Aluno 73
Reescrita
A mesa é o que une a família italiana. Desde que me
conheço por gente, a coisa mais importante na vida de alguém, segundo meus
parentes, é comer bem. Isso porque, mesmo morando no Brasil, a cultura italiana
permanece intensa na minha família, o que significa que a melhor característica
que alguém pode ter é ser um cozinheiro de mão cheia. Nos conquistam pelo estômago, e da mesma
forma, o valor que as pessoas te dão varia conforme a qualidade da comida
feita. A tia que cozinha melhor é sempre a primeira a ser chamada pra festa de
natal. Por isso, tentar conquistar minha família dessa forma era importante
para mim.
Eu
tinha 11 anos. Era aniversário da minha avó, comemoraríamos no domingo, e foi
aí que eu vi a oportunidade perfeita para mostrar meu talento culinário.
Combinei com ela que eu faria o bolo no domingo pela manhã, e ela me ajudaria o
mínimo possível. No dia, eu estava extremamente empolgada. Andava saltitando
pela casa de ansiedade e excitação. Como eu estava aprendendo, demoramos muito
mais que o usual para fazer a massa, e quando as pessoas começaram a chegar,
colocamos no forno. Minha avó estava distraída entre cumprimentos e conversas,
e eu imaginei que seria uma boa ideia dar uma olhada no bolo, para ver como
estava ficando. Tentei ligar a luz do forno uma, duas vezes e não consegui,
estava queimada. Então decidi que o abriria, afinal, não conseguia ver nada e
queria saber se tinha dado certo ou não. Foi aí que o bolo murchou. Na hora,
sem reação, me recusei a contar para alguém - o que não fez diferença, já tinha
estragado tudo. Naquele dia, não conquistei ninguém.
Hoje,
sei que não se deve abrir o forno pra ver o bolo, a não ser que acredite que
ele está realmente pronto. Pode até ser que eu realmente não tenha herdado o
dom culinário da família e meus bolos não sejam tão bons, mas ao menos nunca
mais murcharam.
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