Aluno 73
1 Versão
A mesa é o que une a família italiana. Não a mesa como
objeto, é claro, mas como símbolo de refeição. Nos conquistam pelo estômago.
Eu, sendo descendente de italianos do interior do Rio Grande do Sul por todos
os lados da família, não poderia ser diferente. No entanto, não me agradava a
ideia de apenas ser conquistada, eu também queria conquistar.
Eu
tinha 11 anos. Era aniversário da minha avó, comemoraríamos no domingo, e foi
aí que eu vi a oportunidade perfeita para mostrar meu talento culinário.
Combinei com ela que eu faria o bolo no domingo pela manhã, e ela me ajudaria o
mínimo possível. No dia, eu estava tão empolgada que andava saltitando. Como eu
estava aprendendo, demoramos muito mais que o usual para fazer a massa, e
quando as pessoas começaram a chegar, colocamos no forno. Minha avó estava
distraída entre cumprimentos e conversas, e eu imaginei que seria uma boa ideia
dar uma olhada no bolo, para ver como estava ficando. Tentei ligar a luz do
forno, não consegui, e então o abri para enxergar melhor. Foi aí que o bolo
murchou. Não quis contar nada pra ninguém na hora, mas quando deu o tempo para
ele ficar pronto, foi inevitável saber que não tinha dado certo, fiquei tão
chateada que chorei. Naquele dia, não conquistei ninguém.
Mas
disso, tirei uma lição: não se deve abrir o forno pra ver o bolo, a não ser que
acredite que ele está realmente pronto. Pode até ser que hoje meus bolos sejam
ruins, mas nunca mais murcharam.
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