Aluno 145
Reescrita
A leitura perpassa nossas vidas em diversos aspectos, tantos que mal percebemos o quanto lemos a cada minuto. Desde que fui alfabetizada - conceito que, de acordo com Rottava (2000, p. 12), constitui-se apenas do aprendizado relacionado à leitura e à escrita - nos anos iniciais do ensino fundamental, nunca mais consegui parar e acabei adquirindo a mania de percorrer com os olhos qualquer meia dúzia de letras tentando encontrar algum significado. A maioria das pessoas é estranha ao caráter cotidiano da leitura, tendendo sempre a imaginar o ato de ler como a escolha de um texto literário ou um texto acadêmico, devorando cada palavra, cada significado. Entretanto qualquer leitura imbuída de um propósito pode ser elemento construtor de conhecimento, assim como Rottava destaca:
A leitura só é parte da construção do conhecimento como prática social que se insere nas práticas discursivas do leitor de que o leitor participa no cotidiano (Esse leitor a que me refiro inclui o letrado e o iletrado, o das leituras acadêmicas e o das outras leituras, o leitor que busca que busca um conhecimento enciclopédico e o que busca um conhecimento que o ajude nas tarefas do cotidiano [...]). (ROTTAVA, 2000, p. 13)
Sempre que fico entediada ou desconfortável, independentemente do lugar onde me encontro, tendo a procurar alguma coisa para ler. Normalmente, nesses momentos, a única coisa que me resta é procurar alguma leitura no celular, na maioria das vezes mensagens em alguma rede social ou reportagens em sites de notícia. Quando nada disso me satisfaz, começo a ler qualquer placa ou até mesmo embalagem que se encontre ao alcance dos meus olhos sedentos por distração. Em muitas dessas “leituras do ambiente”, já me deparei com informações inusitadas - o que para muitos podem ser consideradas como parte de uma “cultura inútil” - sobre inúmeros assuntos que teriam passados despercebidos por leitores desatentos e decidi incorporá-las ao meu conhecimento de mundo (ROTTAVA, 2000, p. 15).
Acredito que a leitura, ainda que por propósitos tão simples quanto passar o tempo na sala de espera do hospital, tenha muito a agregar ao nosso conhecimento, trazendo elementos que possam vir a ser utilizados em outros momentos de nossas vidas. Isso é o que faz com que o ato de ler seja algo imprescindível na minha vida. Como irei saber se algum dia não vou precisar falar sobre as informações nutricionais da barra de cereal que consumi enquanto esperava minha mãe sair do oncologista? Eu prefiro estar preparada para debater sobre qualquer assunto, por mais inusitado que ele seja.
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