segunda-feira, 10 de julho de 2017

O dia seguinte

Aluno 181
1 Versão


É bastante comum entre as pessoas que ingerem bebidas alcóolicas em fartas quantidades um fenômeno conhecido como ressaca. Ao contrário de ser uma doença, a ressaca é um efeito colateral do consumo de álcool. É como um aviso do próprio corpo, uma demonstração prática do quanto aquele hábito, quando praticado de forma desmedida, faz mal.
Embora não seja exatamente uma doença, há um remédio elaborado especificamente para combatê-la – o que, em si, é uma demonstração do quanto essa moléstia é comum na sociedade. O medicamento chama-se Engov e protege o fígado. A recomendação é ingerir uma dose antes da bebedeira e uma ao acordar. Desconheço os exatos efeitos de tais pílulas no corpo humano, porém, inúmeros relatos demonstram que elas funcionam.
É necessário dizer que nem sempre a pessoa planeja sua embriagues a ponto de tomar tal precaução. Também não me parece um hábito comum, nem saudável, ter sempre um Engov na bolsa, como muitas pessoas fazem com cartelas de paracetamol. É preciso, então, abordar outras formas mais, digamos, rudimentares, para combater a ressaca.
Cabe destacar que o principal efeito físico da ingestão de álcool em grande quantidade é a desidratação. O corpo humano é composto por cerca de 70% de água. Nossas células precisam de água para absolutamente todas as atividades. O álcool, por sua vez, além de nos embriagar, nos fazer rir de qualquer bobagem e ainda levar algumas pessoas a tomar atitudes que, sem ele, não tomariam, faz também nosso corpo expulsar mais água do que necessário. O efeito disso é justamente a desidratação. As manifestações mais comuns desse mal são: aquela dorzinha de cabeça que atravessa todo o crânio, como se uma linha muito fina e cortante estivesse passando bem no meio do cérebro; a garganta seca, muito seca, a ponto de sentir como se a língua colasse no céu da boca ao acordar.
No combate à desidratação, não há outra alternativa além da ingestão de líquidos não alcóolicos em abundância – principalmente água pura. Beber muita água, quantidades cavalares de água, o máximo de água que o corpo conseguir armazenar. Assim como o Engov, cuja a primeira dose é tomada antes da bebedeira, a água também deve ser ingerida antes da ressaca. Embora algumas pessoas relatem começar a sentir os efeitos da ressaca antes mesmo de parar de beber, é mais comum que tais efeitos ocorram somente no dia seguinte. Porém, para ser bem sucedido o tratamento deste mal, é necessário combater a desidratação antes de seus efeitos se assemelharem a uma sessão de tortura. É necessário beber água entre um copo de bebida alcóolica e outro e, principalmente, antes de dormir. Uma dica válida, sobretudo no verão, é, ao beber água antes de ir dormir, encher todas as garrafas disponíveis no recinto e deixa-las na geladeira. Dessa forma, ao acordar, o embriagado poderá inclusive pegar uma delas e voltar à cama.
Falando nisso, aliás, a cura da ressaca também passa pela cama. É indispensável dormir bastante e com qualidade. Aqui cabe destacar a necessidade de fechar a janela. Isso porque, ao chegar de madrugada, embriagada, cansada e, dependendo da quantidade de álcool ingerido, moribunda, a pessoa pode esquecer-se deste importante detalhe. Tal desatenção contribui muito com a ressaca. Isso porque o dia sempre há de clarear, e a luz de uma bela manhã de domingo pode se tornar um verdadeiro martírio para quem virou muitos copos na noite anterior. Os raios solares atravessam o quarto, jogam uma luz branca sobre os olhos ressacados, fazendo-os abrir, ainda que sem condições de mantê-los abertos, e as pupilas, ainda dilatadas, ardem como se queimassem. Então, para uma boa noite (ou manhã, e até mesmo tarde) de sono, é necessário fechar a janela.
Além de beber água e dormir, outra recomendação importante é se alimentar. O mais comum é os bêbados entenderem que isso significa comidas pesadas, frituras, hambúrgueres, pizzas e outras delícias disponíveis na madrugada, nos arredores das festas e bares onde as pessoas costumam se embriagar. Porém não é nada disso. Inclusive o hábito de comer coisas pesadas após o alto consumo de álcool contribui com o enjoo no dia seguinte (outro sintoma comum da ressaca). O ideal seria comer frutas, que contém bastante água, ou mesmo comidas leves e caseiras. Entretanto, parece bastante óbvio que ninguém come frutas e comidas leves de madrugada, após embebedar-se. Inclusive no dia seguinte, muitas relatos dão conta de uma descontrolada vontade de ingerir comidas pesadas e gordurosas, como se o corpo, desesperado por sobreviver à ressaca, buscasse mais energia. Porém não é necessário um estoque de calorias para curar a ressaca, basta alimentar-se bem, comer saladas, frutas e comidas leves.
Há um infinidade de receitas para curar a ressaca. Alguns  bebem refrigerante, outros chá. As bebidas estimulantes, como o café, podem aumentar a dor de cabeça. Porém, se a pessoa ressacada é consumidora frenética de cafeína, evitar o café ou outra fonte pode gerar abstinência e, assim, ainda mais dor de cabeça. Mas o fato é que não há grandes mistérios na cura da ressaca, tampouco receitas mágicas (além do Engov): água, sono, comida. A melhor maneira de evita-la é mesmo não consumindo grandes quantidades de álcool, embora essa seja uma prática muito difundida socialmente, e daí a necessidade de encontrar uma cura para tal fenômeno.
















Nenhum comentário:

Postar um comentário