Aluno 57
Reescrita
Me chamo Juciane. Neste momento, em frente ao computador, travo uma luta terrível comigo mesma, para produzir este texto. Não deveria ser tão difícil para alguém, que como eu, adora ler. Apesar do gosto pela leitura, que apareceu bem tarde na minha vida, tenho uma dificuldade incrível para escrever. As ideias fervem na cabeça, mas na hora de pô-las no papel é uma tortura. Tenho dois gatinhos que me acompanham nessa difícil tarefa, participam de tudo, como neste momento, em que escrever no computador é uma batalha entre teclado, mãos, focinhos e patas. As vezes penso se vale a pena todo esse esforço, pois com a idade que tenho poderia estar só curtindo minhas horas vagas.
Como já disse, o gosto pela leitura caiu de paraquedas na minha vida bem tarde. Venho de uma família que não tem o costume de ler. Como em quase todas as famílias do Brasil, a novela das oito sempre superou os livros. Por influência de colegas de trabalho o mundo das letras entrou em minha vida; uma dica ali, outra aqui, uma leitura de Jack Kerouac, outra de Saramago, pronto, me apaixonei.
Não só o gosto pela leitura entrou tarde em minha vida, o gosto pelas humanas, em geral, me conquistou quando eu já tinha 30 anos de idade. Nessa época eu era programadora de computador, uma guria das exatas, mas totalmente infeliz. Depois de realizar alguns concursos públicos e ser nomeada em alguns, consegui largar a informática. Pois é, eu, com uma idade em que as pessoas já estão colendo os frutos da profissão, estava mudando totalmente a minha.
Com o trabalho público, sobraram algumas horas do meu dia e resolvi que seria o melhor momento para voltar a estudar. Claro, nada de retornar à faculdade de Informática, meu foco naquele momento eram as letras. Depois de alguns vestibulares, consegui passar na UFRGS. Agora, com quarenta e dois anos, estou no terceiro semestre do curso de Letras, e mesmo brigando com elas, estou muito feliz. Me sinto uma privilegiada pois, mesmo aos trancos e barrancos, consigo conciliar o estudo com meu trabalho. O convívio com os colegas, que poderiam ser meus filhos, tem sido muito rico. A troca de experiências é surpreendente, alguns já leram muito mais em seus poucos anos de vida do que eu em meus muitos. O retorno à Universidade tem sido mais uma batalha, mas como já provei, nunca é tarde para começar e para superar as dificuldades.
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