Aluno 140
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O ato de amarrar cadarços tem sido parte do dia a dia do homem comum desde que alguém descobriu a boa ideia que era usar umas cordinhas para fechar seus sapatos. É uma atividade de extrema importância, sem o conhecimento da qual o ser humano moderno pode vir a tornar-se improdutivo e até mesmo isolar-se socialmente, já que o uso de sapatos é visto como pré-requisito mínimo na maior parte dos locais de trabalho, estudo e socialização (exceto, é claro, na praia e outros locais onde queremos ter contato direto com a natureza por meio das solas de nossos pés). Por essa razão e para sua conveniência, trazemos, hoje, um manual conciso e completo de como amarrar seus cadarços.
O primeiro passo é ter sapatos. Sapatos, como evidenciado pela pluralização da palavra – ou seja, um par – um para cada pé. Essa parte não é particularmente difícil, já que a maior parte dos estabelecimentos comerciais não realiza a venda individual dos pés de sapato, então fique tranquilo em relação a sua aquisição. O modelo do sapato, por sua vez, é de pouca importância, desde que possua cadarços. como mecanismo de fechamento. Alguns fabricantes insistem em optar por outras formas inferiores, como zíperes e velcro, ignorando a maestria técnica e prática que é o cadarço – uma peça que não apenas fecha o sapato, mas certifica-se de que ele está envolto no pé do usuário de maneira adaptada para cada indivíduo, que por sua vez pode regular a amarração sozinho, em casa, sem o uso de nenhum equipamento especial.
Um vez obtido o par adequado de sapatos, o passo seguinte é vestí-lo. Para tal, verifique se os cadarços já instalados no seu sapato estão amarrados – se estiverem, puxe uma das pontas livres da amarração suavemente (caso os cadarços não tenham vindo da loja previamente instalados, consulte nosso manual “como instalar cadarços”, disponível em bancas de revista e livrarias em todo o território nacional, ou solicite ao seu vendedor de calçados de confiança que faça isso para você).
Uma vez desamarrados, os cadarços estão prontos para serem afrouxados. Deslize o dedo indicador sob a faixa de cadarço estendida entre os ilhóses mais próximos do orifício de entrada do pé e puxe-a para cima. Tenha cuidado ao fazer esse movimento, pois os cadarços não devem escapar dos ilhoses, mas ao mesmo tempo devem ser puxados o suficente para que o ato possa ser repetido em cada faixa de cadarço estendida entre os ilhoses subsequentes.
Afrouxado o cadarço, o sapato está pronto para receber seu pé, que deve estar limpo e seco. Existem divergências quanto ao uso de meias, e em decorrência da inconclusão acerca deste detalhe, decidimos nos abster e deixar que cada leitor aja conforme lhe pareça mais adequado. Insira seu pé através do orifício superior, tendo o cuidado de usar o pé de sapato correspondente (esquerdo ou direto), até que esteja encaixado na fôrma e não possa mais mover-se para frente.
Chegamos à parte mais esperada deste manual: a amarração. Aqui também encontramos divergências de opinião, tanto entre o público leigo quanto dentro da comunidade científica, quanto ao método a ser utilizado. Existem inúmeras maneiras e todas podem ser consultadas em nosso “Compêndio Completo de Amarrações”, mas para este manual escolhemos a mais simples e de mais fácil aprendizado: o método do coelhinho é aceito e utilizado por instituições de ensino reconhecidas no mundo inteiro.
Primeiro, puxe as pontas soltas dos cadarços para cima ou para os lados, a fim de remover o excesso de frouxura que sempre permanece após vestir o pé. Cuidado para não apertar em demasia, pois pode causar machucados e bolhas conforme o sapato é usado. Em seguida, volte sua atenção para a ponta solta da esquerda. Forme uma orelha de coelhinho com esta ponta solta, utilizando toda a extensão disponível. Mantenha a orelha presa entre os dedos da mão esquerda. Agora volte-se para a ponta solta da direita. Com a mão direita, forme um X com a orelha e a ponta solta, inclinando a orelha para a direita e a ponta para a esquerda – a ponta solta deve passar por trás da orelha. Continue trabalhando com essa ponta, agora inserindo-a no espaço inferior formado pelo X.
Aqui está a parte complicada: para assegurar a formação do coelhinho e uma amarração segura, apenas a seção do meio deve chegar ao outro lado do X. A ponta em si deve permanecer próxima a você, e a melhor maneira de fazê-lo é praticar o movimento rápido que deve ser feito pela mão direita, que não só insere a ponta, mas faz a volta por trás para receber a seção do meio quando ela se apresenta do outro lado.
Com a mão esquerda segurando a orelha esquerda e a mão direita segurando a seção do meio da ponta solta direita, puxe-as em direções opostas ao mesmo tempo, cada uma na direção oposta também àquela que lhe é de origem (esquerda para a direita e direita para a esquerda). O tempo é o segredo aqui, e apenas um amarrador experiente é capaz de fazê-lo sem complicações, mas estudos provam que com prática e persistência qualquer um pode aprender o método do coelhinho.
Agora sim, seu coelhinho está pronto e você pode repetir o processo no outro pé. Esperamos que nosso manual tenha sido útil na sua jornada ao mundo dos cadarços, e que agora você possa usufruir de todos os benefícios trazidos pelo uso de calçados de alta qualidade. Caos tenha alguma dúvida, sugestão ou crítica, envie seu comentário por escrito para o endereço indicado na parte inferior desta página.
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