Reescrita
Por Aluno 5
Quando
cheguei em casa naquela sexta-feira, deitei no sofá e comecei a pensar em como
me apresentar, no jeito que eu sou e as coisas que gosto. De todos aqueles
pensamentos, o que mais se sobressaiu foi a escolha da minha futura profissão.
Tentei pensar nos motivos que me levaram a essa decisão e defini como principal
o fato de que sou apaixonada por palavras. Gosto delas em suas diversas formas,
no jeito que elas se juntam para formar um daqueles milhares de poemas (que eu
sempre leio) que se encontram colados nos vidros dos ônibus, ou na forma que
elas se unem em um diálogo entre duas pessoas quando uma conta para outra
alguma novidade que aconteceu em seu dia.
Lembrei-me
que esse amor começou quando era criança, quando ganhei uma fita com músicas
infantis, que eu escutava sem parar e saia por aí repetindo as palavras que a
cantora tinha encaixado em um ritmo animado. Depois, quando aprendi a ler, eu
me apaixonei por elas novamente, pelo jeito que elas se juntavam para formar
aqueles livros de fantasia que me encantavam. Eu lia aquelas palavras e elas
começaram a me inspirar, senti vontade de mostrar as minhas também. Mesmo sendo
uma criança, comecei a juntá-las e escrevi minhas próprias histórias. Escrevi
uma sobre um Papai Noel que não usava renas e acabei vencendo um concurso, o que
me deixou muito feliz, e foi um incentivo para eu continuar escrevendo.
Fui
crescendo sempre rodeada das palavras e a ausência delas me deixava triste. Eu
amava sentar e passar horas conversando com alguém, sobre qualquer assunto,
aquela troca de palavras era a coisa que eu mais gostava de fazer. O silêncio
me incomodava então eu era (e ainda sou) uma pessoa que estava sempre falando,
sempre tentando mostrar as minhas palavras e assim ouvir as palavras dos outros
em resposta.
Em
certo momento da minha vida (quando eu tinha uns treze anos) as palavras me
conquistaram também por meio dos filmes. Eu comecei a assistir um, depois
outro, e logo me encontrei viciada por aquelas palavras que formavam enredos
que me prendiam, e era o único momento em que eu o meu silêncio me confortava,
onde eu desviava minha total atenção para as falas daqueles personagens. Primeiramente
eu os assistia dublados, pois não tinha familiaridade com outras línguas. Um
dia decidi mudar e assistir com o áudio original. Encontrei-me apaixonada de
novo por palavras, só que dessa vez eram em Inglês, tão diferentes das que eu conhecia
o que só aumentava a minha vontade de aprendê-las. Então, comecei a estudá-las
em casa, assistindo os filmes e lendo aqueles livros de fantasia (meus eternos
companheiros).
O
tempo foi passando, até que chegou a hora de escolher minha profissão, eu nunca
tive dúvida: eu queria trabalhar com palavras, queria aprender cada vez mais
sobre elas para um dia poder ensiná-las, queria que todos vissem como são
maravilhosas, assim como eu as vejo. Eu queria ser professora. Eu decidi cursar
licenciatura em Letras, e sempre tinha alguém para dizer que eu não me daria
bem e que ser professor não dá retorno financeiro, mas eu nunca dei muita
importância para essas opiniões. Passei no vestibular e me encontro no primeiro
mês de faculdade, me sentindo mais realizada que nunca, sempre com as das
palavras ao meu lado.
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