1ª Versão
Por Aluno 37
Da minha existência, em
todas as suas contradições, pode ser dita apenas uma palavra: inconformismo.
Pedro Jung, vinte e um anos de corpo e portador de uma mente que - no melhor
dos casos – é desesperadamente anacrônica. Primogênito de um engenheiro mecânico
e de uma médica – divorciados -, irmão de uma futura administradora e sobrinho
de inúmeros professores: por grande parte da minha vida justifiquei meu ser por
destruir os alicerces em que estava sustentado.
Educado
em uma família rigorosamente luterana; alemães em demasiado rígidos. Sofri por
muito da má digestão de uma fé indesejada: regurgitei-a, e eis o primeiro
contratempo. Fui o aborto da esperança de meus pais, o segundo: onde se muito
esperava um ideal teutônico, travado e duro na imaginação pela falta do óleo
das belas-artes, me apresentei em minha natureza; grande o suficiente para
padecer do constante mal de ver tudo de tão distante e enevoado, sistematicamente
espairecendo entre as nuvens, somente voltando ao solo quando encontro minha
testa em um galho das árvores de Porto Alegre.
Por natureza, escritor:
Os livros são, para mim, o quadro de um mundo tão familiar mas tão desconhecido;
onde detalhes essenciais faltam, preenchidos somente por e em minha mente.
Minha vida definiu-se por eles e segue através deles; seja por bem, seja por
mal. Tinta negra corre em lugar do meu sangue: sofro pelos cruéis editores da
vida, deuses tão inalcançáveis e poderosos, minhas emoções transbordando erros
ortográficos.
Sofro até calado, ou sofro
solitário; mas não me conformo em sofrer sem leitura.
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