sexta-feira, 25 de abril de 2014

Eu, professora?

Reescrita
Por Aluno 40


Sempre tive grande dificuldade em definir quem eu era, o que eu queria para o meu futuro e o meu papel na sociedade. Uma inquietação presente na vida de muitos adolescentes. Mas sempre quis descobrir esse papel. Ter novas experiências, ter expectativas, muitas decepções e realizações foram parte disto. Meu nome é Sara Hoerlle e tenho 19 anos, nasci na cidade de Ijuí onde morei até meus 17 anos.
Do contrário da grande maioria de meus colegas, sentia a necessidade de abandonar aquele meio de conforto. Morar com os pais, ter comida na mesa e roupa lavada não faria parte da minha vida pós ensino médio. Sentia uma vontade tremenda de mudar de cidade, morar sozinha, cursar uma universidade federal, ser mais independente. Terminei o ensino médio sem saber qual carreira gostaria de seguir, me questionava “no que eu quero trabalhar o resto da minha vida?”. Então naquele ano (e no ano seguinte) optei por psicologia, não sei ao certo por que, mas gostaria de trabalhar ajudando diretamente as pessoas de alguma forma.
Mudei-me então para Porto Alegre, meu irmão já morava aqui então facilitava minha mudança. Fiz dois anos de cursinho pré-vestibular onde tive a oportunidade de conhecer pessoas incríveis e ter professores que me mostraram um outro lado de ser professor, mudaram a imagem que eu tinha de que ser professor era sinônimo de infelicidade causada por uma vida medíocre e um salario insatisfatório. Pude perceber então que ser professor era mudar vidas, transferir conhecimento e moldar o futuro de inúmeras crianças. Foi então que percebi que era isso que eu queria, que talvez meu papel na sociedade seria esse, ajudar crianças a ver o mundo de uma forma diferente. Escolhi Letras pela descoberta, nesse mesmo contexto, de uma paixão por literatura pois diferente do meu ensino médio as aulas eram dadas com amor e não simplesmente por que constava no cronograma. E era assim que eu queria ser, ensinar aos meus alunos como literatura pode ser encantadora, dar aula com amor pelo que eu farei. Mas isso por enquanto são sonhos.
Já abalada com duas não-aprovações parei para me perguntar o que eu faria do próximo ano, continuaria tentando psicologia ou enfrentaria o medo de contar para os meus pais que eu gostaria de fazer uma licenciatura? Vir de tão longe, tantos gastos, pra no fim meus pais ouvirem “eu vou fazer Letras”? E então tive a consciência de me preocupar mais com o que eu queria do que com o que minha família pensaria sobre. A primeira reação foi “mas Letras? Poderia estar há dois anos na faculdade” ou então “dois anos perdidos”. Mas não acredito que tenham sido dois anos perdidos, foram dois anos de intenso aprendizado sobre eu mesma, o que vivi e aprendi nesses dois anos, modelaram grande parte do que serei nos próximos anos, logo que foram esses dois anos que me fizeram optar por Letras.
Agora já na universidade, espero ter tomado a decisão certa, e que consiga me realizar e entender um pouco mais as minhas inquietações. E se não for a decisão certa, terei mais um, dois anos, ou quantos forem necessários, pra tentar algo novo, importante mesmo é a gente fazer o que gosta e ser feliz a sua maneira. 

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