quarta-feira, 26 de julho de 2017

Minha trajetória com a literatura

Aluno 129
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Com base em pesquisas podemos percebe que o hábito de leitura, ao contrário do que muitas pessoas pensam, vem aumentando no Brasil, porque as pessoas estão criando a consciência de que a leitura é necessária para adquirir conhecimento ou simplesmente para entretenimento. De acordo com Britto (2012) a sociedade já enraizou em seu senso comum que “ler é bom”, e que as pessoas que praticam esse hábito nas suas vidas são mais “cultas” do que as outras.
Desde muito cedo, o hábito da leitura pode proporcionar às crianças o estímulo imaginativo, desenvolver a criatividade e até mesmo ajudá-las a aprimorar a aquisição da sua linguagem. Esse exercício se torna prazeroso quando a partir da leitura a criança consegue conectar-se com o seu mundo através dessas experiências literárias – seja imaginando-se no lugar de um personagem ou simplesmente recriando os cenários na sua imaginação; sobre isso lê-se em Freire:

Ao ir escrevendo este texto, ia "tomando distância” dos diferentes momentos em que o
ato de ler se veio dando na minha experiência existencial. Primeiro, a “leitura” do
mundo, do pequeno mundo em que me movia; depois, a leitura da palavra que nem
sempre, ao longo de minha escolarização, foi a leitura da “palavramundo”. (FREIRE, 1989, p. 9).

Minha experiência com a leitura começou quando eu tinha mais ou menos seis anos – prática essa que aprendi sozinha – com apenas um gibi da Turma da Mônica e minha batalha contra aquelas letras que confundiam a minha cabeça. Logo após esse aprendizado, eu queria explorar mais esse novo mundo que a literatura poderia me proporcionar, então passei a frequentar a biblioteca da escola. Porém, o meu gosto pelos livros e todo esse desejo de querer ler cada vez mais foi algo que “nasceu” espontaneamente dentro de mim, de forma inata, ao contrário da maioria das pessoas que foram incentivadas pelos pais; incentivo esse que é muito importante na formação do conhecimento da criança, de acordo com Rottava em:

De outra perspectiva, a família também não deve deixar somente para a escola o papel de despertar, incentivar e motivar a leitura. Grande parte dessa responsabilidade é também dos pais, que deve proporcionar aos seus filhos o acesso às publicações e incentivá-los à leitura. (ROTTAVA, 2000, p.13).

Então, em pouco tempo já tinha me tornado frequentadora assídua da biblioteca, passando a ser conhecida por lá e até mesmo amiga dos bibliotecários – um deles era pai de um dos meus colegas de classe – e eu ficava conversando com eles no período que estava lá. Lembro-me também de ficar horas e horas naquele lugar, entre as prateleiras, folheando páginas e procurando aquele livro que seria o meu companheiro da semana – admirada com a variedade de obras e com aquelas capas bem desenhadas e coloridas.
Um aspecto no qual eu nunca tinha reparado em relação à minha trajetória com a leitura é a diversidade de estilos literários que eu lia, podia ser tanto “Marcelo, Marmelo, Martelo” de Ruth Rocha, que é uma temática bem infantil, quanto “Sonhos de uma noite de verão” de Shakespeare. Então refletindo acerca disso, fiquei me questionando o quão curioso isso era, porque nem mesmo muitos adultos leem Shakespeare, e eu era apenas uma criança e já tinha lido algo considerado um clássico.
A leitura na minha vida é como uma válvula de escape, e esse processo de ler para me distanciar da realidade vivida é uma coisa que faço desde aquela época em que eu passava muito tempo na biblioteca, por não ter muito com quem conversar e poucos amigos acabava me afastando e dedicando meu tempo à essa “pequena” atividade que pra mim é algo grandioso. O período em que eu mais li foi quando minha mãe estava internada no hospital por causa da depressão pós parto – quando minha irmã nasceu – então eu estava morando na casa dos meus avós e não tinha uma relação muito próxima com eles, assim para suprir esse sentimento de vazio pela ausência da minha mãe eu simplesmente lia.
Uma obra que foi muito importante para mim como leitora é “O pequeno príncipe” de Antoine de Saint-Exupéry, li esse livro no início da adolescência mais para me divertir mesmo, e após um tempo reli-o e analisando a leitura mais detalhadamente pude perceber uma filosofia que estava escondida ali naquelas páginas que eu não tinha “enxergado” quando lera anteriormente.
Uma das funções da leitura é proporcionar o desenvolvimento do pensamento crítico, e a partir da minha experiência com “O pequeno príncipe” pude modificar a leitura de mundo que eu possuía antes de conhecer a obra. Segundo Freire:

A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura
desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto. (FREIRE, 1989, p. 9).

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REFERÊNCIAS:

BRITTO, Luiz Percival Leme. Leitura: Acepções, sentido e valor. In Nuances: estudos sobre Educação. Ano XVIII, v. 21, n.22, p. 18-32, jan./abr. 2012
ROTTAVA, Lucia. A Importância da Leitura na Construção do Conhecimento. Espaços da Escola, Ijuí, Editora UNIJUÍ, a. 9, n. 35, jan.-mar. 2000, p. 11-16.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Autores Associados: Cortez. (Coleção polêmicas do nosso tempo; 4).



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