Reescrita
Por Aluno 40
Sempre tive grande dificuldade em definir quem eu era,
o que eu queria para o meu futuro e o meu papel na sociedade. Uma inquietação
presente na vida de muitos adolescentes. Mas sempre quis descobrir esse papel. Ter
novas experiências, ter expectativas, muitas decepções e realizações foram
parte disto. Meu nome é Sara Hoerlle e tenho 19 anos, nasci na cidade de Ijuí
onde morei até meus 17 anos.
Do contrário da grande maioria de meus colegas, sentia
a necessidade de abandonar aquele meio de conforto. Morar com os pais, ter
comida na mesa e roupa lavada não faria parte da minha vida pós ensino médio. Sentia
uma vontade tremenda de mudar de cidade, morar sozinha, cursar uma universidade
federal, ser mais independente. Terminei o ensino médio sem saber qual carreira
gostaria de seguir, me questionava “no que eu quero trabalhar o resto da minha
vida?”. Então naquele ano (e no ano seguinte) optei por psicologia, não sei ao
certo por que, mas gostaria de trabalhar ajudando diretamente as pessoas de
alguma forma.
Mudei-me então para Porto Alegre, meu irmão já morava
aqui então facilitava minha mudança. Fiz dois anos de cursinho pré-vestibular onde
tive a oportunidade de conhecer pessoas incríveis e ter professores que me
mostraram um outro lado de ser professor, mudaram a imagem que eu tinha de que
ser professor era sinônimo de infelicidade causada por
uma vida medíocre e um salario insatisfatório. Pude perceber então que ser
professor era mudar vidas, transferir conhecimento e moldar o futuro de inúmeras
crianças. Foi então que percebi que era isso que eu queria, que talvez meu
papel na sociedade seria esse, ajudar crianças a ver o mundo de uma forma
diferente. Escolhi Letras pela descoberta, nesse mesmo contexto, de uma paixão
por literatura pois diferente do meu ensino médio as aulas eram dadas com amor
e não simplesmente por que constava no cronograma. E era assim que eu queria
ser, ensinar aos meus alunos como literatura pode ser encantadora, dar aula com
amor pelo que eu farei. Mas isso por enquanto são sonhos.
Já abalada com duas não-aprovações parei para me
perguntar o que eu faria do próximo ano, continuaria tentando psicologia ou
enfrentaria o medo de contar para os meus pais que eu gostaria de fazer uma
licenciatura? Vir de tão longe, tantos gastos, pra no fim meus pais ouvirem “eu
vou fazer Letras”? E então tive a consciência de me preocupar mais com o que eu
queria do que com o que minha família pensaria sobre. A primeira reação foi “mas
Letras? Poderia estar há dois anos na faculdade” ou então “dois anos perdidos”.
Mas não acredito que tenham sido dois anos perdidos, foram dois anos de intenso
aprendizado sobre eu mesma, o que vivi e aprendi nesses dois anos, modelaram
grande parte do que serei nos próximos anos, logo que foram esses dois anos que
me fizeram optar por Letras.
Agora já na universidade, espero ter tomado a decisão
certa, e que consiga me realizar e entender um pouco mais as minhas
inquietações. E se não for a decisão certa, terei mais um, dois anos, ou
quantos forem necessários, pra tentar algo novo, importante mesmo é a gente
fazer o que gosta e ser feliz a sua maneira.
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