quarta-feira, 26 de julho de 2017

A Pedra Filosofal

Aluno 163
Reescrita


Hoje, se eu tivesse que escolher um ponto de partida para começar a  contar sobre a minha experiência como leitora diria que teve início quando completei 11 anos. Até aquele momento, na sexta série, os únicos textos que eu tinha confrontado tratavam de assuntos que não me interessavam e, normalmente, precisavam ser explicados pela professora durante as aulas. No entanto, isto mudou no Natal de 2006 quando ganhei o primeiro volume de Harry Potter - “A Pedra Filosofal”.
E, assim como outros milhares de jovens distribuídos pelo mundo, foi com J.K. Rowling que adentrei o universo literário e comecei a minha trajetória como leitora. Daquele momento em diante, deixei de enxergar a leitura como uma atividade maçante e passei a entender que era possível enfrentar duzentas páginas por livre e espontânea vontade.
Depois de Potter vieram outros livros de diferentes gêneros e assuntos que serviram para demonstrar o quão proveitoso ler poderia ser e me tornar uma leitora mais crítica. Essa criticidade segundo Kleiman (1995) diz respeito à focalização do aspecto interacional da leitura, ou seja, é a capacidade de reconhecer a existência de intenções e objetivos de autores dentros de seus textos.
Passei a entender também que a leitura mesmo sendo uma atividade, na maior parte das vezes, solitária é um ato social em que leitor e autor interagem entre si com algum propósito. Isto, consequentemente, demonstra as diferentes dimensões que compõem um livro e a próprio exercício de leitura.
Acredito que seja válido avaliar minha resistência com a leitura até o primeiro livro de fantasia. Acho que dois pontos são latentes nessa transição de ler por obrigação para ler por lazer. O primeiro deles é o afastamento da leitura, com o qual eu estava acostumada aos 11 anos, da prática social, ou seja, não havia um propósito por trás dos textos apresentados, eles serviam apenas como treinamento para decodificação (Rottava 2000).
O segundo diz respeito à dificuldade dos textos, fui apresentada a leituras que não se enquadravam no meu nível de conhecimento; o vocabulário não era compatível com a seriação que me encontrava e os assuntos complexos demais. De acordo com Perini (1980), esta é justamente uma das principais dificuldades que leitores principiantes encontram, os textos são difíceis demais para serem acompanhados.
Em vista disso, compreendo a necessidade de que alguns aspectos específicos, como vocabulário e complexidade, sejam usados para seleção de textos dentro da sala de aula; é preciso que os professores se atentem à influência que tem sobre a maneira que seus aluno enxergam a leitura. Acredito que crianças e adolescentes precisam ser estimulados, tanto pelos familiares quanto pela escola, para se interessarem por essa prática e entenderem o quão proveitoso pode ser abrir um livro. E ressalto, que além de contribuir para formação de determinada postura crítica, ler instiga a busca por conhecimentos.

REFERÊNCIAS
KLEIMAN, Angela; Texto e Leitor: Aspectos Cognitivos da Leitura, 4ª ed., Campinas, SP: Pontes, 1995, pg. 11.
ROTTAVA, Lucia; A importância da Leitura na Construção do Conhecimento. Palestra: Ijuí, 1999, pg. 13.
PERINI, M.A.; Tópicos discursivos e legibilidade dos textos; Retirado de Kleiman.

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