segunda-feira, 20 de junho de 2016

Como comer uma trufa recheada no ônibus D43

Aluno 81
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Todas as terças feiras ao sair do vale me deparo com uma mulher vendendo trufas na saída do campus do vale, trufas deliciosas, com diversos recheios e de um tamanho perfeito. Como estou indo para uma aula cansativa e preciso de um estimulo opto por comprar uma com um delicioso recheio de chocolate branco. Subo no ônibus D43, que vai em direção à aula do centro. A sensação térmica é de quarenta graus, a trufa rapidamente começa a derreter e percebo que não será fácil devorá-la em público.
            No momento de abrir a embalagem a sujeira já se inicia, aquele papel transparente já está completamente molhado do que está derretendo. Tiro somente a parte necessária para poder dar uma primeira mordida. A embalagem serve de proteção, apesar de estar mimetizada com o doce. Começo pela parte inferior, que possui uma espécie de tampa para a trufa que tem um formato oval. Essa tampa, por ter certa irregularidade, já provoca desconforto ao encostar no nariz e consequentemente sujá-lo. A vendedora dá apenas um guardanapo na hora da compra e vejo que ele não será suficiente para toda a sujeira que está por vir. Estou empolgada, após passar pelo desafio de comer a tampa chega a redenção, o recheio delicioso faz com que me esqueça completamente da sujeira. O ônibus arranca e pouco mais de três minutos depois eu começo a dar pulos gigantes de acordo com o balançar do veiculo. Me sinto em uma montanha russa, toda vez que levo a trufa até a boca o ônibus me boicota e faz com que a trufa seja espalhada em meu rosto. Tento comer o chocolate pelas bordas, o recheio transborda e começa a escorrer. Preciso ser rápida, tenho que comer o recheio que escorre ou desistir da trufa. Persisto em minha tentativa de comê-la e ao chegar no último pedaço o recheio e o chocolate da cobertura da trufa já se tornaram uma coisa só sob o resto da embalagem fina e transparente.
            Ao terminá-la tento limpar da melhor maneira possível meu rosto com o papel desdobrando-o e utilizando toda a sua superfície de maneira mais econômica possível.  Ainda tenho o desafio de segurar a embalagem com os restos mortais do doce até achar uma lixeira.


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