Reescrita
Por Aluno 43
Olá. Meu nome é Viktorya, e
meu nome completo, Viktorya Zalewski Pietsch dos Santos. Esse nome russo com
sobrenomes polonês, alemão e português pode até soar uma tremenda mistura
àqueles que o escutam, mas representa em integridade aquilo que eu sou: uma
miscelânea complexa de etnias e de heranças. Apresentar-me seria como falar um
pouco de cada uma das peças deste mosaico que me constitui.
Com tantas famílias
diferentes compondo minha antecedência, é uma tremenda sorte que elas tenham se
encontrado em algum instante da vida para que eu pudesse nascer. Carrego traços
de cada uma delas, traços que vão além do sentido fisionômico e atingem o sentido
de personalidade.
Dos poloneses, por exemplo,
herdei a cabeça-dura. Quando era criança, me irritava se meus amigos não
acatavam minhas ideias sobre o que brincar ou que tipo de trabalho realizar; caso
eu tivesse convicção sobre algo, era difícil fazer com que eu mudasse de ideia.
Uma vez, tendo escrito uma pergunta e colocado-a entre aspas, questionei a
professora se o ponto de interrogação deveria vir dentro delas. A educadora
respondeu que sim. Mas eu tinha quase certeza de que contrário era o correto,
e, mesmo sendo uma menina de apenas nove anos, foi muito difícil para que
aceitasse o que ela havia me falado.
A etnia germânica, da mesma
forma, deu-me a desconfiança nata. Era comum pensar que as pessoas tinham
intenções dúbias ao meu respeito e de que riam de mim pelas costas. Isso me
propiciou, secretamente, um aspecto um pouco anti-social. Mas, apesar desses
fatores, também recebi a alegria e extroversão dos portugueses, características
que fazem com que minha melancolia seja apenas interna. Sinto a necessidade de
interagir, de conversar; tantas vezes já soltei risadas escandalosas e fiz meus
amigos passarem vergonha por causa das minhas “piadas” ou comportamento
desmedido. Eles ficam constrangidos. “Vik, estamos no restaurante, não precisa
bater na mesa” foi a fala de uma amiga ao lembrar-me de que eu não precisava
dar um tapa nas coisas quando estou rindo – ainda mais em um ambiente
sofisticado. E então, devido à reprovação dela, sofri silenciosamente.
Não sou, no entanto, uma
menina pronta ou completa, tampouco conformada com as características que me
foram legadas. A cabeça-dura, por exemplo: tenho tornado-a uma coisa boa. Hoje sinto
prazer em ouvir opiniões diferentes, mas protejo-me daquilo que acho
prejudicial, como conversas de pessoas reclamonas e opiniões preconceituosas.
Também me esforço para equilibrar a desconfiança e a extroversão, rindo mais
moderadamente e aprendendo, através de queridas amizades, que muita gente quer meu
bem. Portanto estou em constante mudança e, principalmente, em constante
formação. Acrescento, pouco a pouco, novas peças ao mosaico ainda incompleto que
sou; peças tão distintas quanto as que formam meu nome.
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