Aluno 148
Reescrita
O objetivo dessa operação é curar a ressaca de você, jovem festeiro, que em vez de ficar estudando, saiu de casa e caiu dentro do copo. Aposto que de início nesse copo plástico continha apenas uma Cerveja, porque você lembrava da intenção de estudar para uma prova no dia seguinte, pensamento que se esvaiu lentamente conforme a cervejinha foi abrindo espaço para sua amiga Vodca – até porque um pouquinho só não faz mal, né? Porém não demorou muito e a Vodca partiu para a viagem rumo ao cérebro, a fim de fazer companhia à Cerveja, a qual sem sua parceira não havia começado a fazer efeito. Ainda.
Seu copo agora estava vazio e não parecia tão atraente quanto os de vidro que circulavam na mão de seus amigos, os quais preenchiam seu conteúdo com Tequila, então você logo abandonou o recém obsoleto plástico em cima de uma mesa qualquer. A propósito, a natureza agradece. Ao avistarem você de mãos vazias, eles oferecem uma dose e você aceita, porque um pouquinho só não faz...alguma coisa que não vem ao caso agora, pois você está muito focado em lamber o sal de sua mão e junto com isso chupar um limão, para completar o ritual sagrado da Tequila. Por fim, esta moça de descendência mexicana encontra outras duas moças no seu cérebro, uma alemã, que chegou lá primeiro, e outra russa, fazendo companhia.
Cada uma delas dançava em um ritmo diferente e você tentava acompanhar, juntamente com o tuts tuts ensurdecedor da música eletrônica que tocava na festa. Não demorou muito para esse contraste vir bater na porta da sua cabeça, a qual já pulsava com dor, e do seu estômago, que estava louco para chamar um certo amigo, o Hugo. E então, munido da última gota de consciência que ainda restava, você se arrasta até seus parceiros de Tequila os quais, ao perceberem seu estado, o colocam em um táxi rumo a sua casa. Então, soldado, por mais que as coisas estejam girando mais que as rodas do carro nesse momento, é hora de se preparar para quando Hugo vier de mãos dadas com a Enxaqueca e dar início à operação, porque eles virão. Ô, se virão.
Sua primeira missão é não se martirizar por acreditar que seria capaz de tomar “só um pouquinho”, pois aquelas três moças de nacionalidades diversas são muito sedutoras e ninguém é capaz de resistir. Além do mais, nada que você faça agora irá evitar o que está por vir, portanto se atenha à segunda missão: imagine que você está em um campo de batalha e rasteje até os braços de Morfeu como se fosse caso de vida ou morte. Chegando lá, apenas empurre todas as roupas que estão em cima de sua cama para o chão e deite, preferencialmente de lado, até chegar a hora da terceira missão. No entanto, não será fácil, porque nesse intermédio há o processo de abrir a porta de casa, e a fechadura parecerá menor do que realmente é, devido ao efeito das moças sobre seu corpo. No entanto, depois de múltiplas tentativas você vence a batalha como um perseverante soldado, com Hugo escalando cada vez mais rápido o caminho até sua boca.
Você acordará com o Sol batendo em seu rosto, avisando que a terceira missão está iminente. Inclusive, tão iminente que você quase não chega a tempo no banheiro, mas acaba a cumprindo com sucesso, na medida do possível, pois você não é um soldado muito bom de mira. E assim Hugo deixa seu interior e passa a te encarar de dentro da privada, todavia, não preste atenção nele, foque na quarta missão: preencha o lugar que antes Hugo ocupava com água. Muita água. Sim, a água está na cozinha, caso você não saiba. Junte suas forças remanescentes e ande até lá, são poucos passos, você consegue. Contudo, lembre-se de andar devagar, pois ainda podem haver restos de Hugo dentro de você.
Além disso, esse líquido milagroso faz um bom par com algo chamado Aspirina, inimigo mortal da Enxaqueca que te assombra no momento. Se você não percebeu, essa é a quinta missão. Então dirija-se com calma até o banheiro, é lá que estarão os remédios, mas tente não se olhar no espelho, porque a guerra contra os efeitos do álcool não faz muito bem à aparência do indivíduo. Enfim, quando achar a bendita cartelinha, pegue um comprido e o enfie goela abaixo com ajuda d’água, pode até ser da torneira mesmo. Até porque, para quem conseguiu entornar todos aqueles copos cheios de álcool isso deve ser fácil.
Parece que nossa missão está chegando ao final, soldado. Agora só lhe resta a sexta e última missão: aceitar a derrota e rezar para que nossas estratégias tenham dado certo. É recomendável também sentar em cima da tampa da privada, colocar as mãos nas têmporas, as quais continuam a pulsar enquanto o remédio não faz efeito, e respirar fundo, para que Hugo não fique com ideias novamente. Também está liberado mentir para si mesmo e dizer que nunca mais vai beber, contudo, não perca muito tempo com isso porque você ainda precisa estudar para aquela prova da qual esqueceu e de que está se lembrando nesse exato momento.
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