Reescrita
Aluno 182
Quando era pequena, lembro do meu pai dizendo para mim que sempre faria de tudo para que eu e meu irmão pudéssemos estudar. E realmente, ele sempre fez de tudo. Mas não apenas para que eu e meu irmão estudássemos, mas para que minha mãe pudesse estudar também.
Desde que concluiu o ensino médio, minha mãe sempre teve o sonho de poder cursar uma faculdade. Porém, com dificuldades financeiras da família, ela precisava trabalhar em dois empregos – no posto de saúde e no hospital da cidade. Quando estava em casa, mal tinha tempo para fazer suas coisas e também se sentia exausta. Mas mesmo sabendo que não seria fácil, ela insistiu no que queria: com o apoio de toda a família e a ajuda de meu pai, naquele ano de 2007, minha mãe começou a cursar Pedagogia. Na época, eu tinha nove anos de idade. Minha mãe tinha 40. Eu pouco entendia sobre o mundo dos adultos e suas dificuldades. Quando minha mãe decidiu que iria voltar a estudar, não soube o que aquilo realmente significaria para mim, para ela ou para minha família – coisa que só iria vir a entender mais tarde.
Enquanto cursava a faculdade, minha mãe trabalhava o dia inteiro, e à noite estudava. Dormia pouco, e no tempo livre que sobrava, fazia os trabalhos da aula. E para que pudesse fazer tudo isso, não era pouco o esforço que meu pai fazia: ele cuidava de mim e de meu irmão ainda pequenos, atendia no pequeno comércio que tínhamos em nossa residência e até mesmo aprendeu a cozinhar. Lembro que quando ele viajava – pois era árbitro de futebol aos finais de semana – minha mãe me levava junto para o trabalho. Eu fazia questão de passear pelos corredores do hospital e pela pequena biblioteca que ficava no segundo andar, desbravando o ambiente. Apesar de não ser o melhor lugar para um passeio, sempre dava um jeito de me divertir e guardo lembranças engraçadas, como o dia em que me levaram para um “passeio” até o necrotério, devido à minha curiosidade de criança.
Desde que minha mãe havia iniciado o curso, não foram poucas as noites em que fiquei no hospital, acompanhando-a. Já tinham se passados dois anos desde que ela havia começado sua graduação, e mesmo ainda que eu ainda fosse uma criança, entendia que era difícil para meus pais conciliar tudo. A preocupação deles um ano antes da data prevista para a formatura, era que talvez minha mãe tivesse que largar a faculdade. Os gastos eram altos, o tempo era pouco. Não foram poucas as vezes em que vi minha mãe chorando enquanto conversava com meu pai, pensando em desistir. Em todas essas vezes, meu pai a incentivava a terminar a faculdade. Dizia que trabalharia mais, que viajaria mais e ela conseguiria se formar.
E foi assim que com muito, mas muito esforço, no ano seguinte, minha mãe se formou em Pedagogia. Lembro que no dia da formatura, pude entender realmente todas as vezes em que a vi chorando ou cansada, correndo para fazer com que tudo se saísse da melhor maneira possível. Entendi finalmente o o grande esforço que meu pai fez para ajudar a realizar um sonho que no começo parecia distante, inviável. Compreendi as conversas de motivação e a ausência de minha mãe naqueles três anos. Me senti naquele momento privilegiada pela família que tenho. Pude ver o brilho nos olhos da minha mãe, o orgulho que meu pai parecia sentir e compartilhar de todos esses sentimentos. Todos esses acontecimentos da minha infância ainda me fazem refletir, hoje, o quanto é importante ter alguém que te apoie e que te incentive a ser sempre o melhor que puder. Para minha mãe, essa pessoa foi o meu pai. Hoje ele com está com 61 anos e tem a ideia de terminar os estudos, já que não pôde concluir o ensino médio quando mais novo – e tenho certeza que minha mãe o apoiará. Fico feliz e me sinto privilegiada das coisas que vivi nessa época. Posso dizer ter aprendido também, que não há uma idade certa para adquirir qualquer tipo de conhecimento, e nem para ir atrás do que se quer realmente fazer.
Desde que concluiu o ensino médio, minha mãe sempre teve o sonho de poder cursar uma faculdade. Porém, com dificuldades financeiras da família, ela precisava trabalhar em dois empregos – no posto de saúde e no hospital da cidade. Quando estava em casa, mal tinha tempo para fazer suas coisas e também se sentia exausta. Mas mesmo sabendo que não seria fácil, ela insistiu no que queria: com o apoio de toda a família e a ajuda de meu pai, naquele ano de 2007, minha mãe começou a cursar Pedagogia. Na época, eu tinha nove anos de idade. Minha mãe tinha 40. Eu pouco entendia sobre o mundo dos adultos e suas dificuldades. Quando minha mãe decidiu que iria voltar a estudar, não soube o que aquilo realmente significaria para mim, para ela ou para minha família – coisa que só iria vir a entender mais tarde.
Enquanto cursava a faculdade, minha mãe trabalhava o dia inteiro, e à noite estudava. Dormia pouco, e no tempo livre que sobrava, fazia os trabalhos da aula. E para que pudesse fazer tudo isso, não era pouco o esforço que meu pai fazia: ele cuidava de mim e de meu irmão ainda pequenos, atendia no pequeno comércio que tínhamos em nossa residência e até mesmo aprendeu a cozinhar. Lembro que quando ele viajava – pois era árbitro de futebol aos finais de semana – minha mãe me levava junto para o trabalho. Eu fazia questão de passear pelos corredores do hospital e pela pequena biblioteca que ficava no segundo andar, desbravando o ambiente. Apesar de não ser o melhor lugar para um passeio, sempre dava um jeito de me divertir e guardo lembranças engraçadas, como o dia em que me levaram para um “passeio” até o necrotério, devido à minha curiosidade de criança.
Desde que minha mãe havia iniciado o curso, não foram poucas as noites em que fiquei no hospital, acompanhando-a. Já tinham se passados dois anos desde que ela havia começado sua graduação, e mesmo ainda que eu ainda fosse uma criança, entendia que era difícil para meus pais conciliar tudo. A preocupação deles um ano antes da data prevista para a formatura, era que talvez minha mãe tivesse que largar a faculdade. Os gastos eram altos, o tempo era pouco. Não foram poucas as vezes em que vi minha mãe chorando enquanto conversava com meu pai, pensando em desistir. Em todas essas vezes, meu pai a incentivava a terminar a faculdade. Dizia que trabalharia mais, que viajaria mais e ela conseguiria se formar.
E foi assim que com muito, mas muito esforço, no ano seguinte, minha mãe se formou em Pedagogia. Lembro que no dia da formatura, pude entender realmente todas as vezes em que a vi chorando ou cansada, correndo para fazer com que tudo se saísse da melhor maneira possível. Entendi finalmente o o grande esforço que meu pai fez para ajudar a realizar um sonho que no começo parecia distante, inviável. Compreendi as conversas de motivação e a ausência de minha mãe naqueles três anos. Me senti naquele momento privilegiada pela família que tenho. Pude ver o brilho nos olhos da minha mãe, o orgulho que meu pai parecia sentir e compartilhar de todos esses sentimentos. Todos esses acontecimentos da minha infância ainda me fazem refletir, hoje, o quanto é importante ter alguém que te apoie e que te incentive a ser sempre o melhor que puder. Para minha mãe, essa pessoa foi o meu pai. Hoje ele com está com 61 anos e tem a ideia de terminar os estudos, já que não pôde concluir o ensino médio quando mais novo – e tenho certeza que minha mãe o apoiará. Fico feliz e me sinto privilegiada das coisas que vivi nessa época. Posso dizer ter aprendido também, que não há uma idade certa para adquirir qualquer tipo de conhecimento, e nem para ir atrás do que se quer realmente fazer.
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