quinta-feira, 20 de julho de 2017

Manual Verossímil de Troca de um Pneu

Aluno 184
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Para que ninguém precise, que nem eu, passar sufoco num calor de 35ºC ao trocar um pneu, resolvi escrever um pequeno manual sobre como o fazer da maneira menos traumática.
Para começo, deixe para furar o pneu a uma temperatura amena (recomendo meio do Outono ou da Primavera). Esse primeiro passo é bem importante. Se for em pleno Verão ou Inverno, só lhe desejo ou uma ótima limonada ou uma manta bem quentinha.
Ao perceber que o seu pneu está furado, haja naturalmente como se aquilo fosse algo banal com o qual está acostumado a lidar e vá direto ao seu arsenal de utensílios empoeirados no porta-malas do seu carro. Faça então um esforço tremendo para tirar o estepe daquele espaço apertado onde é mantido em segurança - tente não enfiar muito os dedos, pois é feito sob medida para o pneu, como se ele fosse saltar sozinho de lá ao ser convocado.
Agora, mãos à obra. Tenha em mãos aquela ferramenta que parece um L e a encaixe no primeiro parafuso (se você tiver a que parece um sinal de mais, desconsidere este passo); tente, então, soltá-lo. Após perceber o quão fraco é, encaixe de novo a ferramenta no mesmo parafuso, erga-se, coloque-se em posição favorável e então chute o L em sentido anti-horário com toda sua força. Repita esse processo algumas vezes por parafuso para afrouxá-los um pouco, em todos os parafusos - mesmo quando seu pé escorregar para o lado, mantenha a pose. Quero que pense agora no quão difícil foi soltar os parafusos, pois isso será importante pro final. A colocação do macaco deve ser em posição exata, tanto sua, quanto do macaco: você deve estar de quatro igual a um cachorro; quanto ao macaco, deve ser colocado na parte de metal mais grossa à frente ou atrás do pneu, dependendo de qual estiver furado. Erga então o carro. Pare por um segundo, refresque-se e sinta-se rapidamente feliz por ter chegado tão longe, só para logo em seguida pensar que está só na metade do caminho.
Retire, então, os parafusos já afrouxados e logo em seguida o pneu. Pegue, a seguir, o estepe em mãos e tente encaixá-lo. No tempo em que tenta colocar o pneu no seu devido lugar, você irá perceber que não sabe qual é o determinado lugar, ao mesmo tempo em que os seus braços começam a tremer pelo peso da coisa redonda em suas mãos. Resigne-se novamente, tome água e retome o processo.
Após o suposto encaixe perfeito no eixo, pegue em mãos a sua já conhecida chave (a tal ferramente de L) e semi encaixe os parafusos; desça o carro do macaco; prepare-se para o final. O processo agora é parecido com o de retirada dos parafusos, porém com um detalhe a mais e em sentido horário: chute o L, erre o L, sinta raiva, acerte o chute e repita. Após ter 3 deles completamente apertados e a perna cansada de chutar, o quarto parafuso parecerá que não está bem preso. Esse pensamento permeará sua lembraça dos outros 3 e fará uma ligação direta com a dificuldade que você teve para soltá-los previamente (eu disse que era importante manter essa dificuldade na cabeça). Neste momento, ao passo que você guarda seus utensílios, você pensará algumas vezes em situações nas quais o seu pneu solta e com isso causa um acidente - tudo parte natural do desafio.
Entre um misto de líquidos pelo seu corpo - graxa, água, suor talvez até lágrimas - um sorriso se abrirá e dependendo do caso possivelmente um pequeno grito de autoconsagração. O orgulho é todo seu mesmo. Eis então o meu manual sobre como se trocar um pneu de carro.
P.s.: você pode também ligar para o seguro.

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