terça-feira, 21 de junho de 2016

Aluno 109
Reescrita


Estranho como recebemos do Japão entretenimentos peculiares. Lembro dos desenhos animados de baixo orçamento que passavam na televisão quando era pequeno, haviam os saiyajins que salvavam o mundo com seus cabelos dourados; os treinadores que tentavam capturar os 150 pokémon e vencer o maior campeonato de “brigas de galo” do mundo. Eles sempre me divertiam e encantavam, com a sua criatividade para criar narrativas tão diferentes e inovadoras, que não encontrava em outras mídias.
Anos mais tarde recebi do Japão, não de maneira tão direta e literal, um novo tipo de entretenimento “barato”, um mangá. Foi a minha primeira história em quadrinhos, a primeira experiência de leitura de algo que não fosse um livro.
Estava andando na rua quando passei na frente de uma banca de jornais e reparei na capa daquele tomo, uma capa um tanto suspeita. O desenho da capa estava num fundo preto, uma menina de cabelos azuis sentada em cima de uma cabeça gigante, haviam também alguns detalhes em roxo e vermelho. Tomei a decisão pouco pensada de comprar aquilo. Lá se foram R$ 10,90. Me apressei para chegar em casa, e assim que o fiz, me sentei na cama e tirei o plástico que o protegia. Comecei a leitura.
Havia um tutorial na primeira página, na realidade a última, para quem começassem a leitura pelo sentido contrário. De cima para baixo, da direita para esquerda, era assim que deveria ser feito a leitura daqueles quadrinhos.
Era o volume quatro daquela estória. Os quadrinhos tinham uma disposição diferente da comum, os desenhos transmitiam uma sensação cinematográfica à estória, mesmo limitados a um conjunto de cores entre preto e branco. Havia um protagonista de cabelo cinza, criaturas maléficas que recebiam ordens de um conde, uma substância chamada Innocence, que servia para lutar contra esses monstros, Arca de Noé, uma organização fundada pela igreja católica, um amontoado de informações num compilado de 200 páginas.
Foi uma experiência rápida e muito divertida. Consegui entender e me apegar a estória e seus personagens, apesar de pegar o “trem andando”. Retomei um sentimento que havia tido há alguns anos com aqueles desenhos japoneses. Encontrei uma nova forma de narrativa que conseguia me cativar, que trazia coisas diferentes de maneira inusitada. Percebi que sempre poderia contar com o Japão para me entreter.

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