Reescrita
Aluno 169
''Eu nunca mais vou beber''. Você com certeza já pronunciou ou ouviu essa frase após os sintomas de uma madrugada ébria começarem a fugir do nosso corpo ao tentarmos nos recuperar, após a noitada, numa balada. Entretanto, a sua pronunciação ocorre sempre para premeditar outra ação: a de que daremos início a uma tentativa de curar nossa consequente ressaca logo em seguida, e não para realmente afirmar que nunca mais beberemos.
Assim como o Homem-Aranha utiliza o seu denominado ''sentido aranha'' para perceber ameaças ao seu redor, nosso cérebro parece programado para nos fazer dizer essa frase quando algo não irá acabar bem. Ela serve para preparar o psicológico de que algo virá pela frente, em muitos casos - literalmente -. Já que fazer um misto de bebidas destiladas com cachaça numa festa ''open bar'' pode não ser a melhor opção para quem não curte sujar, de vômito, a roupa do amigo ou a pia do banheiro. E cito especificamente a pia, pois os bêbados têm fetiche por elas, afinal, nunca conheci um único pinguço que se encaminhasse até ao banheiro, levantasse a tampa da privada e regurgitasse dentro do vaso; a pia é sempre a mais disputada.
Ainda na balada, após percebermos aquele conhecido peso no estômago de quem acabou de tomar uns tragos e saiu cambaleando depois de uma cachoeira de álcool ter entrado em nosso organismo, está na hora de desligar a mente e dormir como um espalhafatoso. Afinal, nosso cérebro já está cansado de presenciar tanta bobagem sendo dita por uma boca catingando a Velho Barreiro. Ele quer nos deitar, nos fazer descansar, e deixar um trabalho longo e cansativo para o nosso pobre fígado, que tentará metabolizar essa quantidade absurda de álcool ingerido.
Ao sair do local de farras, o momento em que finalmente deitamos na cama, após um táxi nos ter deixado na frente de casa, são segundos de reflexão sobre a noite. É o período em que balbuciamos, sozinhos, palavras aleatórias tentando conversar com nós mesmos sobre o espetáculo que fizemos ao escandalizar na madrugada, mesmo depois de ter contato toda a história da noite para o motorista. Enquanto resmungamos de olhos fechados, quase dormindo, finalmente lançamos a tão esperada frase: ''eu nunca mais vou beber''.
Finalmente, as cinco palavras foram emitidas boca a fora, assim como resquícios líquidos de nosso conteúdo estomacal, que acabou voando um metro e meio a nossa frente e ocasionando um motivo para limparmos o quarto no dia seguinte. Ao acordarmos horas depois, obviamente não antes do meio-dia, por motivos de sequela decorrida de compromissos noturnos, nossa principal realização consequente será o de beber, no mínimo, 2 litros de água instantaneamente, sempre lembrando de repetir a frase a cada intervalo dos goles que pararmos para respirar.
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