Aluno 184
Reescrita
Para que ninguém precise, que nem eu, passar sufoco num calor de 35ºC ao trocar um pneu, resolvi escrever um pequeno manual sobre como o fazer da maneira menos traumática.
Para começo, deixe para furar o pneu a uma temperatura amena (recomendo meio do Outono ou da Primavera). Esse primeiro passo é bem importante, pois se for em pleno Verão ou Inverno, só lhe desejo ou uma ótima limonada ou uma manta bem quentinha.
Ao perceber que o seu pneu está furado, aja naturalmente como se aquilo fosse algo banal com o qual está acostumado a lidar e vá direto ao seu arsenal de utensílios empoeirados no porta-malas do seu carro. Faça então um esforço tremendo para tirar o estepe daquele espaço apertado onde é mantido em segurança - tente não enfiar muito os dedos, pois é feito sob medida para o pneu (como se ele fosse saltar sozinho de lá ao ser convocado).
Agora, mãos à obra! Tenha em mãos aquela ferramenta que parece um L e a encaixe no primeiro parafuso (se você tiver a que parece um sinal de mais, desconsidere este passo); tente, então, soltá-lo. Após perceber o quão fraco é, encaixe de novo a ferramenta no mesmo parafuso, erga-se, coloque-se em posição favorável e então chute o L em sentido anti-horário com toda sua força. Repita esse processo algumas vezes por parafuso para afrouxá-los um pouco, em todos os parafusos - mesmo quando seu pé escorregar para o lado, mantenha a pose. Quero que pense agora no quão difícil foi soltar os parafusos, pois se para soltar o parafuso foi esse esforço tremendo, imagine para apertá-lo depois... Essa lembrança será importante para mais perto do fim do processo. A colocação do macaco deve ser em posição exata; tanto sua, quanto do macaco: você deve estar de quatro igual a um cachorro. Quanto ao macaco, deve ser colocado na parte de metal mais grossa à frente ou atrás do pneu, dependendo de qual estiver furado. Erga então o carro. Pare por um segundo, refresque-se e sinta-se rapidamente feliz por ter chegado tão longe, só para logo em seguida pensar que está só na metade do caminho.
Retire, então, os parafusos já afrouxados e logo em seguida o pneu. Pegue a seguir o estepe em mãos e tente encaixá-lo. No meio tempo em que tenta colocar o pneu no seu devido lugar, você irá perceber que não sabe qual é o determinado lugar, ao mesmo tempo em que os seus braços começam a tremer pelo peso da coisa redonda em suas mãos. Resigne-se novamente, tome água e retome o processo.
Após o suposto encaixe perfeito no eixo, pegue em mãos a sua já conhecida chave (a tal ferramente de L) e semi-encaixe os parafusos; desça o carro do macaco e prepare-se para o final. O processo agora é parecido com o de retirada dos parafusos, porém com um detalhe a mais e em sentido horário: chute o L, erre o L, sinta raiva, acerte o chute e repita. Após ter 3 deles completamente apertados e a perna cansada de chutar, o quarto parafuso parecerá que não está bem preso. Esse pensamento o fará pensar nos outros 3 que já foram “apertados” e fará uma ligação direta com a dificuldade que você teve para soltá-los previamente, trazendo à tona a noção de que (bem) provavelmente você não os apertou suficientemente (eu disse que era importante manter essa dificuldade na cabeça). Neste momento, ao passo que você guarda seus utensílios, você pensará algumas vezes em situações nas quais o seu pneu solta e com isso causa um acidente - tudo parte natural do desafio.
Entre um misto de líquidos pelo seu corpo: graxa, água, suor e talvez até lágrimas , um sorriso se abrirá e, dependendo do caso, possivelmente um pequeno grito de auto consagração. O orgulho é todo seu mesmo.
Eis então o meu manual sobre como se trocar um pneu de carro.
P.s.: você pode também ligar para o seguro.
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