Aluno 101
1 Versão
101 sempre foi
o nome preferido da minha mãe. E desde aquela época ela já sabia que não
haveria nada nem ninguém que a faria mudar de ideia. Posso dizer que isso tenho
de diferente dela. Sou tão indecisa que passei por Arquitetura, Gastronomia,
Artes Visuais e Jornalismo antes de chegar na conclusão de prestar vestibular
para Letras. Mas preciso deixar bem
claro que, analisando de uma forma geral, todos os cursos têm uma coisa em
comum: a possibilidade de se expressar. A construção de prédios, a inovação de
paladares, confecção de sua arte ou escrita de artigos são exemplos de que
todos esses cursos tê, uma intercalação, um objetivo final que os une. E é esse
objetivo que eu buscava. E foi esse objetivo que eu encontrei iniciando meus
estudos na Letras.
Entrar para a faculdade não era meu
ideal de futuro até dois anos atrás. Para falar a verdade, às vezes nem acredito que estou na UFRGS. A
Universidade parecia algo distante, abstrato para mim, já que venho de uma
família onde ninguém tem ensino superior completo. A entrada foi pura alegria
e, nas poucas aulas que tive, já me sinto parte do meio universitário.
O engraçado é que a ideia do medo ou
da vergonha, por entrar sozinha, sem conhecer ninguém, nem passou por mim. Os
veteranos do curso tiveram uma parte importantíssima nessa minha entrada para
deixar tudo mais leve e tranquilo. O clima acolhedor da Letras não era algo que
eu esperava, mas certamente foi tudo o que eu precisava. Sinto sim, certas
dificuldades de me abrir, me expressar (vide minhas três horas parando e
voltando para escrever apenas um texto de apresentação) e prefiro ficar quieta,
deixando os outros falarem para, depois, pensar se preciso dar minha opinião.
Isso normalmente gera silêncios constrangedores que são piores do que seria se
eu falasse alguma coisa. Mas estamos sempre evoluindo e aprendendo, não é
mesmo?
Ainda incerta sobre o futuro e uma
profissão, digo a todos que me perguntam: não sei ao certo se lecionar me fará
completa. Passei para Licenciatura mais pelas opções no futuro do que pela
possibilidade de ser professora. Porém não a descarto. Sei que tenho facilidade
de ensinar aos outros meus conhecimentos e gosto – me sinto satisfeita – de ver
alguém entendendo algo que expliquei. Entretanto, como a boa indecisa que sou,
acredito que opinião não é sinônimo de imutável e sei que tenho milhares de
altos e baixos para percorrer nessa caminhada chamada graduação.
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