quarta-feira, 6 de julho de 2016

Aluno 102
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TEMA: Tempo
DELIMITAÇÃO: Natureza sócio-histórica do tempo.
PROBLEMA: Falta de tempo no contexto universitário.
HIPÓTESE: O tempo exigido para o cumprimento das tarefas propostas nas disciplinas de ensino superior não corresponde ao tempo real disponível aos estudantes, que além de ter de lidar com os trabalhos de faculdade, ainda trabalham fora e cumprem tarefas domésticas.
ARGUMENTOS:
·          “Um trabalhador contemporâneo, cuja atividade seja altamente complexa e que cumpra um horário de sete horas por dia, trabalha muito mais tempo real do que alguém de outra época, que estivesse sujeito a um horário de quatorze horas diárias, mas cujo trabalho tinha um baixo grau de complexidade. A redução formal de horário corresponde a um aumento real do tempo de trabalho despendido durante esse período.Bernardo (1996, p. 46)
·         “Alguns autores fazem uma diferenciação entre o que denominam tempo disponível/liberado da jornada e tempo livre/lazer, enfatizando que nem todo tempo liberado da jornada de trabalho pode ser considerado um tempo livre ou de lazer. Isto porque consideram que o tempo liberado pode ainda conter diversas obrigações, sejam elas profissionais, familiares ou sociais.” Cardoso (2007, p. 38)
CONTRA-ARGUMENTOS:
·         “Como se pode constatar, a maioria das pessoas sabe que deve planejar, priorizar suas atividades, completar as atividades mais urgentes e ter uma rotina, mas nem todas procedem assim. É importante então investigar todas as possíveis variáveis relacionadas ao fenômeno. Pode-se perguntar se a organização do tempo não está associada, por exemplo, aos valores ou metas que as pessoas têm e que orientam a vida delas. Se as pessoas têm diferentes valores então se espera encontrar diferenças em termos de organização do tempo em função desses valores.” Leite, Tamayo e Günther (2002)

A NATUREZA SÓCIO-HISTÓRICA DO TEMPO: A FALTA DE TEMPO NO CONTEXTO UNIVERSITÁRIO
                É inerente a todo aluno de ensino superior, desde o dia de sua chegada à universidade, um dos maiores problemas enfrentados pela nossa sociedade: a falta de tempo. Seja tempo para exercer todas as atividades necessitadas ou tempo livre para o lazer, este problema pode levar a consequências mais sérias, como problemas de saúde. O tempo exigido para o cumprimento das tarefas propostas nas disciplinas de ensino superior não corresponde ao tempo real disponível aos estudantes, que além de ter de lidar com os trabalhos de faculdade, ainda trabalham fora e cumprem tarefas domésticas.  São diversos os questionamentos em volta dessa questão: seria o excesso de tarefas o que prejudica o aluno? Seria a má administração do tempo do próprio indivíduo a culpada?
            ´Podemos aplicar a fala de Bernardo (1996, p. 46) a esta situação Um trabalhador contemporâneo, cuja atividade seja altamente complexa e que cumpra um horário de sete horas por dia, trabalha muito mais tempo real do que alguém de outra época, que estivesse sujeito a um horário de quatorze horas diárias, mas cujo trabalho tinha um baixo grau de complexidade. A redução formal de horário corresponde a um aumento real do tempo de trabalho despendido durante esse período.Nesta citação podemos enxergar como trabalhador o aluno de ensino superior, já que todas suas tarefas exigem esforço intelectual e por isso possuem maior nível de complexidade. Portanto, o trabalho do estudante não se limita somente ao tempo dentro da sala de aula, ele é somado ao tempo dedicado a tarefas e estudos, acompanhando assim o aluno vinte e quatro horas por dia.
            Mais uma comparação a trabalhadores pode ser aplicada ao falarmos sobre o tempo livre: “Alguns autores fazem uma diferenciação entre o que denominam tempo disponível/liberado da jornada e tempo livre/lazer, enfatizando que nem todo tempo liberado da jornada de trabalho pode ser considerado um tempo livre ou de lazer. Isto porque consideram que o tempo liberado pode ainda conter diversas obrigações, sejam elas profissionais, familiares ou sociais.” Cardoso (2007, p. 38). Ou seja, quando nossas tarefas não os acompanham, consumindo grande parte de seu dia, eles tem de lidar com outras obrigações. Obrigações estas que podem ser ainda maiores se formos tratar de estudantes que trabalham no turno inverso, são encarregados das tarefas domésticas ou enfrentam problemas familiares. 
            Diante das informações apresentadas, no entanto, ainda há quem diga que o problema possa ser solucionado apenas com uma melhor administração do tempo. Na pesquisa de Leite, Tamayo e Günther (2002) feita com estudantes universitários, o planejamento é visto como uma escolha influenciada pelos valores de cada aluno: “Como se pode constatar, a maioria das pessoas sabe que deve planejar, priorizar suas atividades, completar as atividades mais urgentes e ter uma rotina, mas nem todas procedem assim. É importante então investigar todas as possíveis variáveis relacionadas ao fenômeno. Pode-se perguntar se a organização do tempo não está associada, por exemplo, aos valores ou metas que as pessoas têm e que orientam a vida delas. Se as pessoas têm diferentes valores então se espera encontrar diferenças em termos de organização do tempo em função desses valores.”.
            Partindo das informações vistas e reforçando-as com experiência própria, mesmo com a teoria apresentada pelo estudo com universitários acredito que a questão da administração de tempo pode ser aplicada apenas a alguns cursos, não sendo eles de turno integral e tendo poucas cadeiras obrigatórias por semestre. Ao restante dos cursos que não se encaixam neste modelo, o problema dos alunos segue o mesmo. Nem com todo planejamento de tarefas resta tempo livre para o estudante. O trabalho intelectual realizado é tão intenso e contínuo que cobra dedicação em tempo integral, algo impossível de oferecer. É por essa carga tão grande que estudantes e trabalhadores acabam desenvolvendo problemas psicológicos, entre outros problemas de saúde.
            Como conclusão podemos afirmar que a hipótese proposta se mostra verdadeira. A maior causa da falta de tempo dos estudantes universitários se deve ao volume excessivo de tarefas propostas, o que leva a consequências como falta de tempo livre para o lazer e o que pode desenvolver problemas de saúde posteriormente. O único meio que vejo para solucionar este problema seria a diminuição da carga horária ou do número de disciplinas obrigatórias por semestre, ou até mesmo a proposta de tarefas interdisciplinares, que abrangessem os conteúdos de cada área, dando notas que contemplassem todas as disciplinas envolvidas, assim diminuindo o número de tarefas de modo eficiente.
REFERÊNCIAS
BERNARDO, J. Reestruturação capitalista e os desafios para os sindicatos. Lisboa, 1996.
CARDOSO, A. C. M. Tempos de trabalho, tempos de não trabalho: vivências cotidianas de trabalhadores. Tese de doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.
LEITE, U. R., TAMAYO, A., GÜNTHER, H. Organização do uso do tempo e valores de universitários. Universidade de Brasília, Brasília, 2003.



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