domingo, 31 de maio de 2015

A viagem dos Sonhos

Aluno 57
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Chegaram as férias, talvez as mais esperadas de toda a minha vida. Foram meses de preparação. Muitos roteiros, muitas dicas de amigos, muita coisa para conhecer em tão pouco tempo. As malas? Prontas a dias, eu sempre fui adiantadíssima, imagina para essa viagem. Cada lugar da cidade, cada bairro, cada monumento, tudo planejado meticulosamente. Eu sabia exatamente a onde ir, o que conhecer, o que comer, as ruas por onde andar. A viagem dos sonhos começa nos preparativos. No mínimo dez folhas de roteiros, que nem a metade será percorrida. Já me via andando pelos mesmos caminhos e praças que envolveram Ethan Hawke e Julie Delpy em “Antes do Pôr do Sol”.
Tudo pronto, hora de deixar o apartamento, dar uma última olhada nos gatos e seguir o sonho. Foi a corrida de táxi mais longa da minha vida, nunca o Salgado Filho demorou tanto a chegar. Já no avião, a ansiedade a mil e uma única certeza, eu não conseguiria dormir. Tudo bem, sou insone mesmo, assim tenho tempo para decorar umas frases, na língua que virou minha paixão, mas que até agora não consegui aprender.

Depois de assistir a todos os filmes do catálogo, ler todas as revistas, me acomodar, desacomodar, brigar com o travesseiro de pescoço e apertar o braço do meu marido a cada solavanco, começaram os procedimentos de decida. O frio na barriga, que já é comum nas descidas de avião, triplicou, eu conheceria a cidade dos meus sonhos. Comecei a perceber umas luzinhas lá embaixo. Nuvens cinzas passavam enquanto as luzinhas aumentavam, aumentavam, aumentavam. Começaram a aparecer os telhados, um misto de bege e cinza, os telhados da música do Nei. Pouco a pouco foi ficando tudo claro, as pontes, o rio, as ilhas, Montmartre ao alto. E apertando muito o pobre braço do meu marido, eu chorei, chorei copiosamente quando, da janelinha minúscula de um avião, eu vi Paris pela primeira vez.

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