Aluno 100
1 Versão
“A ativação do conhecimento prévio é,
então, essencial à compreensão, pois é o conhecimento que o leitor tem sobre o
assunto que lhe permite fazer as inferências necessárias para relacionar
diferentes partes discretas do texto num todo coerente” (KLEIMAN – 1995, pg.
25).
“O conhecimento linguístico, o
conhecimento textual, o conhecimento de mundo devem ser ativados durante a
leitura para poder chegar ao momento da compreensão, momento esse que passa
despercebido, em que as partes discretas se juntam para fazer um significado”
(KLEIMAN – 1995, pg. 26).
“A Leitura do mundo implicaria, portanto,
o reconhecimento e a percepção da vida-vivida, desde as experiências subjetivas
mais íntimas até as relações histórico-sociais mais complexas: a consciência
delas e seu reconhecimento seriam condição fundamental para que a aprendizagem
formal fosse instrumento de maior participação e de transformação da ordem
social injusta. Em termos claros, só faz sentido aprender a leitura do texto se
for para ampliar as formas de ser e de perceber o mundo” (BRITO – 2012, pg.
24).
“No que tange à pedagogia da leitura,
interessa especialmente observar que interpretar não é ler (ainda que faça
parte da leitura), da mesma forma que uma leitura é diferente de uma escuta de
falas do dia a dia” (BRITO – 2012, pg. 27).
Tendo em consideração o ponto de vista
dos autores Kleiman e Brito, podemos perceber que leitura não é uma tarefa que
todos temos a capacitação conosco, pelo contrário, adquirimos eficiência na
leitura conforme aprendemos como funciona tal processo. Destarte, não há
possibilidade de termos uma leitura clara se, apesar de nossos esforços, temos
dificuldades de compreensão causados por nosso conhecimento precário de mundo.
Com isso em mente, entenderemos que, conforme crescemos intelectualmente em
nossas leituras, criamos um repertório maior de discernimento de mundo.
Para exemplificar os argumentos, trago
uma situação que talvez seja comum entre jovens leitores, ávidos por querer
saber mais do que realmente sabendo. Portanto, ao pegar Iracema, deparei-me com
tal vocabulário inusitado, que mesmo com muitos esforços, não consegui terminar
uma leitura de 100 páginas em uma tarde, como costumava fazê-lo. Temos que ter
ciência de que eu, aos 12 anos de idade, achei que poderia arriscar-me em uma
leitura mais clássica, para fugir da literatura infanto-juvenil, da qual já
estava farta. Desse modo, com um conhecimento de mundo muito modesto e não
tendo nem mera noção de linguística ou de como compreender um texto em que
havia de ser necessário saber mais sobre a história que se passava naquele
tempo e, além disso, das entrelinhas que se emaranham dentro dela. Assim sendo,
passei, pelo menos, duas semanas indo e voltando nas páginas deste livro, com
um dicionário ao lado e lendo mais as notas de rodapé do que qualquer outra
coisa. Por conseguinte, aproveitei pouquíssimo da leitura – ou absolutamente
nada – e, apesar disso, depois de muito esforço, terminei as 100 páginas
orgulhosa, não porque havia entendido tudo e acrescido algo para minha
formação, mas sim porque havia conseguido terminar um livro que é um clássico da
literatura (e, na verdade, eu odiei a história – o que eu entendi dela, claro).
Tudo isso relado nos faz refletir sobre o que os autores, Kleiman e Brtio,
disseram em seus textos; ler é muito mais do que apenas decodificar um
amontoado de palavras e fazer sua própria compreensão, mas acima disso, é
relacionar seu conteúdo com o conteúdo já existente em nossa mente. Por fim,
concluo que ao me arriscar em uma leitura não recomendada para uma menina de 12
anos sem background suficiente para compreendê-la pude refletir sobre como
levar minhas leituras a partir daquele momento em diante.
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