sexta-feira, 1 de maio de 2015

APRESENTAÇÃO (IN)FORMAL

Aluno 54
Reescrita


    Quando nasci, há 18 anos, chamaram-me Aluno 54. Ao longo da vida percebi o mundo com muita simplicidade e encontrei no cotidiano uma beleza que muitas vezes não é vista. Pouso o meu diferencial na percepção de mundo. Com sentimentos intensos sobre tudo, sinto de maneira demasiada e às vezes dramatizo no meu próprio pensamento, pensando o quão protagonista de novela mexicana posso ser, mesmo aparentando normalidade.
     Com esse olhar intenso, transformo uma ida ao mercado em um paraíso: amo as embalagens diferentes e coloridas; as famílias que passam por ali fazendo compras para a semana me fazem sorrir. Se ao sair na rua encontro algum cachorro ou criança felizes, ou se presencio alguma cena com sinceridade positiva ganho meu dia. A felicidade do mundo não me permite ser alheia, então participo dela o máximo que posso. No entanto, o sofrimento do mundo também não me permite ser alheia. Vendo algum animal abandonado, pessoas vivendo em péssimas condições ou sendo mal tratadas, sendo excluídas e sofrendo preconceito me sinto imensamente triste e, com certo egoísmo, por estar sentindo e não passando por aquilo, também injustiçada. Também me entristece saber que tudo isso e além acontece a todo momento, mesmo que eu não as veja.
     Confio que essa intensidade com que percebo os acontecimentos corriqueiros é importante para o meu papel no mundo, que seria deixá-lo melhor e tentar não piorá-lo. Em meio a tanta indiferença, perceber e tornar relevante o mínimo – voltando ao exemplo das embalagens –  é essencial para superar esse ciclo de pessimismo pelo qual o mundo passa. A rapidez das mudanças não me influenciou a ponto de não me permitir parar e observar, para sair sorrindo e completamente realizada com aquilo que quase ninguém vê.

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