Aluno 68
Reescrita
Relações
humanas são complicadas. Cruzamos com muitas pessoas ao longo da vida, e é impossível
agradar a todo mundo, assim como também é impossível se agradar com todos.
Brigar, discutir, se afastar, romper, são todos movimentos naturais e saudáveis
nos relacionamentos humanos. O problema surge quando alguém em particular nos
machuca tanto, e tão profundamente que parece impossível tirá-lo de lá. Uma
pessoa que se gruda em nossos sonhos, pensamentos, que permanece como um
fantasma nos assombrando, seja pela presença insistente nos círculos sociais,
seja pela invasão psicológica. Ás vezes o trauma e as feridas causados por
alguém são tão duros que parece que nunca mais conseguiremos escapar sozinhos
dessa opressão. Nesses casos a magia pode ajudar.
Esse
é um feitiço de nível intermediário, e para realizá-lo você deve ter um altar
(qualquer lugar reservado e que esteja acima do chão), algumas velas, papel e
caneta, água, um pote (pode ser de plástico) e bastante tempo disponível. Num
momento tranquilo do dia, de preferência numa terça-feira ou sábado, você deve
se recolher e se colocar diante do altar. Primeiro deve abrir um círculo para
purificar o espaço do trabalho, que pode ser mental, traçado no ar, ou riscado
no chão com uma pemba (uma espécie de giz branco que se compra em lojas
esotéricas). Em seguida deve se saudar as principais energias cósmicas
acendendo duas velas, uma que represente a força feminina, outra a masculina, e
com deferência colocar a testa no chão diante delas. A seguir é a vez de saudar
sua divindade pessoal, seja diante de uma vela, estátua, foto, ou qualquer
objeto que traga seu aspecto, do mesmo modo coloca-se a testa no chão, em sinal
de absoluta reverência.
Você
também deve pedir a energia e proteção de todos os elementos da natureza,
relacionados aos espíritos regentes de cada ponto cardeal: ao norte a Terra,
Leste o Ar, Oeste a Água, Sul o Fogo. É muito importante seguir essas etapas
que antecedem o feitiço para não correr o risco de se prejudicar
energeticamente durante o processo. Contar com a proteção de sua divindade
pessoal e dos elementos da natureza é essencial para evitar transtornos.
Devemos ter muito cuidado e respeito ao lidar com forças ocultas.
A
próxima etapa está relacionada ao seu estado de espírito. Para poder realizar o
feitiço sua mente precisa estar num ponto que chamamos de “alfa”, que é quando
ela está muito atenta e tranquila, quase que num transe gnóstico. Meditação,
contagens cíclicas entre, zero, sete e catorze, masturbação ou ouvir músicas
lisérgicas podem ser meios de se entrar em alfa (alguns magos também se
utilizam de substâncias alucinógenas, mas é importante ter consciência e
conhecimento sobre o assunto). Uma vez atingindo alfa podemos seguir finalmente
para a primeira etapa do feitiço.
Agora
você vai precisar da folha de ofício e caneta. Nesse momento deve-se focar a
pessoa em questão, com muita franqueza, sem omitir nenhum sentimento. Toda
raiva, desconforto, tristeza, angústia, todas as sensações que a pessoa causa
devem vir à tona por alguns instantes. Quando você sentir que está no auge da
raiva, no pico do desespero, deve pegar a folha de papel e deixar fluir sobre
ela qualquer coisa que sintetize essas sensações. Desenhos, frases, palavras
soltas, símbolos desconexos, não se preocupe com a estética, a intenção é
retirar do seu inconsciente, no meio do transe em alfa, a síntese dessa memória
nociva.
Respire
fundo 7 vezes para sair de alfa. Pegue a folha que você riscou e, sem olhar
muito para o que escreveu (é importante deixar os inscritos sem sentido nenhum
na sua mente consciente) a queime num lugar seguro. Livre-se das cinzas.
Talvez
você precise descansar por 24 horas, talvez precise de 7 dias, ou talvez já
esteja pronto para a última etapa. É natural que haja um pouco de fraqueza,
existe o risco de adoecer por uns dias. Queimar esse papel significa cortar
definitivamente os laços, e isso pode ser brusco demais conforme o tempo que
possuem. Respeite o seu tempo. Importante ressaltar que se você precisar de uma
pausa, encerre seu círculo com muita gratidão, e jamais apague as velas assoprando, é tido como ofensa aos
elementais que regem o sul.
Na
última etapa também se usa papel e caneta. Basicamente você irá repetir todos
os procedimentos da primeira etapa: abrir o círculo, saudar as divindades,
invocar os regentes dos elementos (se a pausa foi necessária), colocar-se em
alfa e transcrever as sensações no papel. Espera-se que nessa etapa o pico de
desespero seja menos opressivo, pois parte já foi dissolvida com o fogo no
“cortar dos laços”. Essa parte consiste em congelar a influência que essa
pessoa pode continuar tendo. Além de transcrever as sensações durante o transe,
deve-se escrever o nome da pessoa no papel. Por fim dobre-o, agradeça aos
espíritos que o assistiram, honre as divindades (não se esqueça de sempre
colocar a testa no chão), feche o círculo e apague as velas. Em seguida coloque
o papel em algum recipiente com água e depois coloque no freezer.
Esse
feitiço funciona de maneira inconsciente, por isso é importante se permitir
“esquecer” o papel. Com o tempo você acabará por esquecer a pessoa, ela sumirá
dos seus sonhos, pensamentos e, quando se der por conta, a existência dela terá
deixado de ser importante na sua vida, independente dela ainda estar presente
ou não. Quando esse dia chegar, jogue o papel fora num rio, no mar, ou na
privada: não se esqueça de puxar a descarga.
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