Reescrita
Aluno 121
No texto Leitura: Acepções, Sentidos e Valor, Luiz Britto identifica o consenso social de que ler é bom, relacionando-o ao papel humanizadora da leitura. Para isso, o autor destaca a ampliação da subjetividade e a ação com propriedade na sociedade oriundas da leitura. Tendo como base essa teorização, percebi que a minha história como leitor se divide em duas fases.
A primeira, mais inocente, foi estimulada pelos livros infantis que minha mãe lia para mim, e também pela devoção familiar em relação à literatura. Algo me fascinava quando via meus pais lendo. Talvez o somatório da quietude, concentração, deleite e leveza envolvidos e que de alguma forma pareciam refrescar as energias da casa. A minha experiência, no entanto, era bem mais simples. Me aventurava pelos livros tendo como único objetivo o entretenimento imediato, especialmente compartilhar as aventuras das personagens.
A grande mudança tornou-se viável na sexta-série. As aulas de Língua Portuguesa começaram a tratar mais sobre literatura. As leituras solicitadas, além de mais consagradas, como contos de Allan Poe e de Machado, eram mais numerosas e deliciosamente discutidas em aula. A partir das contextualizacões da professora acerca do autor e do gênero literário, os alunos expressavam suas conclusões e opiniões sobre as obras. Foi então que percebi, que minha leitura ate aqui era um tanto quanto descomprometida. Como era muito mecânica, não obtida tantas conclusões como os outros. Enquanto meus colegas desenvolviam fatos subentendidos, inter-relações entre os personagens e o cenário e outras variadas significações, eu ficava mais restringido aos fatos principais da narrativa.
A partir de então, comecei a me dedicar mais ao ler. Acredito que quando investigamos as significações e sentidos que os textos possibilitam, tomamos mão de estratégias, buscamos nossas referências de mundo, de conhecimento e então uma leitura mais crítica naturalmente se estabelece. Como o pedagogo Paulo Freire teoriza, o ato de ler passa a ser mais do que a simples decodificação mecânica da palavra escrita, torna-se uma relação dinâmica entre linguagem e realidade.
O mais bonito para mim é que ao mesmo tempo em que adotei uma postura crítica como leitor, também me permiti aprender muito mais a partir do que leio. Para nos abrirmos ao texto, primeiro nos colocamos numa posição de humildade e daí a intelecção de saberes se enriquece automaticamente. Seja se for uma ficção ou texto teórico ou outras abordagens, procuro ler sem pressa nem preguiça e explorando, por consequência, o poder humanizador e formativo da leitura.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRITTO, Luiz;Leituras: Acepções, Sentidos e Valor. Nuances: estudos sobre Educação, 2012
FREIRE, Paulo; A Importância do Ato de Ler: em tes artigos que se complementam, Cortez Editora. 1989
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