Aluno 61
Reescrita
Falam-me constantemente que tenho um “gênio forte” – seja por lutar pelos ideais em que acredito, seja por expôr minhas opiniões sem ter medo de retaliações ou discordâncias. Acredito que essa definição esteja correta, e ela realmente parece verdadeira quando olho para o passado e vejo como eu, de fato, sou uma pessoa firme.
Isso, ao meu ver, iniciou ainda em minha infância, já que vivi por alguns anos com meus avós e assisti, praticamente “de camarote”, ambos se degladiarem emocionalmente até meu avô falecer. A partir desse momento, entrei em choque, tive uma pequena reflexão e decidi nunca deixar que me tratassem do jeito que meu avô tratava minha avó: resumindo, como se ela não fosse capaz de pensar por si só e obrigada a atendê-lo sempre que ele quisesse.
Por causa desses acontecimentos, minha postura, muitas vezes introspectiva - já que costumo me manter quieta - e, até mesmo, ríspida - por não dar abertura para que conversem comigo ou soar grossa ao fazê-lo - , se origina do meu medo em não ser respeitada ou de ser tratada passivamente, como se me considerassem fraca e dependente. Devido a isso eu prefiro, sempre que possível, deixar claras minhas opiniões e personalidade, já que nem todas as pessoas conseguem lidar comigo da forma como me apresento; assim, costumo “descartar” de minha vida quem não se adapta ao meu jeito de ser. Os amigos que tenho, portanto, são poucos, mas os considero verdadeiros e duradouros, já que conseguimos nos entender mutuamente, sem grandes discrepâncias.
Porém, antes de conseguir refletir sobre tudo que estou falando a você, eu costumava crer piamente em astrologia. Era especialista no assunto: sabia cada mísero detalhe sobre mapas astrais, regentes e ascendentes, por achar que isso definiria o meu jeito “difícil”. Foi a forma que encontrei de justificar meus erros e acertos – típica capricorniana, alguns dirão. Mas, felizmente, já superei o medo que tinha de genuinamente conhecer a mim mesma, e o exercício de escrever esse texto é uma demonstração disso. Hoje posso, orgulhosamente, dizer que estou tentando entender, para além dos astros e dos planetas, os processos que construíram (e constróem) a mulher que me tornei.
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