domingo, 27 de abril de 2014

Palavreado

Reescrita
Por Aluno 5

Quando cheguei em casa naquela sexta-feira, deitei no sofá e comecei a pensar em como me apresentar, no jeito que eu sou e as coisas que gosto. De todos aqueles pensamentos, o que mais se sobressaiu foi a escolha da minha futura profissão. Tentei pensar nos motivos que me levaram a essa decisão e defini como principal o fato de que sou apaixonada por palavras. Gosto delas em suas diversas formas, no jeito que elas se juntam para formar um daqueles milhares de poemas (que eu sempre leio) que se encontram colados nos vidros dos ônibus, ou na forma que elas se unem em um diálogo entre duas pessoas quando uma conta para outra alguma novidade que aconteceu em seu dia.
Lembrei-me que esse amor começou quando era criança, quando ganhei uma fita com músicas infantis, que eu escutava sem parar e saia por aí repetindo as palavras que a cantora tinha encaixado em um ritmo animado. Depois, quando aprendi a ler, eu me apaixonei por elas novamente, pelo jeito que elas se juntavam para formar aqueles livros de fantasia que me encantavam. Eu lia aquelas palavras e elas começaram a me inspirar, senti vontade de mostrar as minhas também. Mesmo sendo uma criança, comecei a juntá-las e escrevi minhas próprias histórias. Escrevi uma sobre um Papai Noel que não usava renas e acabei vencendo um concurso, o que me deixou muito feliz, e foi um incentivo para eu continuar escrevendo.
Fui crescendo sempre rodeada das palavras e a ausência delas me deixava triste. Eu amava sentar e passar horas conversando com alguém, sobre qualquer assunto, aquela troca de palavras era a coisa que eu mais gostava de fazer. O silêncio me incomodava então eu era (e ainda sou) uma pessoa que estava sempre falando, sempre tentando mostrar as minhas palavras e assim ouvir as palavras dos outros em resposta.
Em certo momento da minha vida (quando eu tinha uns treze anos) as palavras me conquistaram também por meio dos filmes. Eu comecei a assistir um, depois outro, e logo me encontrei viciada por aquelas palavras que formavam enredos que me prendiam, e era o único momento em que eu o meu silêncio me confortava, onde eu desviava minha total atenção para as falas daqueles personagens. Primeiramente eu os assistia dublados, pois não tinha familiaridade com outras línguas. Um dia decidi mudar e assistir com o áudio original. Encontrei-me apaixonada de novo por palavras, só que dessa vez eram em Inglês, tão diferentes das que eu conhecia o que só aumentava a minha vontade de aprendê-las. Então, comecei a estudá-las em casa, assistindo os filmes e lendo aqueles livros de fantasia (meus eternos companheiros).
O tempo foi passando, até que chegou a hora de escolher minha profissão, eu nunca tive dúvida: eu queria trabalhar com palavras, queria aprender cada vez mais sobre elas para um dia poder ensiná-las, queria que todos vissem como são maravilhosas, assim como eu as vejo. Eu queria ser professora. Eu decidi cursar licenciatura em Letras, e sempre tinha alguém para dizer que eu não me daria bem e que ser professor não dá retorno financeiro, mas eu nunca dei muita importância para essas opiniões. Passei no vestibular e me encontro no primeiro mês de faculdade, me sentindo mais realizada que nunca, sempre com as das palavras ao meu lado.

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