Aluno 76
Reescrita
Até a cozinha são sempre os mesmos 15 passos. Matemática
matinal. Sonâmbulo, abro a torneira e encho a pequena chaleira d’água. Acendo o
fogo, alto. Foco: não pode ferver, senão depois queima. Tiro os grãos de um
pote que está na geladeira - vai exatamente uma colher de sopa, medida perfeita
para uma pessoa. Aperto três vezes o botão do moedor. Caneca na mesa, coador
sobre ela. O filtro de papel dobrado nas extremidades com precisão recebe o pó.
Acompanho, gota por gota, a água ganhar a cor escura. O líquido preto, subindo,
até a borda. O primeiro gole. O segundo. O terceiro. Até não restar mais nada.
Vazio. A equação mais um dia se repete, sempre com o mesmo resultado - há
quantos anos mesmo? Clique: agora, sim, acordado. Recebo uma avalanche de
pensamentos. Tempo presente. Por onde começar? Outra vez moer, coar, filtrar. O
dia já está rolando. É café. É passado. Não é expresso.
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