Aluno 109
Reescrita
Estranho como recebemos do Japão
entretenimentos peculiares. Lembro dos desenhos animados de baixo orçamento que
passavam na televisão quando era pequeno, haviam os saiyajins que
salvavam o mundo com seus cabelos dourados; os treinadores que tentavam
capturar os 150 pokémon e vencer o maior campeonato de “brigas de galo”
do mundo. Eles sempre me divertiam e encantavam, com a sua criatividade para
criar narrativas tão diferentes e inovadoras, que não encontrava em outras
mídias.
Anos mais tarde recebi do Japão, não de
maneira tão direta e literal, um novo tipo de entretenimento “barato”, um mangá.
Foi a minha primeira história em quadrinhos, a primeira experiência de
leitura de algo que não fosse um livro.
Estava andando na rua quando passei na
frente de uma banca de jornais e reparei na capa daquele tomo, uma capa um
tanto suspeita. O desenho da capa estava num fundo preto, uma menina de cabelos
azuis sentada em cima de uma cabeça gigante, haviam também alguns detalhes em
roxo e vermelho. Tomei a decisão pouco pensada de comprar aquilo. Lá se foram
R$ 10,90. Me apressei para chegar em casa, e assim que o fiz, me sentei na cama
e tirei o plástico que o protegia. Comecei a leitura.
Havia um tutorial na primeira página, na
realidade a última, para quem começassem a leitura pelo sentido contrário. De
cima para baixo, da direita para esquerda, era assim que deveria ser feito a
leitura daqueles quadrinhos.
Era o volume quatro daquela estória. Os
quadrinhos tinham uma disposição diferente da comum, os desenhos transmitiam
uma sensação cinematográfica à estória, mesmo limitados a um conjunto de cores
entre preto e branco. Havia um protagonista de cabelo cinza, criaturas
maléficas que recebiam ordens de um conde, uma substância chamada Innocence,
que servia para lutar contra esses monstros, Arca de Noé, uma organização
fundada pela igreja católica, um amontoado de informações num compilado de 200
páginas.
Foi uma experiência rápida e muito
divertida. Consegui entender e me apegar a estória e seus personagens, apesar
de pegar o “trem andando”. Retomei um sentimento que havia tido há alguns anos
com aqueles desenhos japoneses. Encontrei uma nova forma de narrativa que
conseguia me cativar, que trazia coisas diferentes de maneira inusitada.
Percebi que sempre poderia contar com o Japão para me entreter.
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