quarta-feira, 26 de julho de 2017

Memorial

Aluno 137
Reescrita


Minha memória que envolve leitura mais marcante provavelmente é a experiência que tive com o romance Capitães da Areia de Jorge Amado, livro que me acompanhou em diferentes partes da vida. Li Capitães da Areia pela primeira vez aos doze anos e, após lê-lo, fundei minha recordação mais forte de leitura. O livro de Jorge Amado foi, sem dúvidas, uma base para toda minha visão da leitura a partir do momento em que o li.
 Quando li Capitães da Areia pela primeira vez tinha 12 anos, li de curiosa depois de uma aula de história no Ensino Fundamental onde meu antigo professor comentou sobre a situação política do Brasil nos anos de 1930, ao comentar isso ele disse despretensioso que tinha um volume do drama de Amado. Eu, na minha curiosidade gigantesca de pré-adolescente, após a aula lhe pedi o livro emprestado e ele prontamente me trouxe no dia seguinte. Pensando agora, ele provavelmente não era muito cuidadoso com o que indicava para seus alunos da sétima série. Essa primeira leitura foi confusa, algumas coisas e sutilezas de Jorge Amado passaram desapercebidas ao meu olhar juvenil, mas eu lembro de ter me apaixonado perdidamente por dois pontos da obra: a forma como Amado retratava os acontecimentos vividos pelos Capitães da Areia e pela personalidade de Dora.
 A leitura tem sua importância como instrumento de conhecimento prático, como algo que irá fazer com que o leitor aprenda alguma coisa que o fará alcançar outra. A autora Lúcia Rottava (1999) em sua palestra “A Importância da Leitura na Construção do Conhecimento’’ afirma que, independente do conhecimento procurado pelo leitor, a leitura quando constrói conhecimento torna-se uma prática social. (pg. 13)  e analisando esta afirmativa percebo que quando li Capitães da Areia pela primeira vez adquiri uma visão de mundo que, talvez, não tivesse alcançado com qualquer outra leitura. Toda a minha noção de empoderamento feminino e até mesmo de amor que a personagem Dora me trouxe foi fundamental na minha construção de caráter daquele momento adiante.
  As outras leituras que fiz da obra foram menos curiosas e mais específicas, finalmente entendi todas aquelas sutilezas na narrativa e só confirmei minha paixão pela escrita de Amado e pela construção de seus personagens. “Quando me refiro que a leitura deve perpassar um propósito, podemos pensar qual ou quais são as razões que fazem com que um leitor qualquer pegue um jornal para ler.’’ (ROTTAVA, 1999, pg. 14) Ao colocar esta questão, a autora põe em pauta o fato de que cada leitor tem sua razão pessoal para iniciar uma leitura. Para mim, esta razão é muitas vezes motivada pelo âmbito emocional, já que a maioria das minhas leituras por prazer foram realizadas por causa de emoções que aqueles livros me traziam.
  Ao resgatar uma memória de leitura e relacioná-la com algo mais teórico, percebi que o ato de ler está diretamente relacionado a o quê a leitura nos traz, tanto como algo prazeroso como algo informativo. Não há um critério de leitura que a limite como algo bom e ruim e a experiência de vida que uma leitura significativa nos traz também é algo válido.
Referências:
A Importância da Leitura na Construção do Conhecimento / Lúcia Rottava. – 1999

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