico durante a narração.
Ex. 5:(04)“O modo de vida após a prisão para mim e algo com o qual me serve de aprendizado e pretendo levar para vida, o perdão o diálogo, abrir mão de questões pessoais pensando em algo maior.  A união de um país arrasado por anos de um domínio cruel da segregação racial, da miséria e da exploração. O perdão, capacidade de dialogar, abrir mão de seus próprios interesses são ensinamentos que provocam na minha vida um aprendizado.” (Aluno 1)
O Aluno 1 cita diversas atitudes que Mandela teve após sair da prisão, mas ele não define um fato principal para ser levado ao texto, em vez disso ela vai trazendo novas atitudes, como: o perdão, abrir mão dos próprios interesses, estar preocupado com a nação, etc. E assim ele tenta nos levar até uma aprendizagem mas sem dizer o que isso gerou na sua própria vida: “deveria ser exemplo e aprendizado  não só aos políticos, mas para todos nós pois hoje estamos mergulhados em nossos individualismos, polarização política, luta por interesses particulares acima de tudo.”.
O fato está perdido e a aprendizagem está totalmente desligada aos vários fatos que ele põe durante o texto. Na rescrita ele supera isso utilizando um fato especifico da vida de Mandela: “O Rugby era um símbolo da cultura branca no seu país e foi através do seu apoio aàà seleção do país com apenas um atleta negro que ele percebeu a oportunidade de mostrar que não era mais tempo de confrontos e sim de união e diálogo.” .
O Aluno 1 conseguiu superar a falta da unidade temática simplesmente focando em apenas um fato durante seu texto, sendo esse o de Mandela ter utilizado o Rugby para unir o país e formar uma nação, deixando as diferenças de lado. Ele fecha seu texto dizendo que com essa imagem de superação do Mandela ele teve uma aprendizagem:
Ex. 6:(05)“Essa imagem, do agora presidente, passa a ideia de que mesmo sendo um país arrasado, por anos de um domínio cruel da segregação racial, de miséria e da exploração do povo negro, o perdão e o dialogo são a saída para uma África do Sul melhor. Isso é um aprendizado deixado por ele e que busco seguir na minha vida.
[...] o acontecimento que deveria ser um exemplo para todos nós pois hoje estamos mergulhados em nossos individualismos, polarização política, luta por interesses particulares acima de tudo.” (Aluno 1)
Já oO texto do Aluno 2 cumpre com o objetivo da atividade, seu relato do acontecimento prende o leitor até o final do texto. Outro aspecto interessante foi na reescritarescrita a identificação dos personagens e o melhor desenvolvimento de alguns parágrafos. A unidade temática é visível durante todo o texto, aspecto esse que deixa clara sua experiência/aprendizado com o acontecimento. Os exemplos retirados do texto ratificam a importância da unidade temática no texto.
Ex.7:(06)“Ele dava “chilique”, gritava com ela, chorava e dizia que ela queria chamar a atenção de todos a sua volta, que ela era espalhafatosa, não sabia se diminuir, se conter. Depois, ele veio a ter ciúmes dos amigos, dizia que ela era muita atenciosa, muito “dada”, oferecida, espontânea, que era cega e não via que aqueles amigos davam em cima dela o tempo todo, ele não queria que ela ficasse perto deles muito tempo, e ela repeito esse “pedido” dele.”
[...]
“Depois do ciúme vieram as limitações: a roupa era curta demais, o batom forte demais, o decote muito grande, o salto muito alto, ela saia muito com as amigas, ela, como boa noiva, trocou as roupas por outras, a maquiagem por outra, com o tempo parou de sair com as amigas.” (Aluno 2)

As duas passagens mesmo não estando no mesmo parágrafo exemplificam o tema do texto e retomam as ideias do Aluno 2, deixando o texto coeso  mas e com a unidade temática um pouco perdida pois não apresenta um tema do inicio ao fimdefinida do início ao fim. Já na rescrita oNesta proposta o Aluno 2 consegue contar a história de forma limpa e organizada, deixando o assunto visível para seu interlocutor, principalmente por utilizar de uma cronologia, o que ajudou a manter o fato organizado..
Na proposta 3 tanto na escrita e rescrita do Aluno 1 podemos ver qual é a sua unidade temática: a cura da ressaca; a qual ele diz que deve ser feita com “hidratação e atividade física leve”.  Todavia ele descreve as duas de forma separada, sendo a hidratação no 2º parágrafo e o exercício no 3º parágrafo; Isso faz com que o texto tenha ao mesmo tempo duas unidades temáticas, pois há dois processos separados para a cura.
Ele persiste na ideia de manter as duas unidades temáticas na rescrita, mantendo o texto quase da mesma forma que foi escrito anteriormente. A ideia de escrever um processo de cura para a ressaca deveria ser feito mesclando a reposição de líquidos ao exercício moderado para se tornarem apenas um processo, e então apenas uma unidade temática. Duas unidades temáticas podem confundir o leitor e fazer com que ele se perca ao tentar entender a ideia central do texto.
O Aluno 2 teve problemas com a escrita da tarefa 3 pois não consegue definir como descrever o processo e acaba citando informações que tronam a unidade temática confusa, como o que a pessoa poderia faz para rir – ver vídeos engraçados, ler uma piada ou meme na internet e fingir que ri até rir de si mesmo – e acaba falando de apenas uma. Ele opta por mudar de tema ao rescrever, todavia há uma perda na Unidade Temática, pois, apesar de descrever o processo de como trocar um pneu, o aluno acaba fazendo uma lista de como fazer, o que poderia ter sido resolvido se ele tivesse mantido um acontecimento do inicio ao fim. As seguintes passagens demonstram a unidade temática:
Ex. 8:(???)“[...] o pneu fura: primeiramente, ligue o pisca alerta, não importa se não há ninguém atrás de você, é a lei...”
“[...] o macaco e a chave de roda. Pegue o macaco e gire a manivela cerca de um palmo para que depois fique mais fácil de erguer o restante, perto do pneu haverá um flecha apontando para o local certo de encaixe do macaco, cuide para por no local certo! Preste atenção, aqui vai um segredo: para usar o macaco é muito mais fácil girar a manivela pela ponta externa: fica mais leve! isso é física, e é importante para a sua vida...” (Aluno 2)
Ambas passagens em momentos diferentes do texto apresentam a retomadas do tema, retomando a ideia de descrição. Ele, todavia, não consegue fugir da lista, que é um grande problema ao descrever um processo.
Na 4º proposta, o memorial de leitura, o Aluno 1 não matem também a unidade temática, pois ele não escreve sobre um fato que foi importante para ele, ele faz um apanhado de fatos da sua vida  e escreve sobre. A falta da unidade temática deixa o texto disperso e sem propósito, pois porque o interlocutor vai ler todo um texto que parece uma lista de historias? A falta de ligação entre os fatos também não ajuda, pois todos ficam parecendo fatos principais e fundamentais que acabam levando a nada.
Ex. 9:(??)“Com o passar do tempo a leitura me possibilitou acessar diversos assuntos de meu interesse e a minha experiência de leitura se concentrou na área dos esportes mais especificamente o futebol. Lia jornais, assinava revistas e posteriormente com a chegada da internet aumentava minhas fontes de leitura. [...] tive uma ótima professora que trabalhou leitura critica, foi então que percebi ser um leitor passivo e ingênuo frente aos textos.
[...] Esse texto me fez refletir, a exemplo do que citei no inicio do texto de me considerar alfabetizado e posteriormente perceber algumas falhas apresentadas por mim na leitura, tem como justificativa a ideia de letramento trazida pela professora.” (Aluno 1)
Nos trechos acima se percebe que o escritor traz 3 fatos para o seu texto que não estão ligados em momento algum. Na rescrita o Aluno 1 faz uma ligação entre esses 3 fatos e traz como sua unidade temática  os significados da palavra leitura e como ela pode ser diversificada. Ele juntou 3 historias aparentemente separadas para um único propósito: o de explicar esses significados. O Aluno 1 então deixa explicito a sua intenção com o texto que escreveu:
Ex. 10:(??)“Deste modo atentando para leitura de mundo, leitura de imagem, leitura da situação entre outras. Pensar em minhas leituras de jornais, revistas e textos são apenas uma das possibilidades. Esses novos conceitos vêm de encontro com a ideia de me considerar ser bom leitor apenas por ler alguns textos e acreditar ser suficiente. A própria busca no dicionário nos apresenta a grande quantidade de significados e classificações atribuídas a palavra leitura.” (Aluno 1)
O memorial do Aluno 2 apresenta sua relação com a leitura muito bem estruturada,  porém em um memorial manter a unidade temática é algo difícil, pois são diversos acontecimentos que dificultam seu ordenamento e desenvolvimento. As citações dos autores ratificam suas ideias, no entanto acredito que prejudicaram um pouco sua unidade temática, os outros critérios foram contemplados pelo texto.
Ex. 11:“A leitura está ligada ao letramento (Rottava, 2000, p.12) que é a condição de não apenas ler e escrever, mas também cultivar o hábito e exercê-lo. Desde que aprendi a escrever – juntamente com ler – gostei da ideia de escrever sobre tudo e todos, mas, realmente, sempre fui mais ligada a questão da leitura por causa do incentivo que recebi quando da minha madrinha.”
[...]“O habito que desenvolvi de ler, por gosto e com vontade, me transformou em uma pessoa mais empática e capaz de entender os outros. Por volta da oitava série foi uma das maiores ajudas que recebi para superar a minha timidez e criar laços com pessoas, principalmente por ver personagens infanto-juvenis que haviam os mesmos problemas que eu.” (Aluno 2)
Essas passagens na proposta 4 identificam um problema com a unidade temática, pois  apresentando as opiniões de autores e relatos da autora no memorial, identificar o que é do autor ou dos autores é algo que não fica claro. Entendo as citações como fundamentação das ideias do aluno, porém da maneira que aparecem fogem parcialmente do tema.   
Na rescrita o aluno tenta se concentrar em escrever apenas sobre um assunto de sua história como leitor. Essa decisão acaba fazendo com que o tema fique visível para o leitor, e a unidade temática se apresenta a mesma do inicio ao fim do texto.
Há exemplos de todas as tarefas? Se não, tem que explicar a razão

Considerações finais
O desenvolvimento visto em todos os textos comprova que sem a unidade temática é difícil manter um texto que mantenha a atenção do leitor, e também e visível a dificuldade que os alunos encontram durante esse processo de entendimento de como funciona a unidade temática. É possível distinguir esse processo em um dos diários dialogados dos alunos:
“A escrita de uma crônica muitas vezes é difícil, pois, segundo a definição no dicionário, é “a narração de fatos históricos segundo a ordem de tempo”, o tempo pode ser então cronológico ou psicológico, a narração em 1º, 2º ou 3º narrador, o narrador pode ou não ser o personagem. Também deve-se se situar em um espaço e girar em torno de um fato/acontecimento. Toda essa parte técnica deve ser pensando antes ou durante o processo de escrita, e é ela que cria a história e faz com que ela possa se tornar algo concreto e que possua uma imagem.”

Ele cita a importância de se situar um espaço e contar a historia em torno de um acontecimento, partes da unidade temática, e então ele sugere que isso gera a necessidade de uma previa organização. Sem a definição previa do que se pretende escrever é muito provável que o aluno se perca durante o texto, e mesmo após uma revisão é possível não se perceber a falta de uma unidade temática concreta.
A unidade temática mostra a sua importância nos textos de leitura e produção textual dos alunos de 1º semestre, ao se mostrar o fio condutor de todos os textos, e como sem ela os textos ficam soltos e perdidos, sem um real significado e importância. É a unidade temática que cria a “interlocução, pois o ouvinte ou leitor, sem ela, não vai poder confrontar a ordem proposta com aquela que ele construiu para si ao encetar o dialogo” (Guedes, 2009 p.95).
Tratar de muitos assuntos no mesmo texto, além de criar uma lista, faz com que o escritor traga poucas questões relevantes para seu interlocutor, e acaba não criando um todo inteligível. A tentativa de delimitação de um tema, a seleção das partes e das relações das mesmas são o que tornam interessante o texto ou uma coversa (Guedes, 2009 p.95), pois cria um assunto definido e que pode gerar uma discussão.
É nítido o desenvolvimento da Unidade Temática tanto da primeira versão para a segunda versão de cada proposta, como da primeira proposta para á ultima. Cada texto onde a unidade temática foi aperfeiçoada e melhor definida se enriquece e proporciona ao seu leitor uma melhor visualização do assunto, e um melhor entendimento do texto, conseguido, por assim dizer, aproximar o leitor do escritor otimizando a interlocução.
A importância da unidade temática é vista em todos os exemplos analisados, pois sem ela os textos não possuem um significado para o seu leitor, quando definida apenas uma unidade o leitor consegue se aprofundar e se aproximar daquele texto. Ela é importante tanto em texto que falam de experiências pessoais quanto em textos mais teóricos, pois tanto em um quanto no outro precisamos saber qual é o assunto ao lermos.

Bibliografia
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FARACO, Carlos Alberto. Pratica de texto para estudantes universitários. Cristovão Tezza. 16ª edição – Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.

KOCH, Ingedore Villaça/Elias, Vanda Maria  Ler e escrever: estratégias de produção textual. São Paulo: Contexto, 2009.

GUEDES, Paulo Coimbra. Da redação a produção textual: o ensino da escrita. São Paulo: Parábola, 2009.

GANCHO, Cândida Vilares. Como analisar narrativas. 7ª edição, Série Princípios, 2006.
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ROTTAVA, Lucia. A importância da leitura na construção do conhecimento. Espaço da Escola, editora UNIJUÍ, 2000.
BRITTO, Luiz Percivval Leme. Leitura: acepções, sentidos e valores. Nuances: estudos sobre educação, 2012.

ANÁLISE DA CONCRETUDE BASEADA NOS TEXTOS DOS ALUNOS DE LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL

Aluno 153
Aluno 155
Aluno 159




Resumo

Os alunos de letras da Universidade Federal do Rio grande do Sul (UFRGS) analisaram, na cadeira de Leitura e Produção textual, os textos feitos de acordo com a concretude. Este artigo tem como objetivo analisar as diferenças entre as primeiras versões e reescritas dos textos produzidos conforme a qualidade discursiva concretude, de cada proposta indicada pela professora ministrante da disciplina. Os dados analisados foram os trechos retirados da primeira versão e reescrita das propostas de cada aluno, e quando o aluno não apresentava problemas de concretude os trechos foram retirados do parecer fornecido pela professora. Os resultados apresentaram que após o aprendizado dos critérios de avaliação os alunos demonstraram maior compreensão da qualidade discursiva.

Palavras-chave: concretude, produção textual, análise textual.

Introdução

O intuito do artigo é analisar a característica concretude nos textos desenvolvidos pelos autores do mesmo na disciplina de Leitura e Produção Textual do curso de Letras. Os discentes realizaram a disciplina durante o primeiro semestre do curso de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

As análises foram feitas a partir de textos produzidos num período de três meses. Esses textos eram redigidos a partir de um gênero textual proposto, e, após desenvolverem critérios em sala de aula juntamente com a professora ministrante da disciplina, os alunos recebiam um parecer com possíveis ajustes a serem feitos. Por fim, entregavam a versão final das produções com as correções feitas. Os gêneros textuais propostos foram: apresentação pessoal, narração, descrição e memorial.

A realização das análises possibilitou a constatação da evolução da escrita dos alunos com base no conhecimento que desenvolviam ao longo do período em que trabalhavam com mais profundidade o gênero estudado. A escrita, de modo geral,


evoluiu ao ponto de que determinadas correções não fossem mais necessárias nos textos.

O artigo foi organizado em seis partes distintas. A primeira conta com a fundamentação teórica segundo as aulas participadas, dando foco a característica concretude, utilizada nas análises. Segue com a metodologia utilizada para a realização das análises. Na terceira parte, encontram-se os resultados obtidos dos textos produzidos. A quarta parte traz as considerações finais do artigo. A quinta mostra as referências bibliográficas utilizadas e, por fim, a sexta possui um anexo com todas as atividades realizadas ao longo do semestre.

Fundamentação Teórica

O objetivo principal da cadeira de leitura e produção textual é o de proporcionar ao aluno uma proximidade com duas habilidades, leitura e escrita, buscando tornar o aluno apto a desenvolver essas competências por meio da prática, proporcionando a ele o material necessário para estar ciente dos critérios que cada gênero textual deve conter. Embora haja uma relação entre a leitura e escrita, elas apresentam conceitos e critérios diferentes.

Primeiramente, devemos compreender o que é necessário para um texto ser considerado texto. Em Platão & Fiorin (2007), um texto ''tem coerência de sentido. Isso quer dizer que ele não é um amontoado de frases, ou seja, nele, as frases estão pura e simplesmente dispostas umas após as outras, mas estão relacionadas entre si''. Portanto, ao lermos um texto, não basta apenas entender as palavras visualizadas nele, pois elas devem estabelecer uma relação para que o conjunto delas nos mostre um sentido. O mesmo é válido para as frases, que num conjunto formarão uma unidade de sentido para entendermos o contexto do que está sendo contado.

Para dar seguimento aos conceitos de escrita e leitura, é importante ressaltar a visão de Kleiman (1995) acerca do assunto:


A compreensão de um texto é um processo que se caracteriza pela utilização de conhecimento prévio: o leitor utiliza na leitura o que ele já sabe, o conhecimento adquirido ao longo de sua vida. É mediante a interação de diversos tipos de conhecimento, como o conhecimento linguístico, o textual, o conhecimento de mundo, que o leitor consegue construir o sentido de texto. (KLEIMAN, 1995, pág. 13)

Ao longo de qualquer que seja a tipologia ou gênero textual que o leitor esteja utilizando, ele conhecerá minimamente o assunto devido ao conhecimento prévio citado por Kleiman. Dessa forma, o leitor terá o entendimento da obra facilitado ao ler o conteúdo, já sabendo determinadas informações que o auxiliarão na compreensão deste.

Por tipos de conhecimento, pode-se citar quatro gêneros textuais que foram desenvolvidos em sala de aula, que representaram diferentes formas de escrita e de serem analisados. Cada gênero requer critérios específicos para que sua leitura seja compreendida dentro de seu processo exigido. Assim, para exemplificar os processos da produção textual e leitura por que passamos, é preciso dar uma definição a essas ações.

Em Koch & Elias (2009),

O como dizer o que se quer dizer é revelador de que a escrita é um processo que envolve escolha de um gênero textual em consonância com as práticas sociais, seleção, organização e revisão das ideias para os ajustes/reajustes necessários, tendo em vista a eficiência e a eficácia da comunicação. (KOCH & ELIAS, 2009, pág. 36)

A escrita, portanto, deve ser clara e objetiva, situando o leitor do espaço que se quer contar, visando uma melhor compreensão para que o leitor se vincule ao que lê, não causando dispersões ao deparar-se com frases mal formuladas ou que deixam trechos narrativos ou descritivos mal explicados. Dessa forma, o indivíduo que analisa a história terá um conteúdo melhor absorvido para dar continuidade ao resto das ideias já absorvidas até o momento. Portanto, o leitor está condicionado à forma como a escrita é desenvolvida no decorrer de determinada obra sobre determinado assunto e


gênero. Essa relação entre escrita e leitura é essencial para que haja o pleno entendimento do conteúdo que se quer transmitir via escrita.

Visto isso, ao remetermos todos esses conceitos para a sala de aula, local onde foram dadas as propostas para os alunos desenvolverem as tarefas, temos uma base teórica de como os textos deveriam ser desenvolvidos. A partir da prática, foram criados textos com diferentes temas, nesses textos foram abordados as tipologias de apresentação, descrição, narração e memorial, e cada texto deveria seguir determinados critérios, como as qualidades discursivas.

Os textos eram avaliados a partir das seguintes qualidades discursivas: unidade temática, em que o autor deve transmitir o que ele realmente deseja passar aos leitores; questionamento, em que o autor envolve o leitor no texto fazendo com que quem lê se interesse pela história contada por meio de uma questão a ser resolvida; objetividade, que traz para o texto um tema bem definido, sem desvios de assunto, mostrando ao leitor o que o escritor deseja transmitir sobre o texto; e concretude, em que deve-se criar uma imagem para o leitor com exemplos e palavras bem definidas, visando ocasionar uma melhor visualização da cena ou situação.

Guedes (2009) diz que a Concretude deve ser feita de ideias concretas, específicas, que tenham diferenças e peculiaridades; o texto deve ser único. O texto deve mostrar para o leitor que os fatos contidos nos trechos não apresentam ambiguidade:

Concretude: fornece dados comuns, pertencentes ao convencional do cotidiano, e dados incomuns, são só pessoas, não cotidianos, tematizando a relação entre comum e o incomum até mesmo transformar-se em assunto do texto. (GUEDES, 2009, p. 117)

Portanto, o autor deve trazer para o texto informações concretas, sem ter ambiguidades, para que quem leia compreenda exatamente o que o escritor quis dizer. As informações devem ser transmitidas com clareza, ao criar uma imagem para o leitor, fazendo com que o texto seja autêntico, pois cada texto tem suas peculiaridades. Um


texto que tenha uma imagem clara da visão do autor contribui com a fluidez com que o leitor terá com o texto.

Metodologia

Para realizar a pesquisa em que será compreendida a maneira como ocorre a qualidade discursiva concretude em um texto, utilizaremos do método de pesquisa qualitativa. Esse método trabalha com o aperfeiçoamento da compreensão de um determinado grupo, suas características são:

“[...] objetivação do fenômeno; hierarquização das ações de descrever, compreender, explicar, precisão das relações entre o global e o local em determinado fenômeno; observância das diferenças entre o mundo social e o mundo natural; respeito ao caráter interativo entre os objetivos buscados pelos investigadores, suas orientações teóricas e seus dados empíricos; busca de resultados os mais fidedignos possíveis; oposição ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências.” (GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 32)

A pesquisa foi realizada com as produções textuais de três estudantes do primeiro semestre do curso de licenciatura em Letras na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Os textos foram redigidos no período de 6 de abril de 2017 até 20 de julho de 2017.

Os alunos A, B e C cursaram a disciplina de Leitura e Produção Textual, em que trabalharam sua evolução na escrita. Para poderem atender a esse propósito, escreveram a respeito dos seguintes temas: Proposta 1 - Apresentação Pessoal (gênero apresentação); Proposta 2 - Relatos de experiência (gênero narração); Proposta 3 - Descrição de um Processo (gênero descrição); Proposta 4 - Memorial de Leituras (gênero memorial); Proposta 5 - Reunião das produções realizadas no semestre (gênero artigo). As produções decorriam-se da seguinte forma: os alunos entregavam o texto proposto (Primeira Versão) uma semana após solicitado pela professora; na aula seguinte havia uma fundamentação teórica a respeito do gênero solicitado e simultaneamente os alunos recebiam suas avaliações a respeito do texto


contendo as correções necessárias para o mesmo (Parecer do aluno); a próxima aula após a entrega dos pareceres era o momento em que os alunos entregavam seus textos com as correções feitas (Reescrita), juntamente com observações a respeito de sua produção e das aulas nesse período (Diário Dialogado) e os critérios do gênero textual trabalhado desenvolvidos nas aulas seguintes a entrega da primeira versão do texto. As datas das entregas estão na Tabela 1.

Tarefa
Título do Gênero
Temática Abordada
Data da Entrega Final




1
Apresentação Pessoal
Como comecei a
4/5/2017


escrever





2
Narração
Relato de um
25/5/2017


acontecimento com



algum amigo ou familiar



que provocou um



aprendizado





3
Descrição
Como curar uma
29/6/2017


ressaca/Como trocar



um pneu/ Como rir





4
Memorial
Experiência com a
20/7/2017


Leitura





Tabela 1




Análise de Dados

Esta seção apresenta a análise das propostas textuais desenvolvidas pelos alunos A, B e C. A primeira consistia no desenvolvimento de um texto em que o aluno fizesse uma apresentação de sua relação com a escrita.

Proposta 1 - Apresentação Pessoal

Na primeira versão, o aluno A não deixa explícito como ocorreu o processo que o levou a desenvolver a escrita na primeira versão da proposta:


  1. Como não sabia ler os escritos, passei a fazer leitura das gravuras e utilizar as lembranças de histórias já ouvidas, em caso de livros repetidos. Comecei a desenvolver leitura e escrita, já que ambas andam juntas no processo de


aprendizagem, antes da idade que a maioria das crianças acaba por desenvolver. (Aluno A, 1ª Versão)

Porém, A corrige na reescrita dizendo como a leitura das gravuras o influenciou no processo de aprendizagem de escrita.

  1. Então comecei a pegar os livros e criar histórias a partir da leitura que fazia das gravuras neles. Como não mantinha uma história fixa, passei a rabiscar papéis como se aqueles riscos aleatórios fossem um escrito da história que eu contava. Mostrei minhas produções para os adultos. Vendo aquela situação, minha mãe resolveu tirar tempo – provavelmente do sono dela – para começar a me ensinar a escrever. Primeiro as letras do alfabeto e depois os sons que elas produziam juntas. (Aluno A, Reescrita)

Na primeira versão entregue pelo aluno B, o mesmo não cita quais eram as histórias que o alegravam.

  1. Demorou um tempo para eu entender que não existiam limites para a escrita, eu podia ter um padrão para o vestibular e ao mesmo tempo escrever as minhas histórias que tanto me alegravam na infância. (Aluno B, 1ª Versão)

Na reescrita, o aluno B descreve algumas das ilimitadas possibilidades da escrita que anteriormente não haviam sido citadas. Dá mais informações ao leitor que pode criar imagens a respeito da visão do autor do texto.

  1. Posso escrever sobre dragões na idade média fazendo métrica e rima, posso fazer uma resenha sobre o filme da semana passada e junto uma redação sobre os problemas atuais da poluição do rio Tietê. (Aluno B, Reescrita)

O aluno C não fornece informações necessárias, na primeira versão da proposta 1, para que o leitor crie a imagem de como ele aprendeu a escrever.

  1. Dito isso, percebo que a escrita e a leitura estão sempre juntas, por isso ''aprendi'' a escrever apenas após eu tornar a leitura uma rotina no meu modo de viver. (Aluno C, 1ª versão)


Na reescrita, ele supre essa carência ao relatar que na pré-escola teve seu primeiro contato com as letras do alfabeto, passo inicial para seu desenvolvimento de escrita.

  1. Quando iniciei a pré-escola, fui apresentado a muitas novidades no primeiro dia. A principal delas, foi quando tive meu primeiro contato com o profissional que, a partir daquele momento, seria a entidade superior que eu mais deveria respeitar a partir de meus pais, o professor; nesse caso, professora, que foi a responsável por me ensinar as primeiras letras do alfabeto. (Aluno C, Reescrita)

Proposta 2 - Relatos de experiência

A proposta dois foi sobre Narração com o tema de “Narrar um fato marcante”. O que podemos observar em relação a concretude que por abranger mais de uma imagem o autor não transmite uma imagem concreta.

  1. Consegui compreender a dor daquelas perdas – não sei qual das duas doeu mais – e consegui compreender também que, sempre que possível, não se deve deixar nenhum evento, nenhuma conversa, nenhum “eu te amo” ou “desculpa” para depois. Não temos controle sobre todas as situações, não sabemos quais surpresas a vida nos reserva. O depois é a maior ilusão que o homem pode ter. O “depois” que meu pai se arrependeu por ter dito hoje serve para que eu não use o mesmo. O momento de dar atenção e valor às pessoas que amamos é sempre agora. (Aluno A, 1ª Versão)


Na reescrita o aluno A corrigiu isso tirando algumas informações que atrapalhavam a criação dessa imagem, com palavras mais concretas o leitor pode compreender melhor o que o escritor tentou transmitir com o seu texto.

  1. Naquele momento em que a dor pela perda e pela desfortuna escolha se uniam, comecei a compreender um pouco melhor a finitude das coisas. Não temos controle sobre todas as situações, não sabemos quais surpresas a vida nos reserva. O depois é a maior ilusão que o homem pode ter. O “depois” que meu pai se arrependeu por ter dito hoje serve para que eu não use o mesmo. O momento de dar atenção e valor as pessoas que amamos é sempre agora. (Aluno A, Reescrita)



O Aluno A conseguiu de uma escrita para outra corrigir a concretude de seu texto, sendo assim o leitor pode ter um melhor imagem. O recurso que o escritor usou


foi de retirar informações para que não houvesse distrações na leitura. Fazendo com que quem leia veja melhor as informações apresentadas.

Os trechos a seguir são do aluno B foi analisado a proposta dois, e como critério a concretude nesses trechos. O primeiro trecho é da primeira versão, e na primeira parte da frase o autor não cria uma imagem concreta da cena, pois “uma lição que me foi dita inúmeras vezes pela minha vó” pode ter ocorrido em qualquer momento da vida do autor, o que deixa vago e ambígua a situação:

  1. Uma lição que foi me foi dita inúmeras vezes pela minha avó, “dê valor aos teus privilégios, nem todos podem ter o que tu tem e mesmo assim são felizes. (Aluno B, 1ª Versão)

Na reescrita o autor corrigiu esse fato restringindo a memória da avó a uma situação fazendo com que quem leia possa compreender uma imagem concreta da situação, sem deixar o texto aberto para outra interpretação:

  1. Apesar de pequenos, os privilégios que tenho são muitos, e aqueles dois sorrindo despertou em mim a lição que a minha avó sempre diz “dê valor aos teus privilégios, nem todos podem ter o que tu tem e mesmo assim são felizes”. (Aluno B, Reescrita)

A concretude no texto do aluno B apresentou problemas na primeira versão do texto e foram corrigidas na reescrita. O autor decidiu que para que não houvesse ambiguidade em relação ao que ele propunha resolveu restringir a situação narrada, para que quem leia entenda concretamente o que o escritor queria dizer.

Os trechos abaixo são do aluno C. O primeiro trecho foi retirado da primeira versão do texto correspondente a proposta de número dois. O autor deixou o texto com pouca concretude, pois a escolha de palavras subjetivas como “semblante de tristeza” podem expressar mais de uma situação, sendo assim o leitor não tem palavras concretas.

  1. Seu filho mais velho entra no quarto e percebe em seu rosto um semblante de tristeza. Ao perguntar a ela o motivo do desânimo, sua mãe responde que não estava sentindo-se muito bem. Após alguns segundos de silêncio, ela fala: ''Voltou, filho''. (Aluno C, 1ª Versão)



Na reescrita o autor escolhe usar elementos que trouxeram para o texto uma imagem mais concreta do que o escritor pretendia dizer, pois quando ele narra o processo de descoberta do retorno do câncer, ele usa palavras concretas como “médico” e os sintomas de “tontura e febre”. Esses elementos ajudam a criar uma imagem concreta para o leitor.

  1. Entretanto, ela havia ido ao médico, semanas antes do início dos jogos, queixando-se de tontura e febre depois de anos sem nenhum sintoma aparente de adoecimento. Então, após uma noite inteira dentro do posto de saúde, foi constatado que o câncer havia retornado e já tomava conta de seus pulmões. (Aluno C, Reescrita)

As escolhas de palavras feitas pelo autor das duas versõe do texto indicam a concretude, na primeira versão a falta dela e na reescrita a concretude está presente. O modo como o autor escolheu as expressões usadas nos mostra que palavras concretas transmitem maior confiança do que se está lendo e quando as palavras são mais subjetivas, como sentimentos, quem lê tem mais dificuldade de compreender o que o autor queria dizer.

Proposta 3 - Descrição de um Processo

Na terceira proposta, deveríamos fazer a descrição sobre algum dos 3 processos definidos em sala de aula: como rir/chorar, como trocar um pneu e como curar uma ressaca.

Na versão 1 (13) do Aluno A, seu texto se propõe a realizar o processo descritivo, embora em algumas passagens pudessem haver uma melhor descrição:

  1. Mesmo infeliz com a refeição, ela concordou e resolveu se ajudar. Após um almoço lento e leve e algumas doses de água, ela encaminhou-se para outro banho para que pudesse descansar melhor depois. –Minha cabeça ainda tá doendo... E lá fomos nós novamente consultar a mini farmácia de Camila; dessa vez foram os analgésicos. Escolheu o de sua preferência, tomou o remédio e foi dormir novamente. Enquanto ela se recuperava, fui para casa. (Aluno A, 1ª Versão)


Em seguida temos a reescrita, em que o autor visa acrescentar algumas informações no relato:

  1. Mesmo infeliz com a refeição, ela concordou e resolveu se ajudar. Após um almoço lento e leve e mais algumas doses de água, ela encaminhou-se para outro banho para que pudesse descansar melhor depois. Ao sair, disse não estar mais enjoada e até sua aparência havia melhorado. Mas ainda havia resquícios da noite anterior: – Minha cabeça ainda tá doendo... E lá fomos nós novamente consultar a mini farmácia de Camila; dessa vez foram os analgésicos. Escolheu o de sua preferência, tomou o remédio, mais um pouco d'água e foi dormir novamente. Enquanto ela encaminhava-se para o processo final de sua recuperação, fui para casa. (Aluno A, Reescrita)

Na reescrita (14) do Aluno A, os trechos em que necessitavam de uma explicação um pouco mais detalhada foram concretizados, dando, assim, mais dados acerca das ações da situação, pois ocorre um acréscimo de informações que o autor dá para que o leitor tenha conhecimento das ações realizadas pelo indivíduo do relato. Dessa forma, detalha ao leitor as informações pertinentes para uma melhor visualização da cena.

Na primeira versão (15) do aluno B, podemos perceber a falta de detalhamento no que diz respeito à maneira como deve ser criada a conta na rede social. Pois as orientações seguem diretamente ao modo de utilizar o site:

  1. Crie uma conta no site Facebook, ele promete ser uma rede social. Só que ao entrar no mundo da internet nada é o que parece ser. Após feita a conta você vai se surpreender com o vazio, e agora o que eu faço? Espere. Vá em pesquisar e coloque o nome daquele seu amigo, aquele que você acha mais engraçado. Aperte o botão solicitar amizade e aguarde. Enquanto o seu amigo não aceita a solicitação vá procurando outros amigos, conhecidos, a vizinha do lado todos que você conhece, aqui fazer amigos é fácil, basta apertar um botão e aguardar. (Aluno B, 1ª Versão)

Na reescrita (16) do Aluno B, são dados ao leitor exemplos dos procedimentos a serem seguidos, como escolher uma foto e preencher os campos de dados:

  1. Pegue o seu notebook, ou pode ser o seu smartphone, agora caso tenha ficado com a segunda opção vá na loja de aplicativos e escreva na ferramenta de busca a palavra Facebook. Aperte em baixar aplicativo, espere até que o download esteja concluído e já pode criar a sua conta, na página de criação de


conta irá aparecer os campos para preenchimento de dados, prometo que será rápido, coloque o seu nome, escolha uma foto que tenha ficado bem e pronto a sua página no Facebook está pronta para ser usada. (Aluno B, Reescrita)

Portanto, em (16) é notável que há uma mudança descritiva em relação ao processo de criação da conta. O autor oferece exemplos concretos das ações a serem tomadas para fornecer uma melhor compreensão ao leitor das etapas seguintes a que devem ser realizadas.

Na primeira versão (17) do aluno C, analisando sua conclusão, é possível notar que o trecho final não se enquadra com a proposta de como curar uma ressaca, já que finaliza retomando um trecho de parágrafo anterior a este, sem dar muito sentido à finalização:

  1. Acordando horas depois, obviamente não antes do meio-dia, por motivos de sequela decorrida de compromissos noturnos, nosso primeiro pensamento é apenas beber, no mínimo, 2 litros de água instantaneamente, sempre lembrando de repetir a frase a cada intervalo dos goles que pararmos para respirar. Pois, dessa forma, logo após largarmos o copo na pia, poderemos finalmente utilizá-la para demonstrar que a estatística do fetiche é verdadeira, porque os bêbados preferem as pias. (Aluno C. 1ª Versão)

Entretanto, na reescrita (18) do Aluno C, houve a exclusão do trecho final em consequência do acréscimo de uma nova descrição de ações para entregar ao leitor uma melhor visualização da cena. Além da inversão da ordem dos trechos:

  1. Finalmente, as cinco palavras foram emitidas boca a fora, assim como resquícios líquidos de nosso conteúdo estomacal, que acabou voando um metro e meio a nossa frente e ocasionando um motivo para limparmos o quarto no dia seguinte. Ao acordarmos horas depois, obviamente não antes do meio-dia, por motivos de sequela decorrida de compromissos noturnos, nossa principal realização consequente será o de beber, no mínimo, 2 litros de água instantaneamente, sempre lembrando de repetir a frase a cada intervalo dos goles que pararmos para respirar. (Aluno C, Reescrita)



Em (18), o autor se propõe a detalhar uma nova ação dando mais sentido para trechos anteriores de seu texto, já que se trata de descrever a cura de uma ressaca. Dessa forma, houve a exclusão do trecho que se referia à pia, em que não se


enquadrava com a conclusão por ter deixado dúvidas ao leitor no sentido que aquele trecho deveria dar ao texto.

Proposta 4 - Memorial de Leituras

Na proposta 4, deveríamos relatar nossa experiência com leituras utilizando-se de referências teóricas de autores para embasar nossas considerações no texto.

Na primeira versão (19) do aluno A, sua descrição do livro encontrado é bem detalhada, o que facilita a compreensão do leitor dando-lhe uma imagem concreta do objeto representado no cenário.

  1. Livro vai, polígrafo vem, acabei me deparando com uma capa branca com azul em que uma moça que segurava um radinho ao ouvido estava desenhada. [...] Mais uma vez fiquei observando a arte da capa. Lembro de achar a moça do radinho com uma expressão tão triste, por isso olhava tanto. (Aluno A, 1ª Versão)

Como o texto do aluno A cumpriu com todas as qualidades discursivas, não foi necessário a reescrita de nenhum trecho. Portanto, em (20), foram apenas citados fragmentos do parecer do aluno relatando sua proposta cumprida.

  1. Você faz uma abordagem interessante acerca de uma “releitura” que faz de “A hora da estrela”. [...] Me parece que os parágrafos são bem estruturados e que as informações dadas são pertinentes. (Parecer do Aluno A)

O aluno B não realizou a tarefa 4, portanto, excepcionalmente, no tópico dessa proposta e apenas para esse aluno não teremos nenhum exemplo a ser disponibilizado para se realizar comparações entre versão 1 e reescrita.

Na primeira versão do aluno C, ele fornece ao leitor informações necessárias para que se construa uma imagem da sua relação com a leitura.

  1. Percebi que no momento em que decidi comprar um livro biográfico, este foi o que me abriu as portas para o mundo da leitura, de fato, pois foi a partir dele que pude ter o entendimento de uma leitura em que absorvi o conhecimento que eu esperava. (Aluno C, 1ª Versão)


O texto do aluno C não necessitou ser reescrito, pois conforme o próprio parecer, “seu texto ficou bem interessante, possui um tema central, e está bem coeso.” (Parecer do Aluno C).

Percebemos que com o decorrer das tarefas desenvolvidas, os alunos desenvolvem gradualmente a percepção de como encaixar as qualidades discursivas nos determinados gêneros e tipologias textuais, assim, na última tarefa, proposta 4, vimos que os alunos apresentaram melhor domínio da escrita para cumprirem com suas propostas.

Considerações Finais

Com base nos dados mostrados até aqui, percebemos que houve uma significativa evolução da escrita referente aos alunos A, B e C. Essa conclusão nos leva a identificar uma desenvoltura no quesito de suas escritas pessoais e de suas percepções acerca do que deveriam corrigir nos textos, pois a necessidade do que se precisaria revisar e reformular era baseado de acordo com o parecer enviado pela professora ministrante. Assim, concluímos que não só a escrita, mas também a identificação das qualidades discursivas nos textos, através da prática, foram um ponto importante para que no decorrer das aulas e nas consequentes propostas, essas habilidades se desenvolvessem.

Embora apenas a concretude tenha sido analisada junto aos dados fornecidos até aqui, outras capacidades como a linguagem a qual se deveria ser escrita, por exemplo, foram também desenvolvidas com a ajuda das discussões em aula, referentes aos textos dos colegas, e leituras relativas aos determinados gêneros e tipologias textuais os quais trabalhamos. Dessa forma, nossa análise tornou-se mais crítica sobre a forma como enxergamos e adquirimos a informação de determinado texto. Segundo Rottava (2012)

Enquanto os leitores têm propósitos ao se dedicarem a uma tarefa de leitura, esses propósitos têm uma relação com um contexto em particular e estão relacionados às experiências dos leitores como sujeitos participantes de uma cultura ou de um meio social. (ROTTAVA, 2012. p. 165)


Por isso, o objetivo da temática das aulas foi muito propício a fazer com que os alunos se aproximassem tanto da leitura como da escrita por meio de suas respectivas práticas. Assim, o aprendizado o qual buscamos durante o semestre pôde ser adquirido de forma suficiente para suprirmos a dificuldade por que passamos no início das tarefas, dando-nos, assim, segurança para podermos escrever variadas tipologias e gêneros textuais.

Referências

GERHARDT, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise Tolfo (org). Métodos de pesquisa. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009.

GUEDES, Paulo Coimbra. Da redação à Produção Textual: o ensino da escrita. São

Paulo: Parábola, p. 80-121, 2009.

KLEIMAN, Angela. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. 4. ed. Campinas:

Pontes, p. 7-27, 1995.

KOCH,  Ingedore  Villaça  &  ELIAS,  Vanda  Maria.  Ler  e  escrever:  estratégias  de

produção textual. São Paulo: Contexto, p. 30-52, 2009.

PLATÃO, F. & FIORIN, J. L. Lições de texto: leitura e redação. 5. ed. São Paulo: Ática, 2006.

ROTTAVA, Lucia. A leitura em contexto acadêmico: o processo de construção de sentidos de alunos do primeiro semestre do curso de letras. Santa Cruz do Sul: Signo, v. 37 n.63, p. 160-179, jul.-dez., 2012.