Aluno 102
1 Versão
Aos 13 anos de idade ouvi um amigo de escola falar
que o livro favorito dele era A Revolução
dos Bichos, do autor George Orwell. Ao ouvir tantas coisas boas sobre a
obra, resolvi ir até a biblioteca de minha escola e pegá-la. A leitura foi leve
e agradável. De fato, a obra tem um tom muito inocente, quase como uma fábula.
Quando cheguei ao final do livro, as últimas páginas haviam transformada uma
inocente história infantil em um pesadelo.
Acontece
que, na inocência dos meus 13 anos de idade eu ainda não sabia identificar uma
crítica existente em uma obra; e por ainda não chegar ao conteúdo de que a obra
se tratava nas aulas de história, eu não tinha o conhecimento prévio que
mudaria a minha percepção sobre a história. Conhecimento prévio, de acordo com
o que a autora Angela Kleiman diz em seu livro TEXTO E LEITOR: Aspectos Cognitivos da Leitura (1995), é aquele
cuja interação de diversos níveis de conhecimento, como o conhecimento
linguístico, o textual, o conhecimento de mundo, que o leitor consegue construir
o sentido do texto. Portanto, minha falta de conhecimento, principalmente
histórico, foi o que me impediu de fazer uma leitura crítica e interativa do
texto.
Mesmo
não entendendo um dos fatores principais do livro, me foi despertada a vontade
de ler A Revolução dos Bichos novamente.
Ano passado, quatro anos após a primeira leitura, fui à mesma biblioteca e
peguei o livro. O livro que peguei dessa vez não era o mesmo pego anteriormente
e nele continham alguma anotações à lápis sobre o enredo da história. Assim,
juntando os novos conhecimentos que adquiri durante os anos mais as dicas
anotadas no livro, a minha compreensão da obra foi totalmente diferente. Desde
o início desta nova leitura eu já sabia que a história era uma crítica a
Revolução Russa; e somando ao meu novo conhecimento de mundo pude atribuir ao
texto também a crítica não só a esta revolução em particular, mas também de
todo o processo de um governo totalitário desde seu início.
Esta
experiência de leitura foi tão marcante para mim, que hoje a obra de Orwell é
um dos meus livros favoritos e sempre faço questão de fazer esta comparação
quando o explico para meus amigos. O que posso concluir a partir daí é que ser alfabetizado
não é o único pré-requisito para ler algo, nossas experiências de vida e o modo
como observamos o mundo são ferramentas fundamentais que precisam ser
utilizadas ao iniciar a leitura de um texto.
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