terça-feira, 29 de abril de 2014

Entre palcos e sentimentos

Reescrita
Por Aluno  20


Cinco, seis, sete e oito,... Essa é a contagem que uma bailarina faz quando inicia uma coreografia para que entre impecavelmente no compasso, afim de que cada passo de dança esteja sincronizado não apenas com a música que está tocando, mas também com o sentimento que precisa transmitir para o público. E para isso, muitos ensaios são necessários, alguns tombos e diversas frustrações fazem parte da construção do espetáculo final, em que a artista precisa demonstrar tudo que aprendeu de uma maneira completa, misturando habilidade com graça, força com doçura.
Interpreto minha vida dessa forma, como um espetáculo diário. Tenho dezenove anos, danço desde os três. Desse modo, estou inserida nesse mundo mais artístico desde muito cedo – talvez por influência do meu pai, o qual possui habilidades musicais muito fortes – e tenho certeza que todo esse contexto mais subjetivo que a arte aborda e que trago em minha vida, resulta em melhores reflexões e soluções para os entraves de todos os dias, visto que cada vez mais a minha rotina de compromissos universitários possui maiores responsabilidades frias e calculistas que transformam momentos em horas mecânicas e sem cor.
Talvez seja por isso que eu viva tanto a dança. A partir dela posso criar nuances em meu dia a dia. Consigo quebrar as regras e fazer curvas em situações ruins ou indesejáveis. Assim em momentos de raiva ou tensão, consigo trazer paz para meu interior, com alguma coreografia de atitude, com movimentos bruscos e fortes como a força de um vento em uma tempestade. E nos momentos alegres, com a dança tenho o poder de multiplicar esse sentimento e através de uma sequência de passos leves e delicados como flores em um jardim, atinjo sentimentos maravilhosos que transbordam pelos meus movimentos.
Além disso, gosto de acreditar em tudo. Sonhar e realizar as coisas são sentimentos muito fortes em mim. E a dança é minha aliada nisso, pois se o mundo conspira contra as minhas crenças quando estou em cima do palco posso ser o que eu quiser. Em um pequeno salto posso voar e ser livre como um pássaro e quando piso com as pontas de meus pés no palco, sinto como se estivesse flutuando sobre nuvens, e o que sinto em momentos assim é uma felicidade interior imensa, como se tudo na vida pudesse dar certo sempre.
Isso tudo pode ser loucura, delírio, dilúvios imaginários. Talvez seja, não discordo. Sei que a dança causa isso nas pessoas. Ela traz essa sensação mágica e distinta. Por isso me encontro nela, identifico-me. Meu relacionamento com essa arte faz com que eu me perca em sentimentos e me encontre em emoções ao mesmo tempo. E afirmo o quanto isso faz parte de mim. Eu poderia relatar aqui que tenho um metro e cinquenta e quatro, cabelos cacheados e uma gata chamada Luna, entretanto diversos indivíduos se encaixariam nessas características. O que traduz o que verdadeiramente representam as pessoas são suas emoções particulares, os sonhos desejados e os caminhos que trilham. Dessa forma, da mesma maneira que uma dançarina demonstra tudo que aprendeu e tudo o que sente em alguns minutos de coreografia, expressar em palavras o que eu sinto e o que vivo diante da música interpretada através de movimentos é a melhor forma de apresentar quem sou.


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