Aluno 131
Reescrita
Eu não queria levantar, não queria. Mas tinha bolo no café da manhã. Então ficou mais fácil. Enquanto assistia desenho na sala eu estava observando Lola. Aconteceu o de sempre. Ela acordou atrasada para aula. Escovou os dentes, trocou de roupa, respondeu algumas mensagens no celular, passou maquiagem, fez chapinha, pegou a mochila, respondeu outras mensagens e saiu correndo. Sem tomar o café da manhã, igual ela faz todos os dias! Eu, por outro lado, já disse: levantei só por causa daquele bolo de cenoura. Ela até lembrou, porém, o tal do tempo, sempre mais importante, venceu. Ele sempre ganha, né. Você também sai correndo e não toma café da manhã, certo!? Entretanto, ocorreu algo um pouco diferente aquele dia. Poderíamos gravar como o último dia em que Lola ignorou o café da manhã.
Eu sou a Bia, irmã da Lola. Somos muito diferentes. Sou mais inteligente, embora eu seja menor e alguns anos mais nova. E já vou avisando, a culpa, se é que existiu, foi do Belo, não minha. Que isso fique bem claro! A mana por ser adolescente adora implicar comigo. Dentro do carro, no caminho à escola, revirando a mochila, eu encontrei um pirulito, 7 Belo. Lola rapidamente o arrancou da minha mão. Fiz aquela gritaria enquanto ela abria o pirulito e colocava na boca o mais rápido possível para que eu desistisse dele. Sorrindo e satisfeita ela lambia meu pirulito. Uns fios de cabelo grudaram nele. Nojento! Ela nem viu. Eu já nem queria mais, tomara que engasgue! Comi bolo no café da manhã mesmo...
Naquele dia, Lola tinha inglês no primeiro período. E já estava quase acabando, como o meu pirulito que ela tinha na boca. Ainda me pergunto: como algo tão simples e banal fez tanto mal?! Então trocou o período. Hora da educação física. Vestiário, mudar de roupa. Todo mundo no ginásio. O professor apitou. Aquecimento: correr em volta da quadra 5 minutos.
Algo horrível aconteceu, lembra? Lola corria, corria e durante o exercício começou a desfalecer, ficou branquinha, branquinha, tremendo muito, caiu no chão, convulsionou. Todos os colegas em choque. O professor apitando, para tudo! Chama a ambulância, correria, ajuda gente, ajuda! Quando chegou a ambulância, avisaram a família. Todo mundo dirigiu-se ao hospital. Menos eu, só fiquei sabendo da história depois. Eu nem sabia direito o significado de convulsionar...
Após todos os procedimentos e da recuperação, o médico fez poucas perguntas, entre elas, o que Lola havia comido no café da manhã. Lembra daquela coisa que a mana roubou de mim?! Então, o Belo foi a razão de Lola convulsionar. Sabia que aquele pirulito não deveria ser dela. Tentei avisar! Mas sou criança, ninguém me escuta...
Pensando em tudo isso fiquei muito confusa, coisa de criança, como já disse. Minha irmã convulsionou e acabou no hospital, Sim! Por quê? Até senti um pouco de culpa, a final o pirulito era meu. Contudo, Lola roubou o pirulito de mim. Roubar é errado, ela sabe disso. Eu sou a vítima ou a culpada? Não convulsionei, logo, não sou a principal vítima. Enfim, achei várias respostas, primeira: ela convulsionou porque nunca toma café da manhã; segunda: convulsionou pois é uma ladra; conclusão: Lola convulsionou porque não toma café da manhã e é uma ladra. Mas a culpa não foi minha, né?! Talvez do Belo, talvez negligência de Lola, talvez da nossa cultura que supervaloriza o almoço e deixa de lado o café da manhã. Não sei, deixo com você. Sou muito nova ainda.
Desde então, mamãe faz Lola acordar meia hora mais cedo para tomar café da manhã. O professor de educação física nunca mais começou a aula sem antes perguntar se todos tomaram café da manhã. Lola está aprendendo: café da manhã é importante. Eu já sabia, sou mais esperta! Nunca convulsionei. Espero que você também não. Ainda mais por causa de um pirulito...
Nenhum comentário:
Postar um comentário