terça-feira, 18 de julho de 2017

Manual de Como (não) Trocar um Pneu

Aluno 166
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Era Setembro de 2015 e eu estava terminando minhas aulas para tirar a primeira habilitação, para ser mais exata era véspera da minha prova prática. Como a boa ansiosa que sou revisava avidamente tudo o que havia aprendido durante minhas aulas de condução – coloca o cinto, liga o carro, vira primeira marcha pra ele não apagar, dá seta pra sair da vaga, segurar o volante com as duas mãos, hein! E mais uma lista de detalhes importantes que fazem toda diferença na hora da avaliação. Logo os pensamentos começaram a tomar outro rumo e passei a divagar sobre os possíveis erros que eu poderia cometer e que me fariam rodar: “E se o carro apagar em uma lomba, eu esquecer onde fica o freio e ele voltar pra trás?” “Será que gafes são de fator genético?! Dizem sou parecida com minha tia no jeito atrapalhado de ser e se, como ela, eu atropelar um gari? Tá que não foi bem um atropelamento! Numa tentativa desesperada de desviar de um cachorro ela passou muito perto do cordão e carregou a vassoura do pobre trabalhador que estava ali apenas fazendo seu trabalho. Fico imaginando a cara do homem. Mas nisso ela ficou conhecida na família como o ‘terror dos garis’”. No meio desse devaneio acabei pegando no sono.
Na manhã seguinte dirigi-me para o local da minha prova, fui direto encontrar meu instrutor, o Rafael, e partimos rumo ao que viriam a ser as horas mais tensas daquele dia. Entramos no carro, afivelei o cinto, coloquei a chave na ignição e dei a partida. Tudo corria muito bem quando, de repente, ouvimos um barulho estranho, assustada, olhei para Rafael e ele com toda a tranquilidade do mundo me olhou e disse: “Acho que furou o pneu. Encosta e desce do carro que eu vou te ensinar a trocar.”.
Estacionei e Rafael, prontamente, desembarcou. Ele já se encontrava ao lado do pneu e checava os possíveis estragos. “Pega o estepe, o macaco, a chave de roda no porta-malas e vem. É fácil identificar, são as únicas coisas que tu vai encontrar lá.” Ele me disse. Deixei a chave virada, acionei o botão que abria o porta malas e, depois de um breve momento de hesitação, desci e fui buscar as ferramentas. O tal do macaco parecia mais um instrumento de tortura medieval, mas ok. Não pensei muito, peguei as ferramentas, fechei o porta-malas e fui para o lado do meu instrutor.
“Encaixa o macaco aqui nessa parte.” Enquanto falava ele me indicou o local, na parte de metal ao lado do pneu, onde eu deveria encaixar a ferramenta. “Pega a chave e afrouxa as porcas, mas só afrouxa.” Olhei pra ele confusa com essa instrução. “Isso é uma troca de pneus ou estamos lidando com uma mini fazenda?” perguntei. Ele riu. “Não, as porcas são os parafusos.” E seguiu com o ensinamento: “Agora, aciona a lavanca do macaco pra erguer um pouco o carro, termina de retirar as porcas e vamos substituir os pneus.” Conforme Rafael instruía, ia ajudando a fazer trocar, sempre me deixando com a maior parte, quando eu não tinha dificuldade, para que eu pudesse aprender. “Aí agora recoloca as porcas, aperta, desce o macaco até a roda encostar no chão e tá feita a troca.”
Fiz tudo conforme o instruído. E depois de guardar as ferramentas no porta-malas, voltamos para o carro a fim de finalizar a prova. Novamente, ao entrar no carro, afivelei o cinto – Primeira regra de segurança, hein! – a chave já se encontrava na ignição então, dei a partida. Tentei uma, duas, três vezes... mas o carro não ligava de jeito nenhum. Acontece que quando desci para aprender a fazer a bendita troca de pneu, esqueci a chave virada e o painel ficou todo ligado, isso acarretou por dar um fim na bateria do coitado do carro.
Não deixei o carro apagar na lomba, lembrei onde o ficava o freio, não atropelei nenhum gari, porém “matei” o carro. Estava nervosa. De todos os pensamentos os quais eu havia tido na noite anterior que podiam me rodar na prova prática, nunca imaginei seria uma chave esquecida na ignição que faria isso. Por sorte, e uma falha técnica, não rodei, mas aprendi uma lição: em caso de necessidade de troca de pneus não deixe o carro, nem parcialmente, ligado!

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