1 Versão
Aluno 177
Primeiro nós não sabemos o que esta acontecendo, depois começamos a achar que é nossa culpa, quem sabe com o tempo possamos descobrir que não é, que na verdade é culpa do mundo em que vivemos, que é dele – ou dela – que está ali no nosso lado jurando amor eterno.
No começo eram flores, literal e figurativamente. Depois, ele começou a ter ciúmes: primeiro dos homens a sua volta, na rua, no trabalho, no restaurante, qualquer olhar dirigido a ela significava problema – mas só pra ela. Então ele veio a ter ciúmes dos amigos: “Você é carinhosa demais, atenciosa demais”, “ele esta dando em cima de você e você esta deixando, esta se oferecendo”. Um tempo depois até da família ele tinha ciúmes: “Você fica tempo de mais com eles”, “ta sempre lá, não quer mais ficar em casa”, etc.
Depois doo ciúmes veio as limitações: “essa roupa curta” , “esse decote muito grande”, “essa maquiagem exagerada”, “vai te trocar”, “te veste que nem mulher direita”, “tira esse batom vermelho”. Pra ela era tudo normal, cresceu ouvindo que mulher tem que obedecer ao homem, se reprimir, tem que ser pra casar, não ser tão inteligente. Ela que sempre foi inteligente, subiu na vida com o próprio esforço, teve que ouvir os colegas de trabalho comentando: essa daí fez o teste do sofá; imagina se o noivo escuta, ela vai ter que largar o emprego, capaz até de ter que ficar só em casa.
Eles brigavam por tudo, sempre algum motivo que ele achava – a roupa, o trabalho, o ciúmes –, ele gritava e dizia que ninguém iria querer ela: burra! Gorda! Feia! Ele cuidava pra alto estima dela sempre ser baixa, e ela sem ver só descia ladeira abaixo. Às vezes ele se arrependia de brigar, pedia desculpa, jurava amor eterno e que nunca mais iria acontecer
Ninguém percebia o que acontecia e ela também não contava pra ninguém. Foi ai que uma amiga falou pra ela de um post do facebook sobre relacionamento, e os ciclos: onde aumentava a tensão, aí havia a explosão e depois vinha à lua de mel. Ela foi se identificando com os exemplos que a amiga dava, resolveu contar pra amiga: “meu deus, tu tem que terminar, ele só te faz mal.”. O que a amiga não entendia é que ela estava destruída por dentro, não tinha autoestima, vontade, ela se odiava e se sentia vazia.
Com o tempo, cerca de um mês, ela – e a amiga – foram conversando, ela foi vendo que não dava mais, foi tomando coragem de seguir em frente e recomeçar: “é hoje, vou terminar com ele”. Naquela noite todo mundo ouviu, ele gritou, chorou, até ameaçou se matar. A amiga sempre do lado, não a deixou recuar. Foi embora sem olhar pra trás.
A amiga, eu, quando viu a historia dela, tão de perto, aprendeu e descobriu que relacionamento abusivo existe e pode destruir com esta dentro dele. Um pouco mais d eu ano depois, ela esta recuperada, mas nunca vai esquecer o que aconteceu, sempre vai ficar marcada.
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