quinta-feira, 9 de junho de 2016

Apresentação

Aluno 73
Reescrita


Ao longo dos meus quase 17 anos, a pergunta quem eu sou foi recorrente nos meus pensamentos. Foram vezes suficientes para perceber que eu não sei me definir, talvez porque eu seja inteira uma contradição. Eu posso ser calma e controlada ou fiasquenta e barraqueira, posso ser um doce ou muito grossa, e nada tem a ver com o que aconteceu durante a minha semana ou com a minha tpm: depende de qual Júlia eu acordei no dia.
            Aos 12 anos entrei em um curso de inglês em que a matéria do nível básico incluía o que chamavam de preferências. A professora, tendo que testar meu vocabulário, sempre pedia, sem paciência, para eu inventar, porque a minha resposta para todas as perguntas era sempre depende do dia. A banda preferida, o que eu mais gostava de comer, o que gostava de fazer no tempo livre, o estilo musical favorito. Até hoje não faço ideia da resposta para essas perguntas. Durante a semana passada inteira escutei só Rihanna, desde ontem eu não suporto ouvir uma música dela. Isso também acontece com as pessoas com quem convivo: num dia eu amo, no outro odeio. Quem me conhece já se acostumou com meus sumiços, sabe que talvez eu passe meses sem manter contato porque não estou com paciência pro jeito daquela pessoa.
            Ainda não descobri se é porque gosto de tudo ou de nada: cada dia gosto de um sabor de sorvete porque acho que todos são bons ou porque não consigo decidir qual o menos pior. Provavelmente porque enjoo fácil das coisas, porque não tenho problemas com o desapego - e com o apego também: construo amizades tão fortes quanto as de uma vida em uma semana, mas também posso perder amizades de uma vida e não sentir a menor falta. Talvez não seja uma questão de contradição, mas de integração, de, fazendo inúmeras combinações com meus gostos, ser muitas em uma só. Se for assim, ainda bem que eu sou muitas, assim não corro o risco de enjoar de mim mesma.





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