sexta-feira, 1 de maio de 2015

Independência

Aluno 60
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“Amanhã você vai acordar e a mãe não estará em casa, tá? A mãe deve chegar ao meio-dia. Não abra a porta pra ninguém e não conte pra Nini que você tá sozinha”, disse ela, mais preocupada com o fato de que a minha avó poderia vir a saber do que comigo sozinha.
Sou filha única, mas nem por isso mimada. Desde pequena fui ensinada a me virar por conta própria, seja caminhando até as aulas de ballet ou cuidando da parte chata da cozinha – a louça.
Descobri que algumas coisas podem ser bem mais práticas quando feitas apenas por mim mesma. Por que fingir que os trabalhos em grupo são produzidos em grupo, por que depender sempre de amigos para fazer o que dá vontade?
Acabei morando sozinha junto do meu pai, com quem eu passava as noites no escuro comendo pipoca. Ao contrário da minha avó, ele podia sim sonhar que eu ficava por minha conta desde criança; isso o fez respeitar minhas decisões em relação a tudo, acompanhando-me e aconselhando-me. Assim, quando eu disse que queria estudar numa universidade de outro estado, ele olhou super sério nos meus olhos e assentiu. Mais tarde ele disse que estava se cagando, claro.
Bom, o fato é que eu consegui a vaga na tal faculdade, para orgulho, surpresa e desespero geral. Optei por me mudar pelos benefícios que o curso no outro estado me ofereceria – Como estudar duas línguas e o reconhecimento a nível nacional da UFRGS, por exemplo.
Ouço de muitos um “eu não teria coragem” quando conto o que estou fazendo, mas não é questão de coragem. Eu sei o que vale à pena, e sei o quanto a experiência de morar sozinha é importante. Tenho o suporte dos meus pais, minha avó pode sonhar com a minha independência e continuo me virando melhor sozinha do que acompanhada.

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