Aluno 138
1 VERSÃO
A leitura é algo que me rodeia desde a infância no colo de minha mãe. Sendo algo sempre estimado e bem valorizado pela sociedade, afinal, ler é o primeiro passo para ‘se tornar alguém na vida’, ou seja, para se manter na escola.
Escola essa que sempre demonstrava seu interesse pela minha leitura em voz alta, algo que causava grande constrangimento, principalmente no início do aprendizado da leitura. Na verdade até hoje é um constrangimento. Mas se parar para pensar, essa leitura pode ser feita cujo ‘benefício’ não implique em constranger o aluno, mas sim, transmitir a leitura a quem não pode exercê-la efetivamente.
Britto (2012) diz que existe a “leitura com os ouvidos”, designada aquelas pessoas que não conseguem ler. O que faz com que eu reflita e me sinta culpada por ‘desprezar’ este modo de leitura, já que, para muitos, é o único meio de ler um livro.
“É certo que, em situações especiais, a primeira das duas ações compreendidas no ato de ver – a decifração – pode ser elidida (quando, por exemplo, se enuncia em voz alta o texto escrito para uma audiência que, por algum motivo, não realize a decifração) e, ainda assim, a leitura ocorrer – a isso tenho chamado de ‘ler com os ouvidos’.”
(Britto, 2012 – Pág. 10)
A leitura depois de um tempo, saiu do passatempo, e entrou para a obrigação, afinal, nas séries iniciais, você tem de ler o livro que escolheu na biblioteca da escola, não o livro pré-determinado pelo professor. O que em certo ponto se torna desanimador, pois o tempo que era destinado ao lazer e a construção vocabular, se tornou algo apenas para ensino. Apesar de que, admito, maior parte de minhas leituras ‘por lazer’, se dão em torno de livros nada estimados academicamente, alguns até esquecidos após alguns meses da leitura.
Britto classifica isso como sendo ‘alienação’, é como se lêssemos sem nos dar conta do que realmente o texto nos diz. E no fim, são apenas números, títulos cujas histórias eu nem me lembro, mas tudo apenas para ter um status de boa leitora, afinal, quanto mais você lê, mais conhecimento adquire, mais culta você é, certo?
“(...) vincular a prática da leitura aos ganhos materiais ou de posicionamento social, em função da ampliação da capacidade de ação, não é mais que reduzir essa prática a dimensão pragmática da competitividade.”
(Britto, 2012 – Pág. 13)
Se fosse quantidade que importasse, leria todas as placas das ruas por onde passo, e assim talvez, construiria um livro inteiro, pela quantidade de palavras lidas. O problema é que essa ironia só me foi mostrada depois de alguns anos em meio a livros, o que de certa forma me causou grande constrangimento pela forma como eu tratava deste assunto.
Mas ao mesmo tempo que quantidade não importa, o conteúdo importa, o que de certa forma foi ignorado por minha brilhante mente, que qualquer livro, era mais um para a coleção. ‘Estou ficando mais inteligente’, certamente que não!
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