Aluno 166
Reescrita
Era Setembro de 2015, eu estava terminando minhas aulas para tirar a primeira habilitação e, por ser ansiosa, revisava avidamente tudo o que havia aprendido durante meu treinamento de direção, um dia antes - coloca o cinto, vira a chave, coloca na primeira marcha, dá seta pra sair da vaga, segurar o volante com as duas mãos, hein! Já falei que tem que colocar o cinto?! - E mais uma lista de detalhes importantes que fariam toda a diferença na hora da avaliação. Logo os pensamentos começaram a tomar outro rumo e passei a divagar sobre os possíveis erros que eu poderia cometer e que, possivelmente, me fariam rodar: “E se o carro apagar em uma lomba, eu esquecer onde fica o freio e ele voltar pra trás?” ou “E se eu esquecer o bendito cinto?”. No meio desses devaneios acabei pegando no sono.
Na manhã seguinte dirigi-me para o local da minha prova, fui direto encontrar meu instrutor, o Rafael, e partimos rumo ao que viriam a ser as horas mais tensas daquele dia. Entramos no automóvel afivelei o cinto, coloquei a chave na ignição e dei a partida. Tudo corria muito bem quando, de repente, ouvimos um barulho estranho, assustada, olhei para Rafael e ele com toda a tranquilidade do mundo me olhou e disse: “Acho que furou o pneu. Encosta e desce do carro que eu vou te ensinar a trocar.”.
Estacionei e Rafael prontamente desembarcou, já foi logo checando os estragos. “Pega o estepe, o macaco, a chave de roda no porta-malas e vem. É fácil identificar, são as únicas coisas que tu vai encontrar lá.” Ele me disse. Deixei a chave virada, acionei o botão que abria o porta malas e, sem ter muita certeza de como iríamos trocar o pneu em plena Independência, desci para buscar as ferramentas.
No porta malas, encontrei o tal do macaco, que parecia mais um instrumento de tortura medieval, a chave de rodas e as outras ferramentas que completava o ‘kit tortura’. Não pensei muito e, depois de pegar os equipamentos fui para o lado do meu instrutor.
“Encaixa o macaco aqui nessa parte”, falou ele enquanto me indicava o local, na parte de metal ao lado do pneu. “Pega a chave e afrouxa as porcas, mas só afrouxa.” Olhei pra ele confusa com essa instrução. “Isso é uma troca de pneus ou estamos lidando com uma mini fazenda?” perguntei irritada com as buzinas que estávamos recebendo. Ele riu sem se importar, “Não, as porcas são os parafusos” e seguiu “Agora, só aciona a alavanca do macaco pra erguer um pouco o veículo, termina de retirar as porcas e vamos substituir os pneus”.
Rafael continuou ditando e eu fazendo a maior parte, já no final ele disse “Aí, agora recoloca as porcas, aperta, desce o macaco até a roda encostar no chão e está feita a troca”. Fiz tudo conforme o instruído e depois de guardar as ferramentas no porta-malas voltamos para o carro a fim de finalizar a prova.
Novamente, ao entrar no veículo, afivelei o cinto, a chave já se encontrava na ignição, então, dei a partida. Tentei uma, duas, três vezes... Mas ele não ligava de jeito nenhum. Acontece que quando desci para aprender a fazer a bendita troca de pneu, esqueci a chave virada e o painel ficou o tempo todo ligado, isso acarretou por dar um fim na bateria do coitado do carro.
Não deixei o carro apagar na lomba, lembrei onde o ficava o freio, consegui fazer todas as marchas, porém “matei” o coitado. Estava nervosa. De todos os pensamentos os quais eu havia tido na noite anterior que podiam me rodar na prova prática, nunca imaginei seria uma chave esquecida na ignição que faria isso. Por sorte, e uma falha técnica, não rodei, mas aprendi uma lição: em caso de necessidade de troca de pneus não deixe o carro, nem parcialmente, ligado!
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