terça-feira, 28 de junho de 2016

Aluno 100
1 Versão


“A ativação do conhecimento prévio é, então, essencial à compreensão, pois é o conhecimento que o leitor tem sobre o assunto que lhe permite fazer as inferências necessárias para relacionar diferentes partes discretas do texto num todo coerente” (KLEIMAN – 1995, pg. 25).
“O conhecimento linguístico, o conhecimento textual, o conhecimento de mundo devem ser ativados durante a leitura para poder chegar ao momento da compreensão, momento esse que passa despercebido, em que as partes discretas se juntam para fazer um significado” (KLEIMAN – 1995, pg. 26).
“A Leitura do mundo implicaria, portanto, o reconhecimento e a percepção da vida-vivida, desde as experiências subjetivas mais íntimas até as relações histórico-sociais mais complexas: a consciência delas e seu reconhecimento seriam condição fundamental para que a aprendizagem formal fosse instrumento de maior participação e de transformação da ordem social injusta. Em termos claros, só faz sentido aprender a leitura do texto se for para ampliar as formas de ser e de perceber o mundo” (BRITO – 2012, pg. 24).
“No que tange à pedagogia da leitura, interessa especialmente observar que interpretar não é ler (ainda que faça parte da leitura), da mesma forma que uma leitura é diferente de uma escuta de falas do dia a dia” (BRITO – 2012, pg. 27).
Tendo em consideração o ponto de vista dos autores Kleiman e Brito, podemos perceber que leitura não é uma tarefa que todos temos a capacitação conosco, pelo contrário, adquirimos eficiência na leitura conforme aprendemos como funciona tal processo. Destarte, não há possibilidade de termos uma leitura clara se, apesar de nossos esforços, temos dificuldades de compreensão causados por nosso conhecimento precário de mundo. Com isso em mente, entenderemos que, conforme crescemos intelectualmente em nossas leituras, criamos um repertório maior de discernimento de mundo.
Para exemplificar os argumentos, trago uma situação que talvez seja comum entre jovens leitores, ávidos por querer saber mais do que realmente sabendo. Portanto, ao pegar Iracema, deparei-me com tal vocabulário inusitado, que mesmo com muitos esforços, não consegui terminar uma leitura de 100 páginas em uma tarde, como costumava fazê-lo. Temos que ter ciência de que eu, aos 12 anos de idade, achei que poderia arriscar-me em uma leitura mais clássica, para fugir da literatura infanto-juvenil, da qual já estava farta. Desse modo, com um conhecimento de mundo muito modesto e não tendo nem mera noção de linguística ou de como compreender um texto em que havia de ser necessário saber mais sobre a história que se passava naquele tempo e, além disso, das entrelinhas que se emaranham dentro dela. Assim sendo, passei, pelo menos, duas semanas indo e voltando nas páginas deste livro, com um dicionário ao lado e lendo mais as notas de rodapé do que qualquer outra coisa. Por conseguinte, aproveitei pouquíssimo da leitura – ou absolutamente nada – e, apesar disso, depois de muito esforço, terminei as 100 páginas orgulhosa, não porque havia entendido tudo e acrescido algo para minha formação, mas sim porque havia conseguido terminar um livro que é um clássico da literatura (e, na verdade, eu odiei a história – o que eu entendi dela, claro). Tudo isso relado nos faz refletir sobre o que os autores, Kleiman e Brtio, disseram em seus textos; ler é muito mais do que apenas decodificar um amontoado de palavras e fazer sua própria compreensão, mas acima disso, é relacionar seu conteúdo com o conteúdo já existente em nossa mente. Por fim, concluo que ao me arriscar em uma leitura não recomendada para uma menina de 12 anos sem background suficiente para compreendê-la pude refletir sobre como levar minhas leituras a partir daquele momento em diante.

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