segunda-feira, 28 de abril de 2014

Apresentação

Reescrita
Por Aluno 27


Em vinte e dois anos, não vivi mais do que se possa esperar de alguém que sonha e pensa demais. Provavelmente a fonte do problema esteja no passado longínquo dos meus seis anos quando acreditava veemente que câmeras nos monitoravam a todo momento. Nem sabia da existência de George Orwell e seu Big Brother , mas já pensava sobre, por maior que fosse o descrédito que tinha perante os outros com tal teoria.
Meu excesso de pensamentos e imaginação estendeu-se ao longo dos anos, quando desenvolvi a enorme capacidade de imaginar tudo o que ouvia. Com o passar do tempo, veio o mal da indecisão, o querer fazer demais em vidas de menos. Três cursos, dezenas de cópias de livros sobre historiografia e história das partes remotas do mundo, pilhas de folhas A3 com desenhos raramente bons, caixas de tintas coloridas e então, finalmente, as estantes cheias de Hemingway e Joyce.
A pior das consequências do meu mal veio com a idade. Rirá o leitor, pois o que são vinte e dois anos, não? De qualquer forma, os sinto quando é necessário um cafezinho para me manter acordada após a cerveja. A dificuldade em encarar subidas e escadarias já nem é culpa da idade, mas do sedentarismo. Acredito que a prematura velhice acentuou minha absurda capacidade imaginativa, me levando hoje, a criar mundos paralelos, existências diversas em realidades que jamais conheci. A indecisão, a imensa dificuldade em decidir entre coisas banais, ainda persiste. No entanto, o que antes fazia parte da dimensão das “decisões importantes da vida”, agora tornou-se a cor do All Star a ser usada ou ainda o sabor do sorvete.
Hoje, por fim, meus dias resumem-se a observar as pombas mancas e obesas porém alegres que passeiam em meio aos transeuntes, sentir constante sono, ingerir mais açúcar que três pâncreas poderiam suportar e simplesmente seguir rindo sozinha das mais mirabolantes teorias que abatem minha mente sonolenta da manhã. 

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