terça-feira, 21 de junho de 2016

Caos

Aluno 98
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É difícil dar os primeiros passos, as pessoas te observam dos pés a cabeça e pensam que algo poderia melhorar, segundo seus olhares. A menina, identificada como “a escolhida”, também está lá, e como um típico ser ambulante e pensativo – um lindo ser, inclusive -, arremessa expressões como as de quem está analisando, formulando uma crítica, e isto será levado como uma verdade para ela, aniquilando quaisquer oportunidades de poder trocar palavras com o sexo oposto. A dúvida implantou-se, e de mim ela não sai. A vida passa, meu caro, o seu questionamento está aumentando, e isso é incontrolável, mais dúvidas surgirão – muito mais complexas, a propósito -, e as respostas jamais serão absolutas, outras serão mais precisas, algumas descartadas, e as demais não serão respondidas.
  No futuro, alguns segundos depois, como estará eu? As experiências cotidianas podem mudar minha maneira de ver o mundo. Dentro de um instante de tempo, nada pode mudar, assim como tudo pode ser modificado: os convívios, as falas, os movimentos, as decisões, os lugares... Enquanto isso, ao meu redor, existem pessoas, e elas ainda me olham. O primeiro passo, não consegui instaura-lo. O caminho é do ponto A ao ponto B, mas a dispersão me acompanha me dando sugestões: um pássaro a voar pelo céu, dois carros com donos furiosos, três adolescentes que não sabem onde é tal bairro, e assim vai, até onde os números se encontram, cumprimentam-se e dão adeus um ao outro, continuando a procurar mais ocasiões. 
  A garota se aproxima, senta ao meu lado e, de repente, estamos no vácuo. Somente nós dois, sozinhos, na escuridão, com apenas um holofote sobre nós. Ela enxerga o suposto mundo real, eu enxergo a ausência de cor e seu jeito de comportar-se em um ambiente de aquisição de novos pensamentos e conhecimentos – minha fala não convencional não ajudará em nada, jamais. Um lápis sem ponta, devido à necessidade, significa que devemos apontá-lo, para prosseguirmos, seguirmos adiante com nossas atividades. Possuo um apontador, ela um lápis quebrado, de A mais B, agora, eu entendo, e é assim que deve ser executada tal tarefa: a palavra dela se dirige a mim, eu a olho, ela faz a pergunta, eu a respondo positivamente, o objeto de madeira é apontado, ela diz obrigada – de nada -, as raspinhas ficam comigo, um totem que representa todo o instante vivido por nós, encerrando aquele momento com neutralidade, como se tudo fosse trivial, normal, regular. As vozes se calam, os olhares se fecham, os pássaros dormem, os motoristas vão embora, os jovens estão no lugar certo, a empatia se instala em mim, junto da insegurança, inferioridade, negatividade e uma avalanche de dúvidas e questionamentos. Caos, você de novo por aqui?

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