1ª
Versão
Por Aluno 9
São cinco da manhã, e o despertador começa a tocar, um tanto quanto zonzo olho pela janela e o sol vai surgir a qualquer momento, lembro-me do alvorecer da minha infância, lembro-me do ambiente escolar à que pertenci, e me sinto grato por ter sido moldado nesse ambiente. Na escola aprendi e vivenciei vários valores morais cristãos, o perdão talvez seja ainda o mais desconfortável de se praticar, o que mais cobra de minha consciência. Lá aprendi a “ser” algo diferente do que sou, aprendi a me encaixar nos padrões, colocar a máscara feita de um molde que não me pertencia. Pego minha mochila, e estou pronto para enfrentar o primeiro dia na minha nova rotina acadêmica.
Agora são 12h, acabo de sair da aula de Literatura
Brasileira, a fila do R.U já está gigante como sempre, e o sol brilha lá no
céu, quente e temível, dentro de mim um misto de infelicidade e satisfação se
misturam, satisfação, pois a cadeira vai me deixar feliz, estou realizado; e
infelicidade porque durante toda a aula ri de um colega, e disse em voz alta,
que os comentários que ele vem fazendo durante a aula são inoportunos, e
prejudicam o andamento da aula. Senti-me incomodado com o colega, afinal a
professora havia pedido diversas vezes que não se fizesse comentários em outra
direção à linha de raciocínio que ela estava traçando. O colega continuou
interrompendo com colocações sem nexo ao assunto da aula. E continuamos rindo.
Estou me dirigindo
para a última aula do dia, São 13:30 e o sol está “de rachar”, começo a
refletir sobre a aula anterior, sobre o colega inoportuno, fui intolerante com
ele, assim como a grande maioria, fui intolerante assim como fui vítima de
intolerância, não direi aqui, que fui apenas vítima, muitas vezes fui o algoz,
aquele que se apraz com o sofrimento alheio, aquele que ri do que não tem um
pingo de humor. Mas fui também vítima, como a maioria das crianças e
adolescentes, que tem seu primeiro contato com a sociedade frustrado no
ambiente escolar. Na escola, a esperança morria todos os anos, era como se
todos os meus sonhos não fossem mais possíveis a partir do momento em que o
primeiro colega tirava sarro de mim, fazendo algum tipo de brincadeira à qual
todos na classe riam. A dor emocional e às vezes física me abatia de tal
maneira, que quando o espelho me encarava eu via algo que não o ser humano que
sei hoje, eu era.
São 18h, a aula de Latim acabou há 10 minutos, espero o D43 e o céu vai ficando laranja. É o entardecer que vem chegando. Em meus pensamentos volto ao momento no qual o menino foi caçoado por mim, e meus colegas. A lembrança de sentir todos rindo de mim, me assola com um soco no estômago, mal respiro, sinto vergonha e remorso. Como eu, que sei exatamente como alguém se sente nessa situação, vira o vilão? Como eu, que me considero tão correto deixo isso acontecer? A resposta não chega, e meus sentidos ficam entorpecidos, resultado do cansaço físico de uma longa jornada diária que vai chegando ao fim. Chego em casa.
São 21h e eu vou me deitar, olho pela janela, e o céu está estrelado, me deito e começo a reviver o dia, já não me sinto mais culpado, reflito e chego a conclusão que o bullying foi não necessário, mas aceitável para o meu desenvolvimento pessoal, me fez mais forte, me fez ambicioso, eu diria que o bullying me colocou na melhor universidade do país. Quanto à prática do bullying, me convenço que o trabalho diário para combater minhas intolerâncias é o caminho a ser seguido.
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