quinta-feira, 9 de junho de 2016

Acontecimento que levou a um aprendizado

Aluno 73
Reescrita


A mesa é o que une a família italiana. Desde que me conheço por gente, a coisa mais importante na vida de alguém, segundo meus parentes, é comer bem. Isso porque, mesmo morando no Brasil, a cultura italiana permanece intensa na minha família, o que significa que a melhor característica que alguém pode ter é ser um cozinheiro de mão cheia.  Nos conquistam pelo estômago, e da mesma forma, o valor que as pessoas te dão varia conforme a qualidade da comida feita. A tia que cozinha melhor é sempre a primeira a ser chamada pra festa de natal. Por isso, tentar conquistar minha família dessa forma era importante para mim.
            Eu tinha 11 anos. Era aniversário da minha avó, comemoraríamos no domingo, e foi aí que eu vi a oportunidade perfeita para mostrar meu talento culinário. Combinei com ela que eu faria o bolo no domingo pela manhã, e ela me ajudaria o mínimo possível. No dia, eu estava extremamente empolgada. Andava saltitando pela casa de ansiedade e excitação. Como eu estava aprendendo, demoramos muito mais que o usual para fazer a massa, e quando as pessoas começaram a chegar, colocamos no forno. Minha avó estava distraída entre cumprimentos e conversas, e eu imaginei que seria uma boa ideia dar uma olhada no bolo, para ver como estava ficando. Tentei ligar a luz do forno uma, duas vezes e não consegui, estava queimada. Então decidi que o abriria, afinal, não conseguia ver nada e queria saber se tinha dado certo ou não. Foi aí que o bolo murchou. Na hora, sem reação, me recusei a contar para alguém - o que não fez diferença, já tinha estragado tudo. Naquele dia, não conquistei ninguém.
            Hoje, sei que não se deve abrir o forno pra ver o bolo, a não ser que acredite que ele está realmente pronto. Pode até ser que eu realmente não tenha herdado o dom culinário da família e meus bolos não sejam tão bons, mas ao menos nunca mais murcharam.





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