Reescrita
Por Aluno 30
A maioria das
pessoas desde a infância sabem o que “querem ser quando crescerem”, elas até
podem mudar de ideia ao longo do caminho, mas a maioria das pessoa de um jeito
ou de outro sabe o que quer fazer de faculdade e com o que quer trabalhar porém
quando eu era criança só pensava em ser princesa da Disney. Saber o que queria
fazer da vida sempre foi um mistério pra mim e foi no ensino médio que não
saber se tornou um problema sério.
As minhas
idéias de cursos para fazer na faculdade estavam sempre em mudança indo e
voltado, com exceção de um curso que estava sempre ali vendo os outros cursos
chegarem e partirem como os ônibus da parada em frente ao shopping que ficava o
cursinho. Aliás, eu era aquela aluna no cursinho pré-vestibular que até o meio
do ano estava ali sem saber porque, que estudava todos os dias, que acordava e
dormia cedo, que acordava cedo até aos sábados para aulas extras sem saber
porque, sem saber para quê.
Este curso que
ficava de espectador dessa parada de ônibus que nunca parava até era legal, eu
gostava de me imaginar nele, mas ele, coitado, sempre foi vítima da minha
negação. Não que eu quisesse realmente fazer outro curso, mas queria muito
querer fazer outra coisa. Entende?
Eu não tinha
muito apoio: de um lado era meu pai dizendo “tu és tão inteligente, por que não
faz direito?” do outro as pessoas que diziam “quer morrer de fome?” e ainda
tinha os colegas que perguntavam “por que tu faz cursinho para isso? É um curso
tão fácil de passar. O meu é bem mais difícil, tu não tem porque se preocupar”
mas eu tinha porque me preocupar,
primeiro porque eu ainda não tinha assumido pra mim mesma o meu curso e segundo
porque se eu não passasse no vestibular mesmo depois de um ano de cursinho eu
teria um problema sério com meus pais.
Apesar da minha
trajetória de negação ser repleta dessas pessoas que me colocavam para baixo eu
encontrei, também, pessoas que me fizeram aceitar. A primeira, que conheci,
dessas pessoas foi a minha professora Marcia Marques, do ensino médio, ela é
incrível, é a maior responsável por eu estar no curso que estou, foi ela quem
me apoio nos meus momentos de crise (antes de inscrições para vestibulares em
que eu tenha que selecionar meu curso e surtava por causa disso), foi ela e meu
amor por ela me fez querer seguir seu exemplo. No cursinho pré-vestibular tive
outro professor maravilhoso que quando soube o curso que eu pretendia fazer
passou a me chamar de “colega”, e ser considerada colega daquele mestre me
fazia sentir incrível. Também no cursinho encontrei mais uma diva, a professora
Tati que me disse frases que ecoaram na minha cabeça e que foram decisivas para
completar a minha aceitação, frases como “ótima ideia, baseia teus argumentos
pela literatura porque isso tu sabe, e muito” ou como “mas Morgana, isso é
porque nós somos mulheres da literatura”.
Depois dessa
frase e de como ela brilhou dentro de mim não tinha como negar...
Prazer, meu
nome é Aluno 30, eu faço licenciatura em letras na
Universidade Federal do Rio Grade do Sul e eu sou uma mulher da literatura.
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