Aluno 51
Reescrita
Gosto que me chamem pelo nome. Não tenha nada contra apelidos, apenas gosto do meu nome. E acho importante gostar. O nosso nome carrega consigo um peso gigante nas costas, que nós muitas vezes não percebemos. Remete a nossa personalidade para os que nos conhecem, e as nossas características físicas, e muitas vezes banais, para os desconhecidos. Como por exemplo, aqui. Para vocês, Carina não passa de uma menina, de estatura baixa, negra, comum. E podemos parar por ai.
Pois digo que não podemos. Uma vez ouvi de um amigo que Carina era nome de mulher forte, daquelas que não choram, muito menos transparecem fraqueza na frente de alguém. Daquelas com personalidade que exala ao peito. Ri, pois como quase tudo relacionado a mim, não me identifiquei. Na hora de ler o horóscopo não é diferente. Leonina tem espírito de liderança. Leonina sempre tem opinião formada. Leonina é isso, leonina é aquilo. E apesar de não acreditar naquela combinação de palavras, gostos e personalidades banais, sempre me indigno com o que leio. Me indigno simplesmente por não enxergar Carina nenhuma naquela descrição.
Pensei por algum instante e percebi que iria apenas me identificar com aquilo que realmente se parecesse comigo, aquilo que realmente me pertencesse. Resolvi então criar o meu próprio significado para Carina. Que tal? Muito ousado para alguém que quase não se considera Leonina? Talvez. Mas só assim poderia efetivamente ter um reflexo de mim. Carina é aquela menina que precisa chorar os seus sentimentos. É movida a eles e dificilmente os mantém dentro de si. Chora de alegria, de tristeza, cansaço, de emoção. E encontra nesse momento uma fuga da rotina, algo que todos deveríamos ter.
É uma pessoa extremamente transparente que não esconde o que sente o que quer e o que vê. Muito mais por não conseguir do que por não querer. Devido a sua transparência, ouve constantes perguntas e questionamentos sobre o seu humor. Principalmente quando está triste. Por outro lado, sente que consegue se aproximar das pessoas com certa facilidade, e faz com que até mesmo aqueles que não a conhecem, a conheçam bem.
Seria então essa característica comum a todas as Alunas 51? Não. Apenas àquelas que por algum motivo só veem a si mesmas quando se olham no espelho. Não se veem em revistas, descrições ou horóscopos. Veem-se nelas mesmas. E cá entre nós? Isso basta.
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