segunda-feira, 10 de julho de 2017

Apenas uma frase

Reescrita
Aluno 169

''Eu nunca mais vou beber''. Você com certeza já pronunciou ou ouviu essa frase após os sintomas de uma madrugada ébria começarem a fugir do nosso corpo ao tentarmos nos recuperar, após a noitada, numa balada. Entretanto, a sua pronunciação ocorre sempre para premeditar outra ação: a de que daremos início a uma tentativa de curar nossa consequente ressaca logo em seguida, e não para realmente afirmar que nunca mais beberemos.
Assim como o Homem-Aranha utiliza o seu denominado ''sentido aranha'' para perceber ameaças ao seu redor, nosso cérebro parece programado para nos fazer dizer essa frase quando algo não irá acabar bem. Ela serve para preparar o psicológico de que algo virá pela frente, em muitos casos - literalmente -. Já que fazer um misto de bebidas destiladas com cachaça numa festa ''open bar'' pode não ser a melhor opção para quem não curte sujar, de vômito, a roupa do amigo ou a pia do banheiro. E cito especificamente a pia, pois os bêbados têm fetiche por elas, afinal, nunca conheci um único pinguço que se encaminhasse até ao banheiro, levantasse a tampa da privada e regurgitasse dentro do vaso; a pia é sempre a mais disputada.
Ainda na balada, após percebermos aquele conhecido peso no estômago de quem acabou de tomar uns tragos e saiu cambaleando depois de uma cachoeira de álcool ter entrado em nosso organismo, está na hora de desligar a mente e dormir como um espalhafatoso. Afinal, nosso cérebro já está cansado de presenciar tanta bobagem sendo dita por uma boca catingando a Velho Barreiro. Ele quer nos deitar, nos fazer descansar, e deixar um trabalho longo e cansativo para o nosso pobre fígado, que tentará metabolizar essa quantidade absurda de álcool ingerido.
Ao sair do local de farras, o momento em que finalmente deitamos na cama, após um táxi nos ter deixado na frente de casa, são segundos de reflexão sobre a noite. É o período em que balbuciamos, sozinhos, palavras aleatórias tentando conversar com nós mesmos sobre o espetáculo que fizemos ao escandalizar na madrugada, mesmo depois de ter contato toda a história da noite para o motorista. Enquanto resmungamos de olhos fechados, quase dormindo, finalmente lançamos a tão esperada frase: ''eu nunca mais vou beber''.
Finalmente, as cinco palavras foram emitidas boca a fora, assim como resquícios líquidos de nosso conteúdo estomacal, que acabou voando um metro e meio a nossa frente e ocasionando um motivo para limparmos o quarto no dia seguinte. Ao acordarmos horas depois, obviamente não antes do meio-dia, por motivos de sequela decorrida de compromissos noturnos, nossa principal realização consequente será o de beber, no mínimo, 2 litros de água instantaneamente, sempre lembrando de repetir a frase a cada intervalo dos goles que pararmos para respirar.

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