terça-feira, 21 de junho de 2016

Aluno 101
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101 sempre foi o nome preferido da minha mãe. E desde aquela época ela já sabia que não haveria nada nem ninguém que a faria mudar de ideia. Posso dizer que isso tenho de diferente dela. Sou tão indecisa que passei por Arquitetura, Gastronomia, Artes Visuais e Jornalismo antes de chegar na conclusão de prestar vestibular para  Letras. Mas preciso deixar bem claro que, analisando de uma forma geral, todos os cursos têm uma coisa em comum: a possibilidade de se expressar. A construção de prédios, a inovação de paladares, confecção de sua arte ou escrita de artigos são exemplos de que todos esses cursos tê, uma intercalação, um objetivo final que os une. E é esse objetivo que eu buscava. E foi esse objetivo que eu encontrei iniciando meus estudos na Letras.
            Entrar para a faculdade não era meu ideal de futuro até dois anos atrás. Para falar a verdade,  às vezes nem acredito que estou na UFRGS. A Universidade parecia algo distante, abstrato para mim, já que venho de uma família onde ninguém tem ensino superior completo. A entrada foi pura alegria e, nas poucas aulas que tive, já me sinto parte do meio universitário.
            O engraçado é que a ideia do medo ou da vergonha, por entrar sozinha, sem conhecer ninguém, nem passou por mim. Os veteranos do curso tiveram uma parte importantíssima nessa minha entrada para deixar tudo mais leve e tranquilo. O clima acolhedor da Letras não era algo que eu esperava, mas certamente foi tudo o que eu precisava. Sinto sim, certas dificuldades de me abrir, me expressar (vide minhas três horas parando e voltando para escrever apenas um texto de apresentação) e prefiro ficar quieta, deixando os outros falarem para, depois, pensar se preciso dar minha opinião. Isso normalmente gera silêncios constrangedores que são piores do que seria se eu falasse alguma coisa. Mas estamos sempre evoluindo e aprendendo, não é mesmo?
            Ainda incerta sobre o futuro e uma profissão, digo a todos que me perguntam: não sei ao certo se lecionar me fará completa. Passei para Licenciatura mais pelas opções no futuro do que pela possibilidade de ser professora. Porém não a descarto. Sei que tenho facilidade de ensinar aos outros meus conhecimentos e gosto – me sinto satisfeita – de ver alguém entendendo algo que expliquei. Entretanto, como a boa indecisa que sou, acredito que opinião não é sinônimo de imutável e sei que tenho milhares de altos e baixos para percorrer nessa caminhada chamada graduação.

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