Aluno 117
Reescrita
Possivelmente, a parte mais essencial para a minha formação na leitura foram meus pais; contavam-me histórias próprias ou liam de livros que estavam à disposição. Os livros que liam eram diversos, desde Monteiro Lobato a apenas o livro que encontramos no posto de gasolina que comentava sobre como o menino petróleo se transforma em combustível.
Verifica-se:
A família também não deve deixar somente para a escola o papel de despertar, incentivar e motivar a leitura. Grande parte dessa responsabilidade é também dos pais, que devem proporcionar aos seus filhos o acesso às publicações e incentivá-los à leitura. (ROTTAVA, 2006)
Quando comprados, os livros sempre tinham destinos diversos, já que meu pai, como trabalhava em construções de obras, trazia-me de todos seus locais de trabalho um pequeno livrinho para ler e, junto com ele, era me contada a história da cidade e da casa que construía, nisso no momento que ele chegava em casa era fácil de esperar meu movimento bucal perguntando onde encontrava-se o livro que ansiosamente seria lido naquela mesma noite. Assim como Rottava (2006) diz, “a compreensão de um texto é um processo que se caracteriza pela utilização de conhecimento prévio: o leitor utiliza na leitura o que ele já sabe, o conhecimento adquirido ao longo de sua vida”, logo minha leitura tornou-se algo que se misturava com a minha vida, seja pela minha curiosidade sobre ‘qual livro será me entregue ao retorno de meu pai’ a ‘qual a próxima saga que lerei’; e com isso que, de acordo com Kleiman (1995), consigo construir e estabelecer as minhas conexões de mundo.
Alfabetização significa apenas a ação de ensinar/aprender a ler e a escrever, enquanto letramento diz respeito à condição de quem não apenas sabe ler e escreve, mas cultiva (dedica-se a atividades de leitura e escrita) e exerce (responde às demandas sociais também dessas mesmas habilidades) as práticas sociais que usam a escrita. (ROTTAVA, 2006)
Esses mesmos livros que eram me dados ou alugados auxiliaram-me no processo de alfabetização junto com todo desenvolvimento escolar, isto é, eram a minha fonte extra que levava a sala de aula junto com bilhões de questionamentos. A leitura que meus pais me trouxeram não só me auxiliou a decidir quais livros ler, mas também a complementar aquilo que a escola me oferecia buscando mais, conseguindo eu mesmo criar minhas referências. Foi lendo um livro de animais que descobri a ave ximango, semelhante a um falcão, que era desconhecida pela minha professora no momento que apresentou a aula do alfabeto e na letra x ao perguntar que outra palavra poderíamos colocar ignorou e duvidou de minha resposta: ximango. Zilberman (2008) comenta que “a leitura estimula o diálogo, por meio do qual se trocam resultados e confrontam-se gostos”, com isso, já que eu realmente havia lido e sabia da existência da ave, trouxe noutro dia a prova de que ximango existe e voa, assim como eu, livremente por aí mesmo sem ela perceber.
Referências
KLEIMAN, Angela. Texto e Leitor: Aspectos Cognitivos da Leitura. Ed. Campinas, SP: Pontes, 4ª edição, 1995.
ROTTAVA, Lucia. A importância da leitura na construção do conhecimento. In: Espaços da Escola. Editora Unijuí, Ano 9, nº 35, jan/mar 2006.
ZILBERMAN, Regina. O papel da literatura na escola. In: Via Atlântica. Revista do Programa de Pós-Graduação em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa, n.14, p.12-22, dez/2008.
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