Aluno 98
1 Versão
É difícil dar os primeiros
passos, as pessoas te observam dos pés a cabeça e pensam que algo poderia
melhorar, segundo seus olhares. A menina, identificada como “a escolhida”,
também está lá, e como um típico ser ambulante e pensativo – um lindo ser,
inclusive -, arremessa expressões como as de quem está analisando, formulando
uma crítica, e isto será levado como uma verdade para ela, aniquilando
quaisquer oportunidades de poder trocar palavras com o sexo oposto. A dúvida
implantou-se, e de mim ela não sai. A vida passa, meu caro, o seu
questionamento está aumentando, e isso é incontrolável, mais dúvidas surgirão –
muito mais complexas, a propósito -, e as respostas jamais serão absolutas,
outras serão mais precisas, algumas descartadas, e as demais não serão
respondidas.
No futuro, alguns segundos depois, como estará eu? As experiências
cotidianas podem mudar minha maneira de ver o mundo. Dentro de um instante de
tempo, nada pode mudar, assim como tudo pode ser modificado: os convívios, as
falas, os movimentos, as decisões, os lugares... Enquanto isso, ao meu redor,
existem pessoas, e elas ainda me olham. O primeiro passo, não consegui
instaura-lo. O caminho é do ponto A ao ponto B, mas a dispersão me acompanha me
dando sugestões: um pássaro a voar pelo céu, dois carros com donos furiosos,
três adolescentes que não sabem onde é tal bairro, e assim vai, até onde os
números se encontram, cumprimentam-se e dão adeus um ao outro, continuando a
procurar mais ocasiões.
A garota se aproxima, senta ao meu lado e, de repente, estamos no vácuo.
Somente nós dois, sozinhos, na escuridão, com apenas um holofote sobre nós. Ela
enxerga o suposto mundo real, eu enxergo a ausência de cor e seu jeito de
comportar-se em um ambiente de aquisição de novos pensamentos e conhecimentos –
minha fala não convencional não ajudará em nada, jamais. Um lápis sem ponta,
devido à necessidade, significa que devemos apontá-lo, para prosseguirmos,
seguirmos adiante com nossas atividades. Possuo um apontador, ela um lápis
quebrado, de A mais B, agora, eu entendo, e é assim que deve ser executada tal
tarefa: a palavra dela se dirige a mim, eu a olho, ela faz a pergunta, eu a respondo
positivamente, o objeto de madeira é apontado, ela diz obrigada – de nada -, as
raspinhas ficam comigo, um totem que representa todo o instante vivido por nós,
encerrando aquele momento com neutralidade, como se tudo fosse trivial, normal,
regular. As vozes se calam, os olhares se fecham, os pássaros dormem, os
motoristas vão embora, os jovens estão no lugar certo, a empatia se instala em
mim, junto da insegurança, inferioridade, negatividade e uma avalanche de
dúvidas e questionamentos. Caos, você de novo por aqui?
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