terça-feira, 18 de julho de 2017

LEITURA: ACEPÇÕES, SENTIDOS E VALOR

Aluno 169
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Resenhado por Luís Felipe Maliszewski

BRITTO, Luiz Percival Leme. Leitura: acepções, sentidos e valor. 2012.

Britto inicia seu texto com uma reflexão acerca do porquê de a leitura ser importante para as pessoas, mas exemplifica que nem toda a leitura pode ser considerada como algo proveitoso. Já que ler a bula de um remédio trará informações diferentes em comparação à história de um livro, por exemplo. A partir desses pontos, o decorrer do texto é desenvolvido a partir de duas perguntas: Que é leitura? e Que se quer promover quando se promove a leitura?
Para responder à primeira pergunta, o autor utiliza-se dos sentidos que a palavra leitura está inserida de acordo com seu contexto, fazendo a análise no dicionário Houaiss. A palavra apresenta diversas formas de ser interpretada, e, baseado nisso, o ensaio é desenvolvido:

''A diversidade dos gêneros e de usos amplia as possibilidades de compreender e as formas de ação intelectual subentendidas na ação: a leitura de uma notícia não tem as mesmas características que a leitura da carta ou de um e-mail, que é distinta da leitura de um ensaio, que não se faz do mesmo modo que a leitura de um romance''.

Há 13 acepções identificadas no dicionário para o verbete leitura. É interessante a observação que Britto faz sobre o discernimento a que são submetidos os diversos significantes da palavra analisada, pois o significado de leitura nem sempre se refere à identificação de palavras em seu sentido de decodificá-las no papel, mas também, de outras formas, como a leitura de uma situação que exige uma observação ou a ''leitura de mão'', no caso de cartomantes e videntes.
É importante ressaltar que a leitura nesse sentido de ''prever acontecimentos pessoais'', não é considerada de fato leitura – de acordo com o dicionário – apesar de ser considerada uma metáfora por se enquadrar com essa denominação, já que os mesmos sinais os quais um cartomante verifica poderiam ser interpretados de maneiras diferentes por pessoas diferentes. Entretanto, a leitura em sentido de emitir opinião ou de fazer a análise de uma situação, já pode ser empregada de forma mais concreta, mesmo que assim como o primeiro exemplo, não seja uma leitura de palavras.
O valor do significado de leitura, utilizando-se desses exemplos, não deve ser confundido com o valor da interpretação e decodificação de signos escritos, pois estes trarão utilidade no quesito do cultural, diferente do observar e refletir uma ação ou momento. Por isso, os que apenas exercitam sua capacidade nestas condições, não podem ser considerados leitores, já que não presenciam vocábulos escritos em material físico, por mais que a denominação do ato seja uma leitura de alguma vivência.
Em seguida, o autor aborda a significância que apresenta uma leitura da escrita comparada à leitura de um filme, telejornal etc. Para ele, ao observar os signos de frases escritas, quem comanda o ritmo e o desenrolar da compreensão que estamos tendo somos nós. Diante da televisão, as imagens e cenas que visualizamos nos permite receber a mensagem tão claramente quanto quando lemos, a diferença é que não podemos praticar a arte de imaginar a cena da forma que queremos, ela já virá pronta aos nossos olhos, como é citado no seu ensaio: ''não se pode controlar, como no caso da escrita, o ritmo da ação intelectiva nem considerar outras possibilidades além daquela que se vê''.
Para responder à segunda pergunta, Britto inicia dando exemplos de quais tipos de leituras usufruímos em nossas rotinas, seja uma leitura para distração ou lazer; seja uma leitura para estudar e aprender. Ele defende que uma leitura simplesmente para passar o tempo é um conhecimento desperdiçado, afinal, o bom entendimento de uma leitura proveitosa, abrirá novos horizontes para quem a usufruir, pois ler é uma das principais formas de enxergar o mundo através das palavras, além de exercitar a mente ao imaginar as ações que nos deparamos ao ler.
A resposta da pergunta, portanto, seria a promoção do conhecimento a nós. Não apenas uma leitura qualquer para dizermos que temos o costume de praticá-la, mas sim uma leitura direcionada, algo que nos traga a vontade de refletir sobre determinado assunto, já que, assim, esse mesmo assunto pode nos levar a querer pensar sobre outro ponto e assim em diante. Dessa forma, a leitura tornaria-se um ciclo de aprendizado, pois sempre procuraríamos buscar mais conhecimento, como é exemplificado por Britto:

''Estimular a livre escolha não é errado, mas tampouco é a totalidade; certamente, é errado dizer que o que o leitor escolhe é bom e basta; a promoção da leitura não pode submeter-se (ao) mimetismo do imediato, devolvendo a cada um o que lhe já é conhecido; ela precisa buscar um diferencial – a potencialidade de abrigar o conhecimento humano''.

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